Capítulo 3

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Leigh Anne olhou Kara no espelho e tocou o cabelo prateado nas têmporas. "Nada mal para uma mulher de setenta e três anos", ela sussurrou para seu reflexo e continuou, "e ter uma filha aos dezoito e uma neta aos trinta e nove." Ela olhou para o relógio sobre a lareira. Eram precisamente 7h15. Ela tomou um gole de martíni e balançou a cabeça. "Criança idiota. Se ela me ligar com alguma desculpa idiota..." Quando a campainha tocou, ela gritou: "Está aberto".

Kara entrou com uma carranca profunda. "Você tem que trancar a porta, Vovó. Minha nossa."

"Moro em um bairro bom. Além disso, tenho uma pistola." Ela riu e notou que sua neta não se juntou a ela. Kara entrou na sala e se jogou no sofá. "Qual é o problema?" ela perguntou. "Você fez algo errado, não é?"

"Não, eu não fiz nada de errado." Kara olhou para o martíni. "Você fez o suficiente para uma segunda pessoa?"

"Fiz o suficiente para quatro", disse ela. "E pela sua aparência, você precisa de todo o martíni."

Kara caminhou até o bar e serviu o martíni na taça, acrescentando várias azeitonas. Leigh Anne não disse nada enquanto observava sua neta sentar-se novamente no sofá. Kara tomou um longo gole e soltou um suspiro profundo.

"Acho que vamos ficar para o jantar," Leigh Anne disse calmamente. "Você não parece estar com disposição para o Charlie Trotter's." Ela tirou os sapatos. "Venha comigo." Ela pegou o copo e começou a descer o corredor. "Traga a garrafa ", ela disse por cima do ombro.

"Você não precisa fazer o jantar, Vovó." Kara obedientemente seguiu pelo corredor com a coqueteleira na mão.

"Eu não vou. Você vai." Leigh Anne sentou-se à mesa da cozinha. "Mary acabou de fazer compras. A geladeira está abastecida. Veja." Ela ergueu a taça e tomou um gole.

"Vovó, eu não cozinho."

"Ainda não? Como diabos você vai conseguir alguém se não sabe ferver água? Sente-se." Ela observou Kara enquanto ela se sentava na mesa da cozinha, tomando seu martíni. Leigh Anne enfiou a cabeça na geladeira. "O que você quer?"

"Que tal um grande bife?"

"Algo leve e italiano. Agora me diga o que há de errado." Leigh Anne soou sarcástica.

Kara gemeu enquanto Leigh Anne juntava os ingredientes para uma salada de antepasto "Recebi uma ligação de John."

"Eu percebi isso, por quê?" Ela colocou as carnes e as azeitonas a mesa, junto com o queijo e os tomates. "Corte o queijo."

"Muito engraçada," Kara murmurou e pegou a faca oferecida. "Parece que meu passado está voltando para me assombrar."

"Como assim?" Leigh Anne perguntou. "Não me diga que você engravidou alguém." Ela sorriu docemente e piscou os cílios.

Kara olhou para ela. "Podemos cortar as piadas dos Irmãos Marx por um minuto? Parece que uma ex-namorada minha faleceu."

"Ah, querida. Sinto muito." Leigh Anne se virou e colocou o azeite na mesa junto com o pão estaladiço.

"Tudo bem. Não vejo Julie há cinco anos. Nós, bem, nós não estávamos em um bons termos. Ela queria filhos."

"E você não queria?" sua avó perguntou. "Pensei que você gostasse de crianças."

"Eu gosto. É que Julie não estava preparada para lidar com a responsabilidade. E na época, nem eu. Portanto, foi um problema para ela. Eu não poderia trazer uma criança a este mundo nas condições em que Julie e eu nos encontravamos."

Leigh Anne arrumou o prato e regou o óleo. "Quais eram?"

Kara tomou outro gole de martíni e contemplou a pergunta. Leigh Anne esperou enquanto ela cortava o pão grosso.

KARLENA - A Family As A GiftOnde histórias criam vida. Descubra agora