Prólogo

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Harry estava bem. Ele realmente estava, ele voltou pra hogwarts para seu 8° ano, e mesmo as memórias das mortes e perdas que aconteceram dentro do castelo não o faziam se sentir menos em casa. Hogwarts era sua casa, e sempre será. Então mesmo que alguns pensamentos tristes vagavam por sua mente de vez enquanto, ele ainda estava bem. Ele tinha amigos, ele tinha pessoas que se importavam com ele, e isso foi o bastante para ele ter forças pra continuar.

O que nunca parava eram seus pesadelos, que o assombrava todas as noites com visões de Cedric caído em seus braços, Sirius desaparecendo no ar, Fred caído ao lado de vários outros cadáveres que hospedavam o chão do Salão Principal; Isso o impedia de dormir, a morte de pessoas que ele podia ter salvo. Então todo dia no mesmo horário das 2 da manhã, Harry acordava suando, ofegante e com seu corpo trêmulo. Ele respirava fundo e conseguia se acalmar com o tempo.
Ele gostava de pegar o mapa do maroto e ver que todos estavam bem, estavam dormindo tranquilamente em seus dormitórios e que não havia nenhum intruso maluco invadindo sua escola. Mas todo dia, nesse mesmo horário, alguém não estava nos dormitórios.

Draco Malfoy, seu nome era visto na torre de astronomia toda noite por Harry que verificava o Mapa do Maroto.
Ele nunca pensou muito sobre isso. Dês que começaram o 8° ano Malfoy estava muito quieto e deprimido, o que era comum de vários alunos depois da guerra. Mas algo em Malfoy estava pior, ele parecia péssimo, semelhante ao seu eu do 6° ano. Era pálido e magro de uma maneira não natural e nada saudável, ele sempre parecia longe e disperso da realidade, não fazia questão de aparecer no Salão Principal para as refeições e matava muitas aulas. Harry chegou a cogitar a possibilidade do loiro estar tramando alguma coisa, mas no fundo ele sabia que Malfoy não podia estar aprontando nada, não daquele jeito.
Harry sentiu um pouco de pena, mas não é como se Malfoy fosse o único a estar sofrendo. Harry já teve que consolar vários de seus amigos quando suas memórias traziam com eles crises de choro e pânico. então Harry simplesmente ignorou Malfoy.

Harry mal havia dormido essa noite e estava muito ansioso pra ficar parado na cama. Ele normalmente teria ido para as cozinhas e pegado algo para comer, mas ao abrir o Mapa do Maroto para se certificar de que Filch já havia parado sua patrulha, Harry vê malfoy, ou melhor, seu nome, que pairava sob a planta da torre de astronomia. Um desejo e curiosidade se derpertou em Harry para saber o que Malfoy faz lá todas as noites. Harry sabia que não devia ser nada demais, mas ele queria ir, afinal, ele estava com problemas pra dormir, então não faria diferença ir lá ou não. ele rapidamente procurou a capa da invisibilidade e a vestiu, colocando-a sob seus ombros, cobrindo seu corpo e a cabeça, ele também pegou o mapa e saiu lentamente do dormitório, não querendo acordar seus amigos. Harry caminhou pelos corredores sentindo a taciturnidade que acompanhavam as paredes da escola quando o único som que podia ser escutado era o farfalhar de corujas e o som de seus passos.

Harry não demorou para chegar a Torre de astronomia, subindo silenciosamente as muitas escadas antes de parar em frente a porta aberta. Ele não precisou procurar para ver malfoy, o loiro estava parado no meio da sala, o local cercado pela quietitude e escuridão, onde a única luz presente era a do crepúsculo que mal iluminava os cantos da sala. Apenas o som dos ventos forte soava pelos arredores. O cabelo de malfoy brilhava sob a luz do luar e corria solto contra o ar. Harry por alguns momento achou que podia sentir a serenidade de Malfoy que parecia absorto em pensamentos, mas derrepente aquela serenidade não existia mais. Harry chegou mais perto ajeitando e certificando que a capa da invisibilidade ainda estava o cobrindo totalmente, e ao se aproximar percebeu o leve tremor nos ombros de Malfoy, Harry desceu o olhar pelo braço de Malfoy percebendo que o tremor aumentava gradualmente com o tempo e as mãos do loiro agora tremiam loucamente. Harry ainda mantinha uma certa distância de Malfoy e o examinou, os olhos descendo por seu corpo preocupantemente magro, Harry percebeu que Draco usava um pijama de inverno, com longas mangas e calças grossas nos tons cinza e branco.
Harry não ficou preocupado com seu tremor, certamente que não. Algo sobre ver seu antigo rival sofrendo trazia um infantil sentimento de conquista, vendo que Malfoy estava pagando pelos anos que atormentou os alunos de hogwarts.

