Pingos nos i's

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Por volta das nove da manhã, Rio São Paulo acordou sentindo uma dor nas costas que estava acabando com ele.
Abriu os olhos, que pesavam feito duas pedras, e que nem queriam abrir por sinal.

Pouco a pouco recobrava a consciência, a visão se alinhava e a imagem borrada deu lugar ao rosto esculpido do Rio de Janeiro repousando perfeitamente sobre o travesseiro, dormindo feito um bebê e sem uma ruga marcada.
São Paulo tinha certeza que se olhasse no espelho ele mesmo estaria bem diferente.

As memórias do dia anterior voltavam à sua mente, as coisas que SP havia dito e feito... dizer que queria se enterrar era eufemismo. Estava com tanta vergonha pelo seu eu passado que não sabia onde enfiar a cara, nem como deveria encarar o carioca, já que apesar de não ser a primeira vez que ele via seu lado masoquista, São Paulo nunca havia realmente se entregado daquela forma para o RJ. Para ninguém na verdade.

Aquela foi a primeira vez que não pensou em nada, e só fez o que queria fazer.

Apesar da vergonha, havia um alívio em seu coração, no final havia sido sincero e era isso que importava.
Com esse pensamento em mente, Paulo se ignorou a dor que sentia ao se mover e se aninhou ao carioca, afim de sentir mais o calor de seu corpo contra o seu.

— ... eu sei que você tá acordado, Rio.— Disse ao sentir a mão do RJ lhe envolver a cintura.— Cara de pau.

— Coé boneca... tava tão gostoso você abraçadinho em mim.— Disse rouco com um sorriso nos lábios, em seguida Rio depositou um beijo demorado na testa do mais velho.— Tá doendo muito?

— Porra, tu acabou comigo...

— Foi você que pediu.— Respondeu cínico.— Cê tava tão atacante ontem que eu até assustei.

— Foi... ruim?

— Nem. Foi gostoso pra caralho. O jeito que tu falava me derretia todinho.

— Hm...— Paulo não conseguiu responder nada, apenas desviou o olhar, envergonhado.— ... é, eu acho que agora a gente meio que... precisa conversar.

— Ah é, pode crer...— Rio pensou em se levantar para se sentarem na cama, mas vendo que o paulista não dava nem sinal de querer se mexer achou melhor continuar ali.— Então...

— Você gosta de mim?

— ... se você gostar também...

— De mim?

— Não, de você, eu.

— E você gosta?

— ... porra paulista, cê tá me deixando confuso.— O menor deu uma risada sincera.

— Tá, só... vamos ser sinceros. O que você sente...?

Rio ponderou um pouquinho, se perdendo nos olhos negros do mais velho.
O que sentia?

— ... sei lá, te olhando assim eu só quero... te abraçar, e te beijar... eu quero dormir com você nos braços e acordar olhando pro seu rosto mal humorado que você tem até quando tá dormindo.— Dizia, sorrindo bobo.— Eu também quero continuar te provocando e te irritando, porque eu adoro como sua cara fica toda vermelha quando eu faço isso.

São Paulo ouvia atentamente, o coração palpitando com as palavras melosas do carioca.

— ... é, eu acho que tô me apaixonando pra caralho por você.— Deu uma risada com humor.— E aí, vai me deixar te amar?

São Paulo nunca se sentiu tão amado em toda a sua vida. Como poderia dizer não para um pedido desses? Algo mais íntimo que um pedido de namoro, com um peso quase tão forte quanto um de casamento.
Mas não precisavam se apressar, tinham a eternidade pela frente.

Será que vale a pena? | SPXRJOnde histórias criam vida. Descubra agora