Part 5

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Adam olhou com raiva para a porta, onde Ashton o encarava.

— Me deixa em paz!

Tarde demais, ele notou que havia falado em voz alta. A idosa puxou o ar e se levantou.

— Mas isso é uma falta de respeito!

— Perdão, não foi...

— Eu vou fazer uma reclamação formal!

— Não foi para a senhora...

— Vai mandar olharem a minha propriedade, ou não?

Adam suspirou mais uma vez, tentando ignorar as risadinhas de Ashton.

— Sim, senhora.

A velha balançou a cabeça, em reprovação, mas enfiou a mão dentro da bolsa. Adam ficou em alerta, afinal, o fato de ela ser uma idosa não significava que não podia ter uma arma.

"Estamos no Texas. É bem capaz de ela ter mesmo uma arma!".

— Aqui! — A idosa colocou um saquinho em cima da mesa — Eu estava indo levar para a minha comadre. É chá. Revigorante. Beba e vai se sentir melhor. Talvez assim consiga fazer melhor o seu serviço.

A mulher deu as costas e saiu da sala, deixando Adam olhando para a pequena bolsinha em cima da mesa dele.

"Isso, beba um chazinho enquanto olha pela janela e se lembra o quanto Lauren amava chá!", Ashton falou e se aproximou de Adam. "Um bom chazinho para alegrar o dia..."

Adam pegou a bolsinha e a colocou dentro da gaveta, bufando.

— Você nem é real!

"Claro que sou! Ou era, até você enfiar uma porra de um cabo de madeira no meu rabo!", Ashton reclamou. "E enfiar esse seu p..."

— Calado! — Adam colocou as mãos nos ouvidos, mas não adiantava. Ashton estava dentro da cabeça dele.

— Delegado!

Adam abaixou as mãos. O mesmo policial o olhava, desconfiado.

— O que foi? — Adam perguntou, amargo.

— Ah, o senhor vai fazer hora extra?

Adam abriu a boca a fim de reclamar, mas a janela chamou a atenção dele. Estava escuro.

— Não. Estou indo pra casa agora mesmo — Ele respondeu, levantando-se de pronto, pegando o casaco e indo para a porta.

"E o chá? Não vai deixar a Lauren passando vontade, não é?", Ashton perguntou. Adam mordeu a bochecha por dentro e voltou para a mesa dele, encarando a gaveta por alguns segundos, até que a abriu, rápido como se arrancasse um curativo, pegou o saquinho e passou pela porta.

A equipe já era outra e eles o olharam estranho.

— Achei que o senhor ficaria aqui — Um policial disse, o do turno da noite.

— Claro que não. Não há motivo.

— É que pela hora... — O homem coçou a cabeça e Adam sabia que ele estava sorrindo, por baixo do bigode.

Ao olhar para o relógio, ficou abismado por já passar das dez da noite.

— Eu... Eu estava resolvendo umas coisinhas. Agora, eu vou. Boa noite!

E sem mais, Adam saiu dali, sentindo-se sufocado.

A caminhada até em casa estava demorando mais do que o normal, e quando deu por si, ele estava em frente à casa dos O'donnel.

Como uma maldição, Lauren nunca aparecia para ele. Naqueles meses todos, ele vi e ouvia Ashton, mas Lauren, não. Era como se a alma dela se recusasse a pelo menos atormentar Adam.

Ele suspirou e foi para casa, preparando-se para lidar com a mãe. Mas esta não estava em lugar nenhum. Adam agradeceu e foi para o próprio quarto, jogando-se na cama e fechando os olhos.

Ao se mover, ele sentiu o saquinho de ervas e se sentou.

— Quem sabe... — Ele pensou e sorriu, ao lembrar como Lauren amava chá.

Adam foi para a cozinha, esquentou a água e colocou as ervas. O cheiro não era ruim, mas não lhe dava a sensação de conforto que ele esperava. Isso é, até beber. A quentura aqueceu o corpo dele por dentro e ele se sentiu mais próximo da loira.

Depois disso, Adam foi para a cama e dormiu rapidamente.

Ao abrir os olhos, ele fez o que fazia toda manhã e, novamente, nem sinal da mãe dele.

— Estou saindo!

Ele desceu as escadas e saiu de casa. Lauren não saía da mente dele, como todos os dias.

Outro dia de trabalho e, ao sair da delegacia, mais uma vez, ele se distraiu e foi parar na casa de cerca branca, que agora, já não era mais tão bonita.

A imagem de Lauren, com um lindo vestido florido, acenando para ele, apareceu.

— Oh, Adam! Vem, entra! — Ela disse e ele, sorridente, fez como ela pediu.

Ao entrar pela porta, Adam foi empurrado para a parede, enquanto Lauren atacava-lhe os lábios.

Aquela cena passou várias vezes na mente de Adam. E tê-la ali, tomando a iniciativa, o deixou louco.

Adam passou os braços pela cintura de Lauren e a levantou do chão, levando-a para o sofá.

— Oh, Adam!

Os lábios de Lauren, vermelhos, convidativos.

TOC-TOC!

Adam olhou para trás, para a porta.

— É melhor você atender. Manda embora! Eu quero que você me devore!

Adam olhou a loira mordendo o lábio e sorriu.

— Já venho.

Ele se levantou e foi até a porta. Mas ao abrir, não havia nada ali. Ele fechou a porta e se virou para o sofá, