Both of us (Sonadow)

O sonho

Sonic

"Hm... Oi?" falei, escutando minha voz novamente. Estava em um lugar escuro, gélido e com eco. Claro que não pude deixar de falar novamente apenas para escutar minha própria voz. Ri, voltando minha atenção ao local.

Mais à frente, tinha um lugar iluminado, com paredes de ferro e vários aparelhos eletrônicos que eu desconhecia. Quando dei um passo para aquele local, percebi que o chão tinha um pouco de água. Incomodado, andei mais depressa até lá.

Chegando, analisei tudo. Era um lugar estranho e pesado, parecia ser um tipo de laboratório.

"AAAAAAAHRG!" me assustei, encolhendo-me e abaixando minhas orelhas com o grito repentino. Parecia ser um grito de raiva e dor.

"O-Olá!?" disse, procurando o dono do grito. "Tem alguém aqui?"

Escutava barulhos de correntes e chicotes. Segui o som; minhas orelhas me guiaram até um local não tão diferente de onde eu estava. A diferença era que havia um tubo esquisito ali, uma pequena área afastada dali, que era fechada e podia ser vista por um vidro, uma gaiola grande e mais ferramentas estranhas.

Olhei aquele lugar e vi a silhueta de alguém dentro da sala de vidro. Aproximei-me e vi que aquele alguém estava sendo preso e sustentado pelos braços, pulsos e pernas. Andei rapidamente ao ver aquilo, ficando ali, no vidro, sem saber como reagir ao que via.

Era um ouriço! Um ouriço igual a mim... Quer dizer, quase igual. Ele não era azul como eu; ele era preto e tinha listras vermelhas em seus espinhos, braços e pernas. O canto de seus olhos também tinha essa marca vermelha e, em seus pulsos e pés, havia argolas douradas. Ele tinha um corpo robusto, um pouco mais que o meu, e parecia ser um pouco mais alto também. Seus dentes caninos eram afiados e sua pele (pelo) era um pouco mais escura que a minha.

"O-Oi," disse, quase em um sussurro. "Você está be-"

Fui interrompido por uma corrente e um grunhido de dor vindo daquele ouriço. Uma corrente apareceu e chicoteou suas costas.

"NÃO!" gritei. Foi em vão, claro, já que de repente apareceram mais correntes e começaram a chicotear todo aquele ser: costas, barriga, pernas, rosto, cabeça, tudo! Aquilo me assustou. Ele sangrava e tinha todo seu corpo machucado, com feridas recentes, feridas de agora... E algumas outras que pareciam ter um pouco mais de tempo. "E-E-Ei! Fala alguma coisa! C-Como eu posso te tirar daí!?"

Ele não me respondia, apenas se segurava para não gritar, como se sua vida dependesse daquilo... Talvez dependa. Eu batia no vidro com força, sem saber o que fazer. Queria tirá-lo dali a todo custo. Ver aquela cena me deixou aterrorizado.

"POR FAVOR, D-DIGA ALGO!" gritei, batendo ainda mais forte na vidraça, mas infelizmente nada acontecia.

De repente, aquele ouriço foi solto, fazendo-o cair brutalmente no chão. Ele, por incrível que pareça, não estava desacordado, mas, com muita dificuldade, se levantou.

"Ainda de pé, hm?" escutei uma voz atrás de mim. Olhei, vendo um tipo de cientista se aproximar. Fiquei em alerta e dei um passo para trás, mas pelo que percebi, era em vão, já que eles não me viam. "Sua resistência tem aumentado bastante," ele disse, digitando alguns números e passando um cartão-chave na porta ao lado da vidraça. Ele e dois soldados entraram na sala.

Um dos soldados o eletrocutou, fazendo-o cair tremendo e inconsciente no chão frio daquele lugar. O outro soldado o pegou e o tirou daquela sala. Corri até o ouriço e tentei encostar nele, mas quando estava prestes a tocá-lo uma gosma preta e pegajosa me agarrou. Tentei sair de todos os jeitos possíveis, mas ela continuava a me puxar para baixo. A última coisa que consegui ver foi os soldados jogando o outro ouriço na gaiola como se ele fosse um saco de batatas e a trancando lá.