✨𝑺𝑻𝑨𝑹𝑺✨( SASUNARU)

23º: Talvez Uma Trégua?

Naruto puxou meu braço, com um sorriso fofo no lábios quando vi que sua intenção era me puxar para a água. Nunca imaginei que teria tanta coragem e facilidade para falar algo que escondia a sete chaves, e mesmo que seja um garoto que conheço há muito, muito pouco tempo, eu senti-me confortável para conversar com ele. 

Deixei para depois, empurrando de leve o garoto loiro e levando a sério a aposta que fizemos, correndo rápido sobre as pequenas pedras no chão semelhantes a brita, e logo ele me acompanha. No final, eu cheguei primeiro, feliz por ter vencido a aposta, com a barra da calça molhada até o tornozelo. Eu ria com ele, talvez pelo calor do momento, mas eu ria como eu nunca ri em dois anos.

Me sentia mais leve, porém ainda inseguro sobre minha ambição incomum, se ele pensar que sou apenas um mimado ingrato ou algo do tipo...? Mas, assim como no momento anterior, eu deixarei pra depois, aproveitando essa parte nova da personalidade de Naruto.

─ Eu venci, você me deve um desejo...! ─ Ele logo parou de rir, mas o sorriso rebelde permanecia enquanto tentava fazer uma careta desgostosa, como havia feito anteriormente.

─ Tudo bem. Pode escolher o que quiser, com uma pequena exceção: nada de coisas pervertidas ou nojentas, eu tenho uma dignidade a zelar! ─ Ele falou, com um tom superior e irritado, eu apenas ri de sua atitude.

─ Na-ah. Vou guardar para depois, talvez, esse pedido me beneficie bastante... ─ Digo, me inclinando para dobrar a barra da calça, e aproveitar para jogar um punhado de água nele, ele me olha indignado, e se prepara para jogar água em mim, mas eu lhe agarro pelos pulsos, e lhe provoco fisicamente com o olhar. ─... De qualquer forma, não planejava pedir nada pervertido... ─ Eu o encarava, vendo quão adorável era suas bochechas vermelhas, e vi ele fazer uma carranca envergonhada. Desde que descobri o pávio curto de Naruto, nunca deixei passar uma oportunidade de lhe provocar. Algo que com certeza aumenta meu ego, mas as vezes realmente me irrita, principalmente quando ele tem argumentos para rebater.

 Mas momentos como esse, onde ele baixa a guarda tão facilmente, é onde vejo sua falta de experiência e vulnerabilidade. Uma inocência tão engraçada que chega a ser icônica. Eu lhe solto lentamente, ainda vidrado nos seus olhos que pareciam um tom turquesa brilhante na luz da lua, e lhe deixei livre. Ele logo se afastou, e aproveitou minha distração para se vingar de mim, agora, chutando a água que espirrou em mim em abundância.

─ Otário! Hahaha! ─ Ele riu, e eu encarava desafiador, mas ainda sim não conseguia conter o sorriso. Ele ria alto, num tom melódico, que me alegrava. Mas, aos poucos seu riso foi cessando, e ele me encara, com os cantos dos olhos cheios de água, de tanto rir. Ele me encarou por alguns segundos, e, desconcertado, me sentia gradativamente mais nervoso.

Seu olhar era diferente; sempre me encarava com desgosto ou irritação até algumas horas. Mas agora, seu olhar era divertido, leve e brilhante. Desvio o olhar, olhando para o céu, que se assemelhava aos olhos dele, um azul escuro intenso, que me desconcertava bastante.

─ Obrigado... por compartinhar seus problemas comigo... Mesmo que eu deteste a ideia de ter que fingir namorar com você, me sinto lisonjeado por ter compartilhado essa parte da sua vida comigo... E não se preocupe, eu não irei contar a ninguém, nem mesmo meu primo. ─ Ele disse, um pouco retraído, olhando para outro canto. Eu sorri, vendo-o assim, tão vulnerável, me fazia querer provocá-lo. 

─ Tudo bem... E você precisava saber disso, afinal, será uma pessoa importante para que meu plano ande. Obrigado por permanecer perto, mesmo que eu tenha que te pagar por isso, mas... mesmo assim, obrigado... ─ Eu indago, 

Ele riu com meu comentário, e eu sorri por vê-lo rir. E para a minha surpresa, ele se aproximou, e timidamente me abraçou, passando os braços envolta do meu pescoço, e ficando na ponta dos pés.