história de como eu descobri que pessoas como eu não vivem muito

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ATENÇÃO! essa história contém homofobia explícita. se você que esse é um tópico sensível para você, por favor não leia ou leia com cuidado. sua saúde é mais importante!

eu sou fã pra caralho do freddie mercury, mas não tenho certeza da ordem dos fatos (se o anúncio do divórcio dele com a mary foi antes ou depois do produtor explanar o caso deles), então me perdoem se alguma informação aqui está errada.

eu sou fã pra caralho do freddie mercury, mas não tenho certeza da ordem dos fatos (se o anúncio do divórcio dele com a mary foi antes ou depois do produtor explanar o caso deles), então me perdoem se alguma informação aqui está errada

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um tempo depois, eu tinha conseguido finalmente me aceitar.

aceitar que eu sou um garoto, e que eu gosto de outro garoto.

não foi fácil, porque eu não conhecia outras pessoas como eu. não é como se ligássemos a tv e conseguíssemos ver casais entre dois homens ou duas mulheres.

simplesmente não tinha naquela época.

mas eu consegui aceitar isso porque eu entendi que eu não conseguia mudar isso.

tem um dia que ficou muito marcado na minha memória como algo ruim e como algo bom ao mesmo tempo.

eu estava arrumando meu quarto enquanto ouvia o rádio quando ouvi a voz do apresentador falar que iriam falar sobre uma notícia nova e importante sobre o freddie mercury.

eu sempre fui um grande fã do queen, então eu parei tudo que estava fazendo e aumentei a rádio, ouvindo atentamente.

eu esperava que fossem anunciar que o freddie mercury tinha falado sobre um novo álbum do queen, mas não. começaram a falar que ele estava tendo um caso.

por um momento, eu fiquei confuso, porque, até onde eu sabia, ele tinha se divorciado da mary austin recentemente. mas então o apresentador começou a contar que um antigo produtor do mercury expôs que eles tiveram um caso juntos.

e então eu fiquei... feliz? aliviado?

eu não sei, mas eu comecei a chorar.

porque eu não estava sozinho. o maior ídolo da minha vida era como eu.

não tinha nada de errado comigo.

e não tinha nada de errado com o freddie mercury.

e não tinha nada de errado com outros garotos que gostavam de garotos, ou garotas que gostavam de garotas.

exceto que não.

eu continuei ouvindo a rádio porque logo em seguida colocaram uma música do queen para tocar. mas não estava nem no refrão quando meu pai entrou no meu quarto furioso, e quando reparou o que eu estava ouvindo, jogou meu rádio na parede.

- o que você tá fazendo?

- hansol, eu não te quero ouvindo esse viado na minha casa nunca mais, ouviu? nunca mais! eu quero tudo isso aí no lixo ou eu mesmo jogo fogo nessa merda. - ele estava apontando para a minha coleção.

- óbvio que não! eu quem comprei!

eu não sei de onde eu tirei coragem pra responder ele. já discutimos várias, vezes e eu nunca abri minha boca, mas por algum motivo esse tópico me deixou muito irritado.

e eu não sei se era porque ele estava falando assim do meu ídolo, ou se era porque ele estava falando assim de mim.

quer dizer, eu também gosto de um garoto. nesse sentido, eu e o mercury erámos iguais, então tudo que ele estava falando sobre o mercury se aplicava a mim, não?

ele falar que se tivesse a chance, bateria no mercury até ele virar homem significa que ele me bateria até eu virar homem se ele soubesse, né?

eu não sei, mas a discussão chegou em um ponto em que eu estava mais chateado do que bravo, e foi quando ele decidiu falar do seungkwan que isso mudou.

- quer saber, hansol? eu não te quero mais andando com o boo. vocês andam muito grudados e ele vai te transformar em um viado também, e filho meu é homem de verdade.

e foi ai que eu fiquei verdadeiramente irritado.

quando a discussão finalmente acabou foi quando minha mãe chegou e separou a gente.

ele saiu de casa com ela e eu deixei de ficar irritado para ficar desesperado.

eu morreria se continuasse naquela casa.

mas eu não sabia o que fazer.

primeiro, eu fui até a casa do seokmin deixar minha coleção lá.

depois, eu só conseguia pensar no seungkwan, então eu fui até a casa dele e finalmente chorei.

mas eu não falei que era porque eu estava com medo. eu falei que era por o que meu pai falou do meu ídolo, e eu acho que até hoje o kwan acha que era por isso que eu estava tão mal.

o kwan cuidou dos machucados que meu pai fez em mim, e depois ficamos deitados na cama dele, olhando para o teto.

- eu quero morrer, kwan.

- do que você tá falando, idiota? se você morrer eu também morro.

essa foi a história de como eu descobri que pessoas como eu não vivem muito.

a outra história; verkwanOnde histórias criam vida. Descubra agora