Harry não sabe porque sentiu necessidade de se aproximar, ele supôs que seria a curiosidade, então ele andou lentamente evitando fazer barulho com os pés e parou em frente a Malfoy para ter uma visão mais clara de seu rosto. Harry se surpreendeu ao ver Malfoy; suas bochechas e nariz brilhavam em vermelho enquanto lágrimas pesadas e silenciosas corriam pelo seu rosto, os lábios estavam inchados e machucados, apararentemente de tanto morde e reprimir soluços, ele tremia e não parecia conseguir respirar. Aos poucos Malfoy parece se quebrar e finalmente para de segurar seus soluços que eram fortes, ele fungava e palavras sem sentido começaram a sair de sua boca. Ele cai de joelhos no chão levanta as mãos contra o peito enquanto chorava

— me desculpe... me desculpe... eu- eu mereço eu sei que mereço, m-mas porque dói tanto... — Draco repetia ficando sem ar, ele fechou os olhos com forças e agora tremia violentamente, Malfoy resmungou de forma agonizante e puxou a manga de seu pijama. A visão doeu em Harry de uma maneira que ele nunca pensou que sentiria pelo loiro. A marca negra desbotada no braço pálido de Draco ainda traziam arrepios a Harry, mas o que mais destacava eram cicatrizes e arranhões profundos que cobriam mais da metade da marca. A pele em volta vermelha e irritada enquanto muito dos machucados não estavam cicatrizados.
Draco começa a arranhar com a outra mão e sangue começa a escorrer dos machucados em carne viva.

— eu odeio isso! Eu odeio- isso não é justo... eu- —Draco diz e volta a chorar alto, parando de arranhar quando o sangue agarrou por baixo de suas unhas cumpridas. Harry olhou para o braço de Malfoy e sentiu que iria vomitar, ele sentia ânsia e provavelmente estava perto de uma crise de pânico. Malfoy xingou alto parecendo ter substituído a tristeza pela raiva, ele segurou o braço em uma tentativa de parar com o sangramento. E Harry simplesmente fugiu, ele saiu lentamente sem querer ser notado e quando chegou nas escadas começou a correr, descendo tão rápido que chegou a tropeçar algumas vezes, e quando finalmente desceu todos os degraus ele tropeçou contra uma parede e escorregou lentamente até sentar. Harry tentou respirar, respirando e expirando em intervalos de 6 segundos mas antes que se desse conta lágrimas silenciosas escorreram por suas bochecha. ele sentiu sua garganta fechar e correu para o banheiro mais próximo e vomitou, ele ficou lá no banheiro sabe se lá quanto tempo. Ele passou minutos, ou talvez horas, pensando sobre o que viu, a marca negra no braço pálido invadia sua mente e o sangue que escorria dos machucados o davam nojo, mas ao mesmo tempo pena, e quando ele finalmente sentiu que podia levantar ou respirar ele decide voltar para torre e ver se malfoy estava bem. Chegando lá malfoy não estava em lugar algum, o pânico invade Harry e ele rapidamente pega o mapa do maroto, suspirando alto de alívio quando vê que Malfoy havia voltado para sala comunal da Sonserina.
Harry corre para sua própria sala comunal e vai para seu dormitório, andando silenciosamente para não acordar ninguém, ele não conseguiu dormir nada essa noite.

O resto dos dias foram harry pensando no que viu. Ele não era ignorante ao ponto de não perceber que malfoy era grande alvo de bullying agora, sendo azarado nos corredores, sendo ignorado por alguns professores, sendo excluído de grupos de amigos ou recebendo xingamentos enquanto andava pelos corredores.
Harry percebeu algo. Draco nunca revidou dês sua volta a hogwarts, Draco nem havia falado com ninguém sem ser quando os professores se dirigiam a ele e harry sentiu uma dor no peito. A vida toda ele odiou Draco, dês de quando o conheceu na Madame Malkin. Ele desprezava Malfoy por fazer bullying com os outros e Harry sempre tentava o impedir. Mas agora ele percebia, ele desprezava o bullying mas estava ignorando o óbvio assedio que Malfoy vinha sofrendo. Harry se sentindo hipócrita e um babaca por ter ignorado isso só por causa de uma rivalidade infantil e boba. Então ele decidiu, toda vez que via alguém mexendo com Malfoy ele esperava os agressores estarem sozinhos para ele ter uma conversa com essas pessoas... de forma totalmente civilizada, é claro.

Harry voltou a olhar o mapa de madrugada e malfoy ainda fazia suas visitas a torre toda noite, mas Harry não tinha coragem de voltar e ter que repetir aquela cena traumatizante que infelizmente se juntou a seus pesadelos noturnos.

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