PROLOGO

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 Gostaria muito de escrever um prólogo borgiano, ou stephen kingiano. Juro que eu tentei, mas nessa minha tentativa o que saiu foi... advinha?! Isso mesmo... um poema. Que está perdido no meio deste livro; banal analogia comigo, que estou perdido no meio destas letras. Que bela contradição. O prólogo está no perdido. Já está soprando em mim um vento de poesia... é melhor eu parar por aqui e deixar que você se aventure nesse baú de espelhos. Que é meu; mas que também é seu a partir de agora.

O valor de um baú só se encontra quando, ele é aberto; venha e encontre nesse baú versos pequenos que são grande espelhos, e longos poemas que não passam de pequenos espelhos para vermos em locais especiais, em nós mesmos. Aqui você vai perceber que algumas palavras, imagens, figuras e números que se repetem. São fragmentos que me formam e que ecoam constantemente dentro de mim e para que eu não me autoconsumisse tive que abrir o baú da minha alma, para que esses seres, objetos vivos pudessem ver o lado de fora da sua morada.

O exercício da escrita exigi muito de quem o exerce. E não somente em disciplina, intelecto, técnica profissional, isso é apenas a ponto do iceberg. A base de tudo isso, a essência realmente, é a entrega da alma. Ser sincero e sentir a verdade do que se pensa nas palavras jogadas para fora. Pode-se ganhar dinheiro, fama, por meio de uma escrita puramente técnica, profissional, mas, as palavras são seres vivos, como sementes de frutas, como borboletas, vaga-lumes.. E também podem ser sementes de erva daninha, ou insetos peçonhentos, que te caçaram durante o dia e na calada da noite, impedindo o seu descanso, roubando seu sangue e passando doenças. Exerça a arte da escrita com prazer, leveza, mesmo que seja muito pesado o que está sendo escrito. Escreva com verdade, buscando sentir cada palavra, como ao mastigar seu alimento predileto. Mas para se escrever com prazer e verdade, é preciso ler muito, com os mesmos aspectos: prazer e verdade. Quem não ler, está fadado a não escrever. É uma lei universal. Universal não apenas na definição adjetiva do gênero contido no dicionario comum, mas, me refiro puramente e primordialmente ao sentido cósmico, metafísico até.

E para concluir este prólogo, depois de ser verdadeiro, te escrevo apenas isso: antes de ler, antes de escrever, viva. Viva muito, viva com prazer e com verdade. Meu desejo é que cada poema aqui depositado, nem que seja por meio de um verso, de uma palavra, um apenas, te desperte para sentir a vida. Que possa te ajudar a sair desta anestesia de alma. Sinta o vento da Poesia viva que sopra sem cessar ao teu redor, pedindo para entrar novamente na tua alma, como era quando criança. Venha brincar. E como em toda brincadeira infantil, é perigosa e arriscada, pode se machucar muito. Mas a coragem e desejo de viver é maior que o medo do perigo da dor. Mesmo machucado senti a dor, e não se deixa parar por ela. Inventa algo para passar o tempo, uma nova brincadeira, não importa, o que importa é viver com coragem. Isso é poesia, isso é a maior leitura da existência, isso é a mais sublima forma de escrever. Aproveite bem a vida, porque isso é dom de Deus.

Fagnane Rodrigues, Helena Maria, Osasco, São Paulo, Brasil. Escrito em 02/06/2023.

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