Água, fogo e sangue

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— Essa luta foi épica! Tirando a parte que você me largou e se escondeu atrás do carro.

— De novo isso Alec, sério? Você já tá careca de saber que meu poder envolve desenhar e, desenhar leva tempo!

— E por quê você não desenha antes de lutar?

— Não tenho inspiração, e também, depende muito da ocasião. Se eu desenhar um Dragão e tiver que lutar no metrô? Ou se eu fizer um tanque e a luta for na praia? Entendeu?
— É, faz sentido.

Alec levanta do sofá e vai beber água, na verdade ele já tomou duas garrafas de água durante essa curta conversa com Marcos. Ele volta da cozinha pra sala e liga a TV mas ela está sem sinal.

— Você não pagou a TV de novo Marcos? (Alec fala olhando pra Marcos que está no notebook sentado na poltrona da frente.)

— Você bem que podia arrumar um emprego também, né?

— Eu tô deixando currículo mas ninguém chama. Ninguém quer um provador de comida mexicana.

— A vai tomar banho Alec, quem põe isso no currículo!?

Alec estica o braço e lança uma rajada de água em Marcos, que se levanta indignado e parte pra cima de Alec e os dois começam a brigar. Um puxa o cabelo do outro, derruba no chão,puxa o pé... e no fim quando estão todo emaranhados eles começam a rir do nada, assim como em todas as brigas. Eles se ajudam a levantar e Marcos vai tomar banho.

Enquanto Marcos tá no chuveiro, Alec entra no quarto dele pensando "sério que ele pegou a minha cueca de astronauta de novo! Deve estar aqui em algum lugar." Alec procura no guarda roupa, em cima e em baixo da cama até que a acha na cômoda dele em baixo de um livro. "Eu sabia, aquele idiota não tem limites mesmo." Quando Alec puxa a cueca o livro que estava em cima cai e uma folha solta dele. Alec recolhe o livro e olha a folha e fica curioso com o que tem nela:

"Poderes de absorver e multiplicar a água ingerida e, modificá-la na garganta para gerar um bafo de fogo. Cabelo ruivo Cabelo loiro."

— Esse é um texto sobre mim?...bafo de fogo...eu não solto fogo, ou será que solto? Hum..

Alec coloca o texto de volta no lugar e vai pro quarto bem na hora que Marcos sai do banheiro com a toalha amarrada na cintura cantando uma música que passava sempre na rádio. O dia passa e a noite chega e os dois estão jogando videogame quando o telefone de Marcos toca.

— Quem era no celular?

— Era uma empresa querendo ver meu trabalho. Eles querem desenvolver uma logo nova.

— Legal, então eu vou no mercado amanhã já que você vai sair.

— Ok, só vê se lembra de trazer o arroz certo dessa vez e não farinha de arroz. (Marcos diz e ri)

— Não sei não, eu não lembro nada de um ano atrás, acho que vamos ter que comer feijão puro de novo o mês todo. ( Alec diz e os dois riem) falando nisso, o que aconteceu comigo antes do acidente?

— à, você sabe nós éramos amigos na faculdade de artes.

— Tá mas e meus pais, você sabe quem são? E onde eu nasci? Eu não tenho nenhum parente aqui por perto? Eu já procurei na Internet mas não tem nada, nem apareço na foto da faculdade!

— Calma Alec, você tá me assustado, eu já te falei, você era bem reservado com respeito a sua família, e o dia da foto foi um dia depois do acidente, você estava no hospital.

— Você tem certeza que não tá escondendo nada de mim?

— Eu tenho o exame médico pra provar se você não acredita em mim. Cara, nós somos melhores amigos, eu nunca esconderia nada de você. Vem, vamos jantar.

Os dois se levantam do sofá e na hora o notebook de Marcos apita; era o alerta da polícia. O Dragão Azul Celeste estava fugindo depois de incendiar um prédio.

— Vamos atrás dele Marcos!

— O Dragão Azul Celeste é muito mas forte que nós cara, vamos ajudar no incêndio. Tem outros heróis em patrulha, eles podem cuidar do Dragão.

— Beleza, se você diz. Vamos nessa!
Os dois se trocam e vão em cima de um pássaro gigante que se desfaz perto do prédio em chamas.

— Tem duas famílias no terceiro andar e uma mulher no quinto! (Grita o policial para Marcos, o Sulfite, e Alec, o Escaldante.)

Sulfite desenha rápido um escudo e entra no prédio, enquanto Escaldante lança jatos de água pra diminuir o incêndio. Sulfite consegue tira uma família pelas escadas de bombeiros e, a outra família ele ajuda a passar pelo fogo com o escudo, também os deixando a salvo mas, quando Sulfite chega no quinto andar seu escudo não aguenta e explode em tinta na sua cara mas, ele continua porém o fogo aumenta e ele fica preso com a moça, Sulfite tenta desenhar algo mas o papel pega fogo antes que consiga terminar qualquer coisa. "Ele tá demorando demais!" Pensa Escaldante.

— Eu vou entrar! (Escaldante grita.)
Ele lança jatos de água contra o chão e sobe até a janela do quinto andar. Ele consegue chegar até a moça e Sulfite mas, madeiras caem do teto obstruindo o caminho. Alec pensa, pensa, pensa... até que a água começa a ferver em seu corpo e ele solta um bafo de fogo tão quente que incinera as madeiras do caminho dando pra eles chegarem na janela e saírem de lá.

Todos agradecem aos dois heróis que estão com seus uniformes sujos de tinta e de cinzas, e com algumas queimaduras leves no corpo, mas sorriem e abraçam as crianças. Depois os dois voltam para casa quase a meia noite.

— Lar doce lar, eu vou ter que tomar outro banho depois do meu escudo explodir na minha cara.

— Eu nem sabia que seus desenhos explodiam? Eles só não se desfazem?

— Se a qualidade for ruim, ou se eu retirar o poder, daí eles se desfazem. Eles explodem se não aguem a pressão, afinal eles são basicamente tinta, se eles se cortassem eles iam sangrar tinta, não sangue. Mas falando de você cara, o que foi aquilo? Desde quando você cospe fogo?! Foi irado!

— Eu sei lá, só senti a água ferver e...a água se modificou na minha garganta pra gerar um bafo de fogo.

— Entendi, sinistro cara. Vou tomar banho agora beleza?

Enquanto Marcos está no chuveiro, Alec vai até a pia da cozinha beber água e, fica pensando no que Marcos diz "iam sangrar tinta não sangue." Alec para, olha pra faca ali do lado e sai mas, sua curiosidade é muita então ele volta, pega a faca e pensa "é só um corte, se eu for... vai tá tudo explicado." Ele então corta a palma da mão e... sangra sangue, não tinta. Alec respira aliviado.
Marcos sai do banheiro e pergunta o que aconteceu com a mão de Alec, mas ele responde que se machucou no incêndio. Alec vai tomar banho e depois vai dormir intrigado, sobre todas as coisas que ele não consegue entender sobre si mesmo.

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