Capítulo V - Serei Bom, Prometo.

27 8 13
                                    

۝ Rafaela ۝

Mitsuo e eu corremos até uma esquina próxima, a minha primeira reação foi respirar novamente, no momento em que nos olhamos, começamos a rir como duas hienas.

- Com certeza seremos expulsos! - Comentei rindo da nossa pequena aventura.

- Eu não ligo. Logo todos vão esquecer. Você verá.

Começamos a caminhar, sorrimos e trocamos um olhar amigável, estávamos vermelhos e alegres, a corrida nos deixou cansados.

- Como você conseguiu acessar a iluminação?

Foi uma pergunta simples para mim, o problema é que Mitsuo parecia não estar preparado para ela ou até mesmo não a esperava.

- Oh, eu... Só achei-a sem querer... - Ele riu. - Pura sorte.

- Sei... - Suspirei.

•••••

۝ Mitsuo ۝

Rafaela não acreditaria em mim, e também não ia querer nunca mais voltar no lugar se realmente os poucos segundos que eu estivesse fora ela olhasse para os “ cantores ”.

Chegamos em casa, a moça foi logo para a cama e pensei se, hoje à noite, poderia sair e pegar alguns humanos que, de acordo com princípios, são com todas as letras, podres.

Fui conferir se Rafaela estava dormindo, cheguei e parei, observando a cena, a moça estava quieta, o olhar observando a Lua, os braços pousados com leveza e fixados no peitoril da janela, vestia uma camisola azul marinho, com peixes multicoloridos em várias partes, fiquei admirando aquela cena, e quase me esqueci do que vim conferir.

Foi quando me lembrei rapidamente, saí como se fosse uma aparição em filme de terror, comecei a atacar perto da meia noite, acreditando que era o mais longe da cidade que podia permitir aquela velocidade.

Faz dias que eu, como todo o resto, tem que voltar para casa antes do dia seguinte, caso contrário, os piores medos podem se transformar em verdade!

Sim, eu comecei a voltar mais cedo para a casa, os meus primeiros pensamentos ao voltar para esse lar são com relação a Rafaela.

- Será que ela já acordou? - Pensei.

Quando chego, a pergunta muda.

- Cadê ela?

Quando acorda, é outra:

- Será que ela vai perceber?

É uma rotina linda, que me fez especial, ao menos uma pequena coisa dela faz o ser humano sentir a felicidade, pois sabe que, uma mudança será uma grande diferença!

Ela, assim que acaba o café daquele dia, vai ligar a TV. As notícias não são novidade nenhuma. Todas as maluquices que fazemos são ocultas, pois esse repórter sabe mentir, conheço ele por vista.

~ Passado ~

Eu ainda estava me acostumando com a cidade, a luz do poste mais próximo estava fraca, posso ver sombras, um homem e uma mulher. Os dois estão tão distraídos com o que estão fazendo que nem me vem. Sei que é falta de educação, mas pude reparar que o cara era jornalista, também sabia que a mulher com ele não era a esposa.

~ Presente ~

- Bom dia - Ele inicia. - Aqui é Jone Holoray, com a última novidade, ontem as autoridades acharam um corpo em meio ao matagal.

- Se não é a mesma mulher que estava com você naquele dia! - Ri descontraído.

Calma, se você pensa que a matei, está enganado cem por cento, primeiro, tenho como princípio de número quatro, nunca matar uma mulher ou até beber seu sangue se ela for boa e inocente, ou ao menos chegar perto disso.

- Rafaela, por que está tão pensativa? - Perguntei ao vê-la.

- Bem... Estou preocupada, e se... A próxima que for para um caixão for eu?!

- Não se preocupe, enquanto você estiver segura e junto com quem lhe quer bem, nada lhe fará mal! - Respondo, dando-lhe um pequeno cafuné.

Ela deu um pequeno sorriso. Eu, por exemplo, vou tentar não fazer nada que lhe machuque, se algo acontecer com Rafaela, talvez não me perdoarei jamais se for por minha causa.

- Pegue mais alguma coisa pro café, você comeu tão pouco! - Comentei.

- Ah, pare com isso vovô!

- Hey! - Reclamei, rindo.

- Quem fala para comermos mais porque somos a magreza em pessoas são avós preocupadas! - Ela riu, indo até a cozinha.

- Ah, Mitsuo... - Ela fala, enquanto pega um pacote de biscoitos.

- Sim? - Digo, enquanto vejo-a sentar com grande quantidade de biscoitos numa travessa.

- Você... Quer o meu bem?

- Como assim?! - Quase gritei, atordoado.

- Calma! Estou... Preocupada.

- Rafaela, sei que isso vai parecer louco, mas se eu quisesse o teu mal, já teria lhe matado, não é?

- ... Bem, isso é verdade.

- E além do mais, por que eu iria acabar logo com a única companhia que tenho?

- Por que muitos psicopatas são solitários.

- Isso não é desculpa. Rafaela - Eu coloco minhas mãos nos ombros dela - Eu quero o seu bem, se os meus intuitos forem, por algum motivo, outros, as únicas condições que lhe pedirei são que chame a polícia o mais rápido possível!

- Que?! - Ela exclama, se afastando um pouco.

- Prisão é a única coisa que, pelo que acredito, me faz me afastar de você o mais rápido possível, por um tempo, você estará segura. Depois, nós vamos resolver...

- Ok. Isso foi longe demais! - A moça riu. - Como é que você planeja tudo isso?

- Solidão te faz pensar em muitas coisas.

- Oh... - Ela fica vermelha.

•••••

Passou um tempo, ficamos em silêncio. Queria ao menos entender por que Rafaela e eu estávamos tão perto de sair de uma zona de amizade, mas às vezes, desistimos na última jogada, pois temos os nossos próprios medos.

A pergunta principal é sempre: Será que?

• Será que ela me ama?

• Será que sou bom para ela?

• Será que seremos felizes?

Eu também sou assim. Mas, isso é um objetivo, ao menos, para mim, é como algo para se derrubar, e tentar superar. Só que, no minuto final... Tudo era como começou, insegurança, medo, até que, por um momento, você começa a se perguntar novas coisas.

Sim, é confuso. Mas é algo tão lindo... Algo que, no fundo, todos sentem, mas cada um lida com suas próprias maneiras.

O amor é estranho, é mágico, é obscuro, pode ser ruim quando é apagado, mas, sem machucados, o nosso corpo não pode saber como ser mais duro ou mais resistente.

Lua De Sangue ( Livro 1 )Onde histórias criam vida. Descubra agora