Capítulo 3

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Depois da primeira mentira, toda verdade vira dúvida.

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Esther não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar no que a deusa disse. "Por que os meus pais esconderam isso de mim?" Seus pensamentos eram cruéis com ela. "Será que eu tenho mesmo uma irmã?"

Depois de muito tempo, Esther finalmente caiu no sono.

                                                                                                (...)

- Bom dia, princesa!

Esther sentou na cama, olhando em volta do quarto. Quando ela olha para baixo, vê um cogumelo. Um cogumelo com pernas e braços.

- A majestade disse para a senhorita usar aquele vestido – o cogumelo aponta para a cadeira, onde tem um vestido azul claro dobrado – Ela está esperando lá embaixo.

- Okay...

O cogumelo sai, a deixando sozinha.

- Eu acabei de falar com um cogumelo... – disse para si mesma.

Desnorteada, ela decide colocar a roupa.

Esther veste um lindo vestido azul com mangas bufantes, aberto nos ombros. Ela deixou o espartilho em cima da cama e deixou o cabelo meio preso.

Ela desceu as escadas do castelo. O lugar era grande, mas não tanto. Ele era rústico, cheio de flores e plantas para a decoração.

Esther saiu do castelo, chegando em um jardim. Lá, ela encontrou Gaia sentada à uma mesa enorme, esperando por ela.

- Bom dia, querida! - ela disse com um sorriso gentil.

- Bom dia...

Esther sentou ao lado dela.

- Gostaria de alguns biscoitos? – ela empurra um prato para Esther – São de cenoura.

Esther sorri envergonhada, pegando um biscoito.

- Hum... muito bom! – ela diz, depois de comer um pedaço.

- É feito com as cenouras da nossa horta.

- Nossa?

- Eu divido com os animais.

Esther come mais um pouco.

- Precisamos conversar – disse Gaia.

- É... precisamos – Esther parou de comer e olhou para os lados – Cadê o Príncipe Allan?

- Está comendo em outro lugar – Gaia mordeu um biscoito – Pelo o que gostaria de começar?

Esther sabia exatamente por onde queria começar. Ela não sabia se era verdade, se a deusa estava enganada sobre ela. Mas decidiu perguntar mesmo assim.

- Por que fez meu parto?

A deusa suspirou.

- Há alguns anos atrás, o reino de Pullux se envolveu em uma guerra. Isso porquê descobriram a existência de bruxos.

- E eles eram do mal?

- Esther... – Gaia estava pensando em uma resposta – Eu criei todos os seres, até os humanos. Mas eu não controlo suas almas.

- O que está querendo dizer com isso?

- Não quer dizer que todas as pessoas são boas e não quer dizer que todos os bruxos são maus. Eu criei as bruxas e os bruxos para preservarem a natureza com seus dons. Eu tentei dizer isso ao seu pai mas ele não me escutou.

- Mas... por quê? Por que ele não escutou?

- O problema do mundo, querida Esther, é o egoísmo. As pessoas não ligam se algo faz mal às outras, desde que traga algum benefício para elas.

Esther ouviu com atenção.

- Mas e o parto?

- Seus pais tiveram que fugir do castelo pois ele estava sendo atacado. Se refugiaram na minha floresta e eu os ajudei.

- E quanto à minha irmã perdida?

- Eu não sei. Se você não sabe, então ninguém sabe o que houve com ela.

Esther ainda não conseguia acreditar na possibilidade de ter uma irmã. Ela cresceu sozinha, nunca teve amigos. Ela não queria acreditar, porque se fosse verdade, não saberia do que seria capaz. Seus pais esconderam isso dela por longos quinze anos. Ela não sabia nada sobre os bruxos e seus pais não gostavam de falar sobre a guerra. E toda vez que Esther tentava falar sobre, o seu pai a mandava ficar quieta.

A esperança é um sentimento cruel, porque se no final acontecer algo que você não queria que acontecesse, você se decepciona.

A decepção pode não matar, mas faz muito sentimento bom morrer

O Lado Obscuro Da Magia: A Espada De Frost - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora