Regret

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Sam caminhou de volta para o restaurante. Estava se sentindo um lixo, não sabia o que fazer. Deixou o homem nocauteado na rua escura e saiu andando com a voz de seu chefe na cabeça, dizendo que ela devia "iniciar" o processo e deixar a "natureza finalizar".

Respirou fundo até estar diante do prédio onde parou e chorou. Chorou até não poder mais e nesse meio tempo, Mon saiu do restaurante preocupada pela demora de Sam.

_Sam? -Tocou o ombro da atiradora e viu o estado em que ela estava. O terno estava amassado, os cabelos desgrenhados e por causa do esforço, sua roupa estava suja de sangue. _Meu Deus! O que aconteceu, meu amor?

Sam sentiu ainda mais quando ouviu "meu amor". Seu peito doeu tanto que pensou que estivesse tendo um ataque cardíaco, colocou a mão na altura do peito e olhou para Mon. De repente viu o que não conhecia: o puro amor. Lembrou-se de seus pais, do carinho deles, lembrou-se de seus avós que antes de morrer imploraram para que ela largasse aquela vida, que parasse de arrancar dos outros o que arrancaram dela.

E ela não deu ouvidos. Sua alma já estava corrompida há muito tempo, só que diante daquela mulher de olhos preocupados na sua frente, Sam estava desarmada, nua, sem defesas e mesmo sua alma coberta pelo rancor, pela raiva, ódio e tudo que havia de ruim no mundo, havia um feixe de luz minúsculo resplandecendo, sabia que se tratava de esperança.

_Vem comigo. -Mon a ajudou a se levantar, com custo, chamou um carro de aplicativo e foi até o hotel. Sentiu em seu coração que devia levar Sam até sua própria suíte e ao fazê-lo, viu um rapaz asiático na porta, ele ficou em pânico ao ver Sam sendo apoiada porque chorava muito.

_Sam! -O rapaz olhou para Mon. Não reconheceu a garota, mas pelo jeito, o feitiço havia caído sobre Sam. _Ei, eu estou aqui, Sam.

_Tenma. -Sam o olhou ao entrarem na suíte.

Ela estava com tanta dor emocional que mal podia respirar, tudo que conseguia fazer era chorar até não aguentar mais.

_E-E... Eu vi o mexicano. O apelido é Juanito. Filho do chefe dos las bestias. -Sam disse a Tenma. Filho de seu chefe.

Mon não estava entendendo, olhou para o rapaz coberto de tatuagens, algumas parecidas com as de Sam. Tentou pensar. Ela disse... las bestias?

_Ela não tem nada a ver com isso. -Sam olhou para Tenma. Ele tinha sacado um revólver com silenciador e o apontou para Mon, Sam imediatamente entrou na frente, colocando a testa na saída da bala. _Você vai ter que me matar primeiro. -Sam o olhou nos olhos.

Mon estava apavorada a essa altura, segurava-se no braço de Sam enquanto Tenma, com um sorriso, abaixava a arma.

_Então você está mesmo apaixonada. -Guardou o revólver. _Papai estava certo. Ele disse que notou um brilho diferente em você.

Mon estava tremendo da cabeça aos pés quando Sam a abraçou.

_Eu vou te contar tudo. -Sam sussurrou para ela. _Porque eu realmente não aguento mais viver assim.

Sam foi até onde guardou a maleta, seu corpo parecia feito de chumbo a cada passo que dava. Tenma conversava com Mon, a tranquilizando, dizendo que só fez aquilo para checar se Sam estava mesmo falando a verdade em relação aos seus sentimentos.

Ela nunca tinha entrado na frente de arma alguma por ninguém.

_Seu pai é um juiz, certo? Um dos tantos que irão participar da convenção. -Sam perguntou e Mon assentiu. _Mon, o meu trabalho, é matar um daqueles juízes.

Mon engoliu em seco, estava suando frio enquanto ouvia tudo.

_Vão me pagar o equivalente a quase meio bilhão de dólares só pela cabeça desse homem. -Sam olhava fundo nos olhos dela quando estendeu a foto.

Crime em E major | MONSAM Onde histórias criam vida. Descubra agora