Uncontrollable

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PRI DAROIT POV

Aquele período em Saquarema foi tão simples. Foi fácil. Estar com Carol era meio terapêutico. É claro que tínhamos dias difíceis, é claro que nem sempre eu acordava bem, nem sempre eu rendia tanto quanto eu gostaria nos treinos, mas no final do dia Carol tratava de transformar tudo isso em mais uma vírgula no nosso caminho. Eu tinha o privilégio de tê-la por perto. Carol era diferente.

Nós estávamos combinando uma viagem juntas. Depois da VNL, Carol iria pra Holanda passar o tempo que fosse possível com a Anne e me convidou para acompanha-la. Em mais uma confraternização em Saquarema, como era de praxe na última semana antes de embarcarmos pra um campeonato, muitas de nós aproveitamos para dançar. O álcool tinha sido liberado com moderação pela primeira vez naquela temporada e depois do segundo drink, enquanto eu conversava com Rosa e Macris de pé próximo à churrasqueira, Carol se aproximou por trás de mim e me abraçou.

"Dança comigo?" – falou baixinho próximo ao meu ouvido com uma voz que me fez estremecer. Acho que fechei os olhos por um segundo com o que ela me fez sentir naquele simples convite. Torci para que as meninas não tivessem percebido nada.

"Claro que eu danço."

Saímos de mãos dadas até o centro da área onde Gabi e Sheilla também dançavam abraçadas o sertanejo que tocava e sem perceber já estávamos na mesma posição que elas, balançando o corpo no ritmo da música, mas conversando mais do que dançando.

"Eu gosto quando você me olha assim, mas fico curiosa pra saber o que você tá pensando." – Falei enquanto a olhava e nossos dedos de uma das mãos, entrelaçados, brincavam entre carinhos.

"Pensando no quanto você é linda e no quanto eu tenho sorte..." – Carol sorriu e me puxou pela cintura para ainda mais perto, colando nossos corpos – "Eu acho que preciso conversar, Pri."

Havia algo de diferente entre nós nos últimos dias. E sem rodeios, eu estava me sentindo cada dia mais atraída por Carol. Eu não me relacionava com mulheres desde o final da minha adolescência depois de um fim de namoro turbulento que me machucou demais. Foi traumático e eu nunca consegui digerir muito bem. As relações com homens eram mais simples, mas eram mais rasas também. Talvez por isso nunca tenham evoluído.

Durante a última semana, comecei a nota-la preocupada. Ela não havia mudado comigo, mas passou a acordar mais cedo, se mexia muito durante a noite, se distraia com facilidade. Eu estava a ponto de chama-la pra conversar pra saber se estava tudo bem, mas ela tomou a iniciativa e eu tava feliz por isso.

"Vamos sair daqui?" – perguntei e já começamos a caminhar para fora da área de convivência.

Caminhamos devagar e em silêncio pelo CT até pararmos embaixo de uma das árvores gigantes que haviam próximo aos nossos dormitórios. Não havia ninguém por perto e pareceu um bom lugar para ficarmos.

"Tá tudo bem?" – perguntei assim que Carol se encostou no tronco da árvore, receosa pela resposta.

"Eu acho que tô confusa, Pri. Pensei muito se eu deveria falar isso pra você, tô morrendo de medo de estragar tudo... Você tá mexendo comigo e eu não quero faltar ao respeito com você." – Carol não desviava os olhos dos meus e parecia calma – "Eu tô chateada com isso, porque tá um nó na minha cabeça. Vou entender se você quiser se afastar."

Fiquei nervosa com aquela confissão, não esperava. É claro que ela mexia comigo. Aliás, mexia de um jeito quase imoral. Mas eu passava o tempo inteiro me esforçando para ignorar isso porque eu sabia que não podíamos viver nada diferente do que já vivíamos. Carol era uma mulher casada e eu já conhecia suas convicções de vida.

End game - DarolanaOnde histórias criam vida. Descubra agora