Prólogo

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Narrador pov

Um homem de aparência pálida e cansada estava parado em uma esquina movimentada no centro da cidade, conhecida por todos como deprimente, em sua cabeça rondava todas as memórias de sua vida, e cada memória possuía o mais diverso pesar, pesares esses que o levaram a cometer seu próximo ato.
Ele então olhou para o semáforo que conduzia o tráfego do local e se pôs caminhar somente quando teve a certeza que o objeto de sinalização autorizou a ultrapassagem dos automóveis, que apenas esperavam seu momento de travessia, algo trágico e doloroso, mas uma soluço rápida para anos de espera, seu fim era certo, e talvez fosse se não houvesse a intromissão de um senhor que estava ao seu lado, o velho desconhecido soube apenas ao olhar, a intenção do indivíduo ao atravessar a rua naquele instante, e com um empurrão conseguiu tirar ambos da rota do carro que passava a alta velocidade, á centímetros dos dois.
-"Meu rapaz o que pensa que está fazendo? Não sabes que por aqui aqueles que comentem suicídio são multados?" Responde o senhor se levantando.
O rapaz ainda atordoado com o que acabou de acontecer olhou para o mais velho, pode reconhecer sua idade apenas contando as rugas que tinham em seu rosto, não sabia o porque do senhor ter salvo sua vida, mas sem conseguir se responder acabou por verbalizar em voz alta seu pensamento:
-" como uma multa me afetaria? se já não estaria mais aqui, Não precisaria me preocupar com essas trivialidades no mundo dos mortos" continuou a falar e acompanhar com os olhos o senhor que aos poucos colocava-se  a caminhar vagarosamente, como se esperasse que o homem o seguisse.
-"e seus parentes e família? A multa passaria para eles, eles teriam que carregar o fardo do que você faria" respondeu o senhor de forma simples, reparando aos poucos que o homem fazia o que desejava.
-"sei de um lugar que está disposto a te ajudar da forma que tanto quer, eles são especialistas nesses assuntos e conseguem de forma prática acabar com o seu sofrimento, e o melhor! Sem multas, e sem confusões com a mulher de manto negro ".
O homem que a pouco se lamentava, não conseguiu entender  o que o mais velho quis dizer com tudo aquilo, ele não o tentara salvar a pouco? Como essa família poderia lhe ajudar de maneira tão eficaz assim? Ja havia passado por diversos profissionais e nada lhe adiantara, e com as pequenas dúvidas em mente o desconhecido apenas caminhou lado a lado do velho, observando as ruas, sempre cinzas e sem graça da cidade, e até as pequenas coisas que possuíam cor pareciam insignificantes perto do ambiente opaco ao seu redor, quanto mais andava mas sentia o ar rarefeito e pesado, e mais escuro o ambiente parecia ser, enfim pode enxergar a iluminação de uma loja, as lâmpadas amarelas das luzes que normalmente passam um sentimento dê calidez, trouxeram ao homem apenas uma estranheza, os dois pararam do outro lado da rua e assim o rapaz pode observar o letreiro da loja " Le Magasin des suicides" um nome peculiar, talvez francês? Pensou o homem.
-"pode entrar, tenho certeza que  será bem atendido com a usual melancolia dos Addams, e sairá com o que deseja". Disse o mais velho de forma explicativa, interrompendo os demais pensamentos que o homem sequer pudera ter, o velho então se afastou e seguiu seu caminho, como se tudo aquilo que tivera feito fosse comum no seu cotidiano.
Com a intenção de terminar o que começou mais cedo, o ser cansado e com olheiras se pôs a atravessar a rua,  ao chegar mais perto pode reparar na vitrine da loja, havia uma guilhotina com uma pequena frase escrita a letras cursivas em um papel logo abaixo dela : "o mais novo lançamento, somente para aqueles que desejam perder a cabeça", ao ler a frase o rapaz até poderia rir, mas o sentimento cômico que nasceu no fundo de seu peito estava tão fundo e foi tão passageiro que   uma risada não se fez necessária, colocando a mão na maçaneta de madeira antiga e girando a mesma pode sentir um pequeno calafrio na espinha, quando um pequeno vulto fez alguns fios de cabelos de sua cabeça balançar e seu coração acelerar escutou uma voz melodiosa e profunda quase gritar:
"Pugsley o que pensa que esta fazendo? Querendo dar um fim ao nosso cliente antes mesmo de saber do que ele precisa?" O homem seguiu a voz e pode enxergar uma mulher alta, esguia, de vestes pretas e cabelo tão escuro quanto o tecido que a mesma trajava, linda, apesar da estranheza, também seguiu o olhar da mulher e encontrou um pequeno jovem, 12 ou 13 anos se fosse chutar a idade, cabelo bem escovado e com um suspensório que parecia combinar perfeitamente com o menino, mas o que mais chamava atenção era a enorme besta que o jovem segurava em sua mão, no mesmo instante pode ver o jovem escondendo o item para trás de suas costas, e apesar dos poucos segundos o homem pode raciocinar que o que acabara de passar rapidamente perto de sua face, uma flecha!!
"Boa tarde meu senhor, precisa de alguma ajuda?" Tornou a falar a mulher.
