Quando estava quase pegando no sono, escutei uma batida na porta que me deixou alerta. Me levantei devagar, pesarosa por ter que abandonar a cama quentinha.
— Quem é?
Quem quer que estivesse atrás da porta hesitou um pouco.
— Erik.
Meditei se deveria abrir a porta. Eu já tinha tido minha dose de Erik naquele dia e garanto, não precisava de mais. Mesmo assim, abri a porta.
— Amanhã venha comigo ver o Lorde. Garanto que mudará de ideia. Todos mudarão.
Erik parecia esperar ansiosamente por a minha resposta que não veio imediatamente. Bom, o que custava dar uma chance, afinal? Assenti com a cabeça. Ele me entregou uma caixa.
— Vista isso amanhã. Não precisa usar a capa.
Abri a caixa com cuidado, vendo um lindo vestido bege com pequenos brilhantes espalhados. Não combinava nada com as calças de couro pretas e as blusas de cores neutras que eu vestia.
— Não sei se consigo vestir isso. — Encarei o vestido por mais meio segundo. Era bonito, mas eu não sabia se ficaria minimamente aceitável com ele.
Erik deu um sorriso de canto.
— Vai ficar ótimo em você.
Senti algo dentro de mim estremecer. Erik estava mesmo me dando um elogio?
— Você bateu a cabeça?
Ele riu, despreocupado.
— Talvez eu esteja enxergando coisas que não tinha percebido antes.
Era impressão minha ou ele estava flertando comigo? Com certeza não. Eu estava ficando maluca. Mal consegui responder, saiu de minha garganta um murmúrio tímido:
— Obrigada.
Ele se dirigiu até a porta, dizendo antes de sair:
— Disponha.
—-
No outro dia, corri até o quarto de Enya para acordar ela. Precisávamos ir para o treinamento. Chegando lá, Sun me mostrou novas coisas que ele tinha aprendido, como controlar a corrente mágica que ligava os elementos e as nossas emoções. A sala de treinamento estava impregnada de uma energia intensa, Enya e Aqua treinando entre risadas e reclamações.
Sun, com sua expressão despreocupada, começou a explicar os fundamentos do controle dos elementos. Seus gestos eram fluidos, como se dançasse com a magia. Observando cada movimento e meditando cada palavra, entendi onde estava o meu problema. Eu não conseguia controlar minhas emoções. À medida que o treinamento avançava, Sun me guiava através de exercícios práticos. Fechei os olhos, concentrando-me na corrente de energia que fluía ao meu redor. Gradualmente, comecei a sentir a conexão com a Lua.
— Você ainda ama o Balgair. — Afirmou Sun, do nada.
As partículas lunares ondularam e gritaram dentro de mim. Eu não sabia nem o que eu sentia, mas não era uma sensação boa. Por que isso tinha voltado a tona logo agora? Isso é passado. Seja lá o que tenha sido, acabou.
— Foco, Lun. Você precisa controlar o seu poder e não seu poder te controlar.
Tentei focar nas partículas que saíam de minhas mãos, mas todo o esforço se foi quando vi Balgair, que claramente tinha ouvido tudo, me encarando do outro lado da sala.
Depois disso, todo o treinamento foi uma série de falhas consecutivas.
Assim que começamos a sair, Balgair veio em minha direção. Ele pareceu hesitar antes de falar, seu rosto sempre divertido agora um pouco tímido.
— Podemos conversar? — Meu silêncio o fez acrescentar — Por favor.
Eu sabia que estava só me machucando dando chances e chances de reviver tudo aquilo. Ainda assim, assenti com a cabeça.
— Será que algum dia eu vou ter certeza dos seus sentimentos?
Eu o peguei desprevenido.
— Eu quero fazer de tudo para que sim.
Que pena que eu não acreditava. Nós encaramos por um longo segundo, meio sem jeito.
— Vamos ser amigos, Balgair. É o melhor para nós.
Ele sorriu, mas mágoa percorria seus olhos.
— Tudo bem.
Dessa vez eu não chorei.
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O Conto da Lua de Prata
FantasíaEm um reino dividido pela guerra e magia, Altalune, uma exilada com o poder da lua, encontra uma misteriosa garota chamada Enya. Sem memórias, Enya se torna uma peça vital em um jogo perigoso entre poderes ocultos. Com aliados improváveis e segredos...