Better than a Dead Man Throne

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(Pequeno aviso: algumas palavras estão em linguagem Drow, mas tem um mini vocabulário no final da história caso você queira conferir o significado!)

Mesmo que fosse impossível discernir a hora certa naquele lugar maculado pela maldissombra, Alakaun chutava que fosse tarde da noite. Seus colegas de aventura se recolhiam nos andares superiores das torres do luar para descansar após a longa batalha que levou todos aos seus limites, e com razão. Primeiro eles enfrentaram os vassalos de Ketheric, depois os horrores ocultos debaixo da torre, então o próprio Ketheric e o Apóstolo de Myrkul. Os ossos cansados da drow também clamavam por descanso após tudo aquilo, obviamente, mas sua mente ainda não estava pronta para encostar a cabeça no travesseiro e meditar.

Com uma garrafa de vinho nas mãos, ela caminhava pelos corredores agora vazios e ensanguentados da torre enquanto procurava algum bom espólio de batalha, equipamentos melhores, qualquer coisa que fosse útil na verdade. A batalha ter sido vencida não significava que ela estava perto de acabar, e tanto a assassina quanto seus amigos precisavam estar prontos para o que viesse.

Então ela adentrou o salão principal, onde Minthara contemplava os cadáveres de seus inimigos ensanguentados pelo chão. Ainda sentada no trono que lhe caía tão bem, um leve sorriso enfeitava seu rosto enquanto sua pose agora parecia mais relaxada, apoiando o cotovelo na pedra fria e pesando o rosto em sua mão. Suas pernas estavam abertas espaçosamente, como se fizessem questão de mostrar que aquele era o território dela. Mesmo com as vestes de acampamento invés de uma armadura polida ou ensanguentada, ela certamente era alguém que impunha respeito. Ficava difícil para a ladina manter a firmeza nas suas pernas ao olhá-la dessa forma, então ela bebeu mais um longo gole da garrafa, admirando Minthara discretamente.

- Não está cansada? - Alakaun perguntou enquanto se aproximava do trono, esquivando de um ou outro cadáver pelo chão. Talvez fosse melhor levantar acampamento antes que o cheiro daquele lugar se tornasse insuportável. "Que bom que acendemos alguns incensos aqui e ali.", ela pensou.

- Pelo contrário, o calor da batalha ainda permeia meu corpo. Sinto como se pudesse enfrentar mais uma horda de inimigos antes de precisar descansar, talvez ainda hajam ratos escondidos pelos corredores prontos para serem esmagados. - Minthara respondeu, finalmente encarando sua companhia enquanto a empolgação em sua voz ficava presente.

- Por favor, não. - uma risadinha nasalada saiu enquanto Alakaun tomava outro gole da garrafa - Nós acabamos com todos que estavam pelo caminho. Eu nunca deixaria um inimigo nosso escapar.

A paladina pareceu gostar da resposta. Os olhos de vermelho vivo se fixaram nos da assassina enquanto as próximas palavras saíam de seus lábios:

- Bom. Pois ainda existem muitos que merecem a ira da nossa vingança. - a voz rouca disse deliciosamente - E eles irão recebê-la...

- Eles irão. - Alakaun repetiu mais para si do que para sua companhia, olhando fixamente para nenhum lugar em específico. Típico de alguém cuja mente está vagando pra bem longe de seu cérebro, o que Minthara notou com facilidade - Você não acha curioso...?

- Hm? - Baenre fez enquanto sua companhia tomava mais um longo gole do vinho e lhe estendia a garrafa. Em tom de piada ela riu - Sem taças de prata por aqui, imagino.

- Já estão guardadas pra serem vendidas, não vou mexer naquela mochila agora. - e novamente Alakaun estendeu a garrafa, que dessa vez foi aceita de bom grado - Enfim...

- O que eu acharia curioso?

Alakaun sentou-se num dos braços gélidos do trono, apoiando o próprio braço sobre o joelho erguido enquanto via Minthara beber o vinho caro das adegas de Ketheric.

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