Melodía de um canário

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  Sem saber que além da paisagem com carne de um gênero desigual tinha uma força inigualável,

uma alma perdurava a solidão transcendente espinosa sem vida,

que busca refúgio em suas palavras vazias.

Recitando uma poesia que transcendia um doloroso amor,

uma vida sem esperança de ser reverenciada como um Deus,

por suas conquistas e temida por seu ouro,

sem esperança de encontrar sua Juliet para seu Romeu

e sem esperança de ser livre novamente.

Como me tornei prisioneira desse amor?

Como me tornei prisioneira desse sistema disfuncional de um sistema corrupto.

Prisioneira desse governo,

onde a classe trabalhadora vive em uma ilusão de ter as riquezas dos Deuses.

Com palavras que alimentava uma paixão, avarenta agarrada ao desejo de ter

aquela luxúria de um ser divino, de ser comparada a um ser mitológico reverenciado pelos Gregos.

Eu fui interrompida pelo som de um canto lírico, uma melodia de um canário.

Minhas palavras são inúteis para descrever esse ser em minha presença.

Minhas palavras nunca serão suficientes para descrever uma Afrodite desnuda

entre um véu de carmesim, entre o leito e paredes frias,

Eu sabia que a cada passo em minha direção, eu beijava a vida dentro de mim,

e beijaria novamente.

Por um momento, eu senti a fragrância de baunilha de seu perfume,

um cheiro adocicado de um leite materno.

Um aroma de uma infância em família, um agridoce de abelhas protegidas pela sua rainha de mel.
Um degrau, dois e assim só faltava mais um para chegar ao alcance dos meus

dedos tilintando com a presença das formigas vermelhas,

dançando sapateado no ritmo de uma valsa orquestrada pela alergia a sua picada.

Quando eu estava agoniada por seu toque incorporado de um macio algodão.

A desventura humana desequilibrou em meus pés coberto por uma calça de flanela vermelha,

desgastado pelo tempo. Um pobre pássaro desastrado.

Uma humana que ilude seus admiradores com a graça de um canário.


"Em tempos de ilusões, acreditar no Amor e Amar vendo ele na vida real, e a pior dor que existir, mas criar uma ilusão na vida real, caber você saber entre os lados que viver"

Fernando Pessoa.

Juliet Bernard Onde histórias criam vida. Descubra agora