PRI DAROIT POV
O Sul-Americano foi como havíamos previsto. Demos o nosso máximo, respeitamos cada um dos nossos adversários e encaramos como uma oportunidade para nos prepararmos para o pré olímpico. Esse último foi intenso e difícil, muito difícil. Fora toda a dificuldade que sabíamos que enfrentaríamos nos jogos, recebemos a notícia da morte da Wal. A notícia chegou no final do treino daquele dia, faltava pouco mais de 6 horas para o jogo mais importante e difícil daquele pré olímpico e tivemos a sensação de que tudo ficou em suspenso por alguns instantes. Thaisa, que era a mais próxima, caiu num choro compulsivo que me assustou muito. E por algum tempo esse foi o único som que ecoou na arena que estávamos. A causa da morte tinha deixado todos ainda mais perplexos e foi o que me fez sentir um mal estar estranho. Agradeci por estar próxima a uma parede, onde me encostei e tentei me manter de pé para que ninguém percebesse nada. Foi só então que eu me lembrei que a Carol havia jogado com ela por anos até a sua aposentadoria no ano anterior. Procurei-a com o olhar pela arena e não encontrei. Meu coração acelerou e eu me forcei a levantar para procura-la. Andei apressada até o banheiro feminino que ficava no final do corredor e encontrei-a com as duas mãos apoiadas na pia, a cabeça baixa e a respiração muito acelerada.
Abracei-a por trás e seu corpo inteiro tremia. Beijei demoradamente seu ombro e fiz com que ela soltasse as mãos da pia e se virasse de frente pra mim. Abracei-a e caminhei levemente com ela nos meus braços até a parede mais próxima. Queria de qualquer maneira passar pra ela uma sensação de amparo e por algum motivo imaginei que colocá-la entre a parede e o meu corpo ajudaria. Colei nossas testas e apertei sua cintura de leve.
"Eu sinto muito, meu bem." – falei baixinho e ela voltou a me abraçar forte.
Escutei alguém entrar no banheiro, eram Nyeme e Kisy. Elas perguntaram se precisávamos de ajuda e eu neguei, agradecendo em seguida. Elas logo se retiraram e nos deixaram a sós novamente.
Depois de alguns minutos, Carol pareceu se acalmar e nós caminhamos em silêncio até o grupo. Precisávamos voltar para o hotel e começar a preparação pro jogo. As meninas ainda estavam na quadra, o clima era terrível. O silêncio imperava e Thaisa estava inconsolável nos braços da Gabi, que parecia se segurar pra passar força pra maior.
"Vamos, crianças. Vamos pro hotel descansar." – Paulinho entrou na quadra e nos avisou sobre a chegada do ônibus.
Quando chegamos ao hotel, Carol foi pro banho e eu fui até o quarto ao lado pra ver se a Gabi precisava de ajuda com a Thaisa. Dei um abraço em ambas e nós três tentamos nos fortalecer de alguma forma. Sai de lá com a certeza de que focaríamos naquele jogo e depois choraríamos o quanto quiséssemos. Era certamente o que a Wal faria e gostaria que fosse feito.
Depois do meu banho, encontrei a Carol ainda acordada na cama. Os olhos estavam inchados e o pensamento aparentemente estava muito distante dali. Me aproximei pra deixar um beijo em sua testa e estava me levantando para deitar na minha cama quando sua mão segurou a minha.
"Dorme comigo, por favor."
E eu jamais conseguiria dizer não pra esse pedido dela. Carol chegou um pouco pro lado e eu me ajeitei abraçada a ela, com a cabeça em seu peito. Trocamos algumas poucas palavras e eu peguei no sono logo em seguida.
O restante daquele dia foi triste como prevíamos. Perdemos o jogo e foi a última coisa com a qual nos importamos. Tratamos de dar apoio ao Zé e às meninas que eram mais próximas ou que sentiram mais aquele baque de alguma forma. Tivemos um pós jogo unido, jantamos todos juntos, conversamos por algumas horas antes de irmos pra cama e prometemos voltar com todo o foco aos treinos no dia seguinte.
Eu tava pensativa com relação a tudo. Mortes repentinas são difíceis de assimilar e nos fazem refletir sobre o que realmente é importante. Eu tava deitada observando a Carol organizando algumas coisas nas gavetas. Pensei que naquele dia eu deixaria que ela me beijasse se ela quisesse. Com medo que os meus pensamentos intrusivos me traíssem, me levantei quase que apressada, decidida a caminhar um pouco pelo hotel pelo menos até que ela dormisse.
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End game - Darolana
FanficTudo sempre pareceu tão certo, a leveza sempre esteve lá. Era uma certeza que existia em algum lugar dentro de nós, de que o futuro era nosso, apesar disso ainda não ser possível no presente.
