dizer ou não?;

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— Quando vai pedir ela em namoro?

Engasgo com a saliva assim que ouço a pergunta de Sasuke. Acabamos de chegar em casa, passamos boa parte da tarde na sorveteria jogando conversa fora junto dos nossos outros amigos. É quase como um ritual esse Uchiha metido a besta vir aqui depois de algum rolê com a turma.

Porém, existem coisas por exemplo que não conto para outras pessoas senão Sasuke, e isso se encaixa no fato de eu estar apaixonado pela minha melhor amiga.

Eu nem precisei dizer nada, o olhar astuto e sagaz do meu amigo percebeu antes de mim mesmo dar conta dos meus sentimentos. Foi engraçado, porque tive basicamente essa mesma reação.

— 'Cê tá maluco? Se minha mãe escuta, vai falar horrores no meu ouvido – me viro nervoso para ele, que apenas me encara com deboche.

— Tia Kushina iria te dar uns cascudos para deixar de ser lerdo, algo que estou prestes a fazer também – passamos pela porta, ele fecha e joga sua mochila perto do sofá. Intimidade é foda – Fala sério, o que falta pra você tomar uma atitude?

— Confie em mim quando digo que não é falta de vontade. Mas e se ela não sente o mesmo por mim? – sou o mais sincero possível para que esse moreno entenda de uma vez por todas minha covardia.

Se eu tenho ciência disso? Com certeza.

Vou tomar alguma atitude? Calma lá, um passo de cada vez.

Até eu ter confiança nos meus sentimentos levou pelo menos dois anos, que inclusive vinha se fortalecendo de uma maneira avassaladora dentro de mim. E assustadora também.

— Meu Deus, o quão tapado você é? – Sasuke se joga indignado no sofá da minha casa. A sorte dele é que minha ainda está no trabalho, senão algum chinelo já tinha voado pela sala – Literalmente tudo na Hinata indica que ela é apaixonada por você há mais tempo do que podemos imaginar.

— Aham, e desde quando você sabe disso tudo, hein?

— Qual de nós está solteiro mesmo?

Essa doeu.

Mostrei o dedo do meio pra ele, indo em direção a cozinha. Mais tarde aquela que é atualmente – e suspeito ser também pelo resto da vida – minha paixão virá para mais uma noite de filmes. Uma daquelas que gostamos de fazer já há muito tempo.

Vou mandar a real: eu amo passar meu tempo com a Hinata. Amo notar o modo que ela sorri, o jeito que mexe no cabelo, amo ser o motivo dela soltar aquela gargalhada fofa que a deixa com as bochechas vermelhas.

Sim, eu sou um idiota completamente apaixonado. E covarde.

Venho dando muitas dessas desculpas ultimamente só pra passar mais tempo com ela. Sou um dos nossos amigos que está prestes a entrar na faculdade e doido pra arrumar um emprego novo – que pague melhor, porque o último só faltava dizer que não tinham mais dinheiro para fazer o mínimo.

Então fico maluco achando que nosso tempo vai se tornar escasso e, com isso, nos afastemos mais uma vez. Essa possibilidade vem me deixando aflito, pois percebo quanto quero estar do lado dela a todo momento.

Pareço estar desesperado? É porque realmente estou. Me vejo completamente dependente da minha melhor amiga, em todos os sentidos.

Preciso das nossas conversas toscas pra me sentir alguém, preciso das suas opiniões sobre minhas roupas, sobre meu corte de cabelo. Eu preciso de tudo que está relacionado a ela.

Observando o que tenho na geladeira, percebo o quanto sou patético por até agora não ter feito nada pra mudar isso.

— Nossa, a coisa tá séria. Você tá há uns quinze minutos olhando a geladeira – e não é que safado veio pra encher meu saco? – Vão só assistir um filme mesmo? – seu olhar sugestivo me faz querer socar a cara dele.

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