"Boa tarde me chamo Ângelo, Ângelo Mcquirt e bom.... não sei bem como pedir isso, mas....gostaria de acabar com minha vida, e um senhor disse que poderiam me ajudar com isso." O homem sem encarar muito os olhos da mulher disse quase tão para dentro que se não fosse o ambiente silencioso sua voz não seria ouvida nem de perto.
"Eu diria que esses casos são nossas especialidades, Pugsley chame sua irmã para que possamos encontrar a melhor maneira desse cliente sair satisfeito." O menino que ainda escondia a enorme besta saiu andando de costas, provavelmente ainda tentando esconder o objeto em mãos.
"Bom me chamo Mortícia, não sei se já foi informado, mas a morte não é algo tão fácil de se conseguir, ao menos, não de maneira em que não haja consequências, mesmo para aqueles que anseiam morrer, existem regras a seguir." Novamente esse assunto que o homem custava a entender.
"Para ser sincero não entendo como haveria consequências após a morte, porque tenho que seguir regras?"
"Entenda, todos os seres tem a sua devida hora para morrer, adiantar o trabalho da morte apenas a enfurece, para que isso não ocorra, os meios de suicídios variam com a quantia de tempo que você ainda tem de vida, por exemplo.... Alguns venenos são indolores e te matam quando estão dormindo, mas eles são entregues somente para aqueles que possuem poucos dias de vida, para pessoas que possuem alguns meses, enforcamento basta" a voz da Mortícia falava tudo tão tranquilamente que a nova informação sequer surpreendeu o homem.
  No seguinte instante que a mulher terminou sua fala, o jovem de antes atravessou a porta juntamente com uma garota atrás dele, os arrepios que sentiu ao entrar na loja não chegaram nem  perto do que sentiu ao olhar para os olhos negros e opacos da menina que acompanhava o pequeno rapaz, a vestimenta totalmente negra contrastava com o seu tom de pele, tão branco quanto aqueles que estão a sete palmos a baixo da terra, sem o encarar nos olhos a menina se pronunciou:
" precisa de minha ajuda Madre?"
"Sim sim viborazinha, temos um novo cliente, e precisamos que nos diga quantos dias ele ainda tem" a menina novamente sem olhar nos olhos do homem, se aproximou de sua mãe, pegando do bolso do sobre-tudo que estava usando, um punhal, entregando na mão da mesma, a mulher segurou o objeto em mãos e se virou calmamente para o homem.
"Poderia me emprestar sua mão?" Disse estendendo a sua própria mão. O homem então estendeu sua mão, que foi pega pela mulher, e com apenas um movimento pode sentir o ardor na mesma ao ver o punhal ser passado na palma de sua mão, um pouco de sangue começou a sair, e fechando sua mão em um impulso pode perceber o olhar atento do ser mórbido que entrou pela porta a pouco, assim que o último pingo de sangue caiu, a menina virou as costas e caminhou em direção a porta com passos que pareciam ser contados, se sequer cortar o silêncio do ambiente.
"Ele ainda tem 5 meses de vida" e assim como entrou, saiu, sem avisar, ou sequer se apresentar.
"Agora que sabemos quantos meses você ainda tem, podemos ver a melhor forma de terminar o trabalho" disse Mortícia indo em direção a uma parede com diversos carretéis, com as mais variadas cores, tamanhos e espessura de cordas.
"Acho que uma corda de tamanho médio seria suficiente, e um nó de correr seria perfeito" passava a mão pelos carretéis parecendo se enterter com suas falas e pensamentos, mesmo que seu rosto não indicasse isso. Após alguns instantes Finalmente pareceu escolher algo.
"Aqui pegue, está corda na cor verde combina com você, tenho certeza que a morte não decepcionará com seu ato" disse entregando cerca de 3 metros de corda ao homem, que já cansado do dia, não possuía mais nenhuma reação, apenas entregou a mulher algumas notas e retirou seu relógio, herança da família, entregando-o também, e com a mesma voz fraca de antes apenas resmungou um:
"Obrigada pela ajuda" e seguiu rumo a entrada da loja, que no momento o servia como saída, e caminhou pelas ruas da forma mais vagarosa que podia.
  Mortícia caminhou para o caixa e guardou as notas que o homem a entregou, reparando no relógio ainda funcional, que parecia ter sido produzido a algumas décadas, pegou então seu caderno de registros anotando o nome do homem que acabou de sair, podendo carimbar "concluded" logo ao lado.
"Feioso não se esqueça de avisar a Wednesday que amanhã teremos um longo dia, temos que ir comprar alguns itens para auxiliar as visões dela, e veremos como serão nossos novos vizinhos" comentou com a visão ainda focada em seu livro, passando as longas unhas no nome do mais novo cliente satisfeito.

 

Obs: Bem.....essa é minha primeira tentativa de criar um história, e como podem ver ela é baseada na animação "A pequena loja de suicídios", então se tiverem interesse em conhecer um pouco mais da fic fora dos capítulo recomendo a vocês a animação, pretendo pegar apenas a premissa do filme, então não se surpreendam com as diversas mudanças feitas, se gostaram ou tiverem dúvidas podem comentar, prometo voltar o quanto antes :)

A Pequena loja de suicídiosOnde histórias criam vida. Descubra agora