IV

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Seattle, 04 de novembro de 2005 11h

Quando Ronald chegou no andar da maternidade, Addison estava observando uma pequena criança dentro da incubadora, apegada em sua pequena mãozinha, como uma mãe conforta o filho. Ela estava com um uniforme rosa e ele não pôde deixar de notar como o manto a servia, mesmo sem conhecer, ou lembrar dela, parecia que ela se encaixava perfeitamente nesse papel. Ele leu rapidamente a ficha da bebê e não podia acreditar no que a médica queria que ele fizesse, a prematura quase não tinha chances de sobreviver, ainda mais uma cirurgia tão arriscada. Era loucura, os pais nunca aceitariam... Foi quando ele notou que além dos médicos mais ninguém estava olhando pela menina - Onde está a mãe? - Ele perguntou

- Se foi - Addison respondeu baixinho - Ficou o suficiente para viciar a criança e se mandou. Legal, não? - Disse ironicamente, mas ao reparar a cara indignada de Derek/Ronald para a ficha ela resolveu falar sobre o procedimento - Dr. Miller, eu sei que é quase impossível...

- Eu vim pois me falou que tinha uma recém-nascida com uma massa invasiva. Mas ela pesa pouco e é viciada em narcóticos. Acho que é um pouco fora da minha alçada ainda. Não há como esse bebê sobreviver a uma cirurgia espinhal

- Você não quer ser o residente chefe? Você não pode afirmar que ela não vai resistir - Meu Derek não desistiria dessa criança Addison pensou mas não encontrou forças para dizê-lo, tinha que se concentrar na paciente

- Se sobreviver, será pior. Meningite, epilepsia... Teria uma vida dolorosa e curta - Ronald ainda não conseguia acreditar que a médica queria arriscar uma cirurgia em uma pessoa tão pequena. Com certeza ele estava na especialidade certa, jamais seria capaz de lidar com a perda de uma criança ou um bebê frequentemente. Ela deveria ter uma força enorme. Se ele realmente fosse Derek, o marido dela, ele entendia o porquê tinha se casado com ela.

- Você não tem como saber isso - Ela respondeu na lata e deu espaço para ele começar a examinar a pequena

- É o meu trabalho saber isso...

- Se um paciente tem uma chance, e eu acho que ela tem, é o seu trabalho fazer a cirurgia - Ela brigava ferozmente por aquela bebê. Ronald parou para observá-la por um instante. Ela falava com uma paixão tão grande daquela criança que tinha acabado de conhecer. Ele não sabia como, mas tinha certeza que Addison era uma pessoa que quando colocava algo na cabeça iria até o fim para conseguir. Também reparou que seus lábios faziam um leve biquinho quando estava brava e como ela ficava linda assim. - Ela é uma lutadora, olha até onde ela já conseguiu chegar!

Addison também parecia ser alguém que se envolvia demais pessoalmente com os pacientes e ele não queria que ela ficasse magoada caso a pequena não sobrevivesse. Era quase instintivo proteger os sentimentos dela - Dr. Shepherd, não se envolva pessoalmente. Vai tornar sua vida mais dolorosa do que já é

- Ela não tem ninguém que lute por ela. E sinceramente você não faz ideia de como minha vida foi dura depois que você foi embora e de tudo o que eu sou capaz de aguentar - Ela se virou e saiu da UTI, tocando no vidro da pequena. Ronald ficou sozinho com a bebê. Por mais que ele queria saber sobre o seu passado não sabia se estava pronto para encarar todas as consequências

Nova York, 14 de setembro de 1997 2h10

Adrian estava vermelho, chorando incontrolavelmente e quando Addison estendeu a mão para embalá-lo em seus braços, ele só chorou mais forte - Por favor, não chore, vai acordar seu irmão - Mas aquilo foi o bastante para que ele gritasse mais alto acordando o outro bebê. Ela o colocou de volta no berço e olhou para ele com um olhar vazio e cansado. Dylan não estava diferente de seu irmão, parecia que competiam para quem tinha a melhor corda vocal

O filme da minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora