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NARRADOR ON

Depois da breve conversa dos dois, foi perceptível a forma que Tubbo se sentira mais a vontade em interagir com os dois. Naquele mesmo dia Pac chegou antes do suposto, e o loiro foi logo animado lhe contar sobre seu dia com Fit. Naquele dia, também, decidiram entrar em contato com uma velha amiga e excelente profissional, Baghera. Tinha ajudado Cellbit e Roier com a adoção de Iron Mouse, algo muito mais complexo visto que a garota já era uma jovem adulta, apostaram que a adoção de Tubbo iria ser visivelmente mais fácil porém as notícias que Baghera deu não foram boas.
Querendo ou não o pequeno havia fugido de casa, não tinha sido abandonado, provar, sem nada além da palavra da criança, a situação preocupante que o garoto vivia em casa seria difícil e perigoso. Mas decidiram arriscar mesmo assim. O careca por sua vez estava nervoso quando decidiram levar o caso à frente.
A semana foi conturbada, e assim que os responsáveis — Que Pac se recusava a tratar por pais — do garoto descobriram seu paradeiro exigiram a guarda de volta e conseguiram com uma grande facilidade. Eram ricos, bem falados na elite e a palavra de Tubbo contra dinheiro não era nada. Pac mal conseguiu entrar em casa para contar a notícia para o mais novo. Tinham o deixado com Cellbit por algumas horas e quando adentraram o apartamento ele estava sentadinho, balançando as pernas — como de costume —, assistia gravity falls e assim que viu os adultos correu saltitante para os braços de Fit que engoliu o choro automaticamente.

— Tubbo, temos que conversar — Pac se abaixou pra ficar na altura do pequeno que o encarou confuso

— eu fiz alguma coisa Tio Pac? — tombou a cabeça para o lado de uma forma fofa que fez com que os olhos do moreno se enchessem de lágrimas

— não, você não fez nada meu amor...mas — engoliu o nó que se formava em sua garganta, e agarrou as pequenas mãozinhas do baixinho — nós fomos para a polícia, para adotar você e você ser nosso pra sempre — um sorriso radiante se formou no rosto de Tubbo, mas Pac não sorriu, o que o preocupou — mas seus papais te queriam de volta, e só o seu depoimento não foi suficiente...— o loiro se moveu desconfortável

— Mas vocês conseguiram convencer eles não foi? — o olhar curioso se alternou entre os dois adultos, mas o silêncio o assustou de uma forma indesejada — conseguiram certo? — repetiu a pergunta ouvindo Pac murmurar um; "eu não consigo fazer isso" antes de se levantar e se afastar da cena, foi a vez então, de Fit se agachar em frente ao garoto assustado e temeroso e sorrir, como se aquilo desfizesse toda a dor que viria pela frente

— Não conseguimos Tubbo...nós tentamos, tentamos mesmo mas eles não deixaram você ficar com a gente...os seus pais eles...— olhou para porta dando um breve suspiro — eles estão lá fora! — o garotinho estremeceu, as lágrimas automaticamente surgiram banhando todas as sardas que se assemelhavam a estrelas e se espalhavam com facilidade pelas bochechas coradas do mais novo

    Fit se odiou, Pac se culpou e confirmou que definitivamente era o pior pai do mundo, Tubbo berrou em plenos pulmões, berrou por empatia, por pena, por algum milagre daquela porra de Deus — se é que ele existia —, amaldiçoou a justiça, relembrou a dor e implorou de joelhos para que Fit o salvasse tal e o qual fez na primeira vez que se encontraram, mas o careca mal se movia enquanto abraçava o pequeno corpo com força.
    Foi aí que o mal adentrou, tomando lugar naquele céu tão bonito. Homens fardados de azul que prometiam justiça, retirando de uma criança a primeira forma de amor que havia sentido na vida. O loiro se debatia nos braços do policial, enquanto assistia Pac soluçar sendo consolado pelo seu primeiro e único tio favorito, os dois assistiam também, a vida deles ser retirada dos seus braços de maneira tão cruel e injusta. Uma semana foi o suficiente para que os três virassem uma família imperfeita, porém completa e era injusto acabar com ela assim.

— EU QUERO O TIO FIT — berrava em plenos pulmões — TIO PAC POR FAVOR — estendia as mãos tateando a dor, os polícias nem se esforçavam em conforta-lo, riam da situação como servos do diabo — Eu não quero voltar pra lá — todos seus pedidos foram em vão. Estava feito.

    Depois de uma caminhada dolorosa, depois de tantos gritos sem resultado, a força de Tubbo esvaiu-se em uma névoa de desesperança, e ele enxergou então, seu futuro eu, seu pai que nunca permitiu que ele lhe chamasse assim. O teatro falso e raso que fizeram quando viram o garoto novamente foi o suficiente para que a polícia sentisse que seu trabalho estava feito, mas assim que adentraram o carro as lágrimas rapidamente desapareceram dos olhos do casal. Aquela aura pesada adentrou o local e ficou para nunca mais sair.

   Tubbo estava sozinho agora. Não teria como fugir dessa vez.

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