Capítulo 8

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Às vezes, precisamos perdoar para dar paz à nós mesmos.

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Esther estava dormindo com a cabeça apoiada em sua capa, dobrada como travesseiro. O príncipe estava ao seu lado, ele foi o primeiro a acordar. Quando abriu os olhos e viu Esther, ficou parado admirando-a. Ela dormia como um anjo, nem parecia que estava deitada em um chão sujo de terra. O príncipe não resistiu, e colocou uma mecha de seu cabelo para longe de seu rosto. Ele a achava linda. Sua pele branca, suas bochechas coradas e lábios rosados. De repente, a princesa abre os olhos e sorri para ele, até se lembrar de que estava brava. Então vira para o lado de cara amarrada. Frustrado, o príncipe diz:

- Até quando você vai ficar assim?

Como não tinha recebido nenhuma resposta, ele foi ver seu rosto, e viu que ela voltou a dormir.

Allan levanta, indo até o dragão. Ele estava acordado, comendo um animal que acabara de matar.

- Está bom o lanchinho? - o príncipe sentou ao seu lado.

Quando engoliu, respondeu: 

- Estava uma delícia!

O dragão reparou que o príncipe não estava muito contente. Ele estava sério, sem brilho nos olhos. 

- Aconteceu alguma coisa?

Allan suspirou.

- É a Esther - ele fez uma leve pausa - Acha que ela vai me perdoar?

Winter estava pensativo. Não queria por esperanças no príncipe para ele se decepcionar depois. 

- Dê tempo a ela. Às vezes, a melhor coisa que se pode fazer é dar espaço à alguém.

                             (...)

Os três seguiram caminho. Parecia que Esther não estava com eles, pois estava muito quieta. Na verdade, todos estavam muito quietos, até Esther decidir parar.

- Esperem! – ela parecia preocupada – Não podemos continuar.

- Por que não? – perguntou Allan.

- Lembram do que a deusa do fogo disse?

Allan e Winter balançaram a cabeça.

Esther suspirou, sem paciência.

- Ninguém entra sem poderes.

- Ela só devia estar blefando – Allan não parecia se importar.

- E se não estiver? E se for verdade?

Os três se entreolhavam procurando por uma resposta, até que o dragão teve uma ideia.

- Vamos fazer o seguinte: Como eu sou um dragão, eu praticamente tenho magia dentro de mim. Eu serei o primeiro a entrar no reino.

- E nós dois? – pergunta Allan.

- Um de nós entra primeiro – diz Esther.

- O Allan pode ir primeiro – fala Winter.

- Por que eu tenho que ir primeiro? 

- Porque se você morrer eu não vou sentir sua falta.

O dragão continua andando e Esther vai junto segurando uma risada. Allan fica um tempo parado tentando processar o que o dragão disse. "Ele não sentiria minha falta?" eram seus pensamentos. "Ah, deixa para lá".

Eles finalmente chegaram a Tenebrit. O lugar tinha uma barreira invisível, assim como Pollux. Do outro lado, era praticamente a mesma floresta. Só sabiam que tinham chegado ao seu destino, pela estrela de folhas feita na frente da barreira. Como era mágica, as folhas não voavam. 

- Eu vou na frente - diz Winter.

Quando ele passa, nada acontece. Então, Allan avança e olha para Esther como se estivesse perguntando se ela tinha certeza. Em resposta, ela assente.

O príncipe encosta na barreira, e é jogado para longe. A princesa leva um susto e corre direto até o príncipe caído no chão. Ele está com a mão na nuca, parecia ter dor.

- Você está bem? – Esther estava aflita.

- Sim, eu estou bem – ele a olha – Não precisa se preocupar.

Ambos sorriem um para o outro.

Esther se levanta e olha para o dragão.

- Eu vou tentar - ela estava decidida.

- Não, Esther - o príncipe começa a se levantar.

Ela não escuta e, antes que Allan pudesse a impedir, ela corre atravessando a barreira. Ela sentiu uma coisa estranha quando entrou. Era como se estivesse atravessando uma parede. Se só quem tem poderes entra, por que ela conseguiu? Ela tinha muitas perguntas. Todos os três estavam completamente surpresos por ela ter conseguido passar.

- Você conseguiu – Winter estava impressionado.

- É... – a princesa estava atordoada – É, eu consegui.

Esther olha para o príncipe e grita:

- Fique aí até voltarmos!

E saem.

Esther e o dragão continuaram andando. A princesa percebia as olhadas que Winter lhe dava, como se quisesse perguntar alguma coisa, mas Esther provavelmente não saberia responder.

Quando Esther e o dragão estavam em Winterland, ela decidiu em pensamento ir para Tenebrit. Esther queria saber mais sobre as bruxas e queria saber se a sua suposta irmã estava ligada a elas.

Esther usava o colar que sua mãe lhe deu desde o dia em que o ganhou. Ela não tirava o colar para nada, pois lhe dava esperança. Esperança de que algum dia encontrasse respostas.

De repente, Esther ouve um barulho. Barulhos de aves, galhos quebrando e árvores balançando com o vento começaram a assusta-la.

O dragão se posicionou na frente da princesa para protege-la. Ela pega sua espada. Eles olham para todos os lados procurando alguma coisa, até que alguém aparece.

Uma garota branca de cabelos e olhos negros apareceu. Ela tinha algumas sardas pelo nariz e pelas bochechas e usava um vestido preto e branco. Era uma bruxa.

Esther não conseguia vê-la direito porque Winter estava tapando sua visão. A garota se aproximou de vagar e então disse:

- Desculpe, mas quem são vocês? – sua voz era suave, não tinha nada de maligno nela.

Esther saiu de trás do dragão e a viu. A garota parecia estar em choque, mas Esther não sabia o porquê.

- Eu me chamo Esther – ela disse – Esther Capell.

A garota se aproximou lentamente dela, parecia hesitar a cada passo. Esther começou a ficar assustada, seu corpo estava rígido. A garota se aproximou com os olhos cheios de lágrimas e lhe deu um abraço muito apertado. Esther não estava entendo a situação, então afastou a garota.

- Sinto muito mas... há alguma coisa de errado?

A garota limpou as lágrimas com as costas das mãos.

- Eu me chamo Hadria – sua voz estava trêmula – Hadria Capell.

O Lado Obscuro Da Magia: A Espada De Frost - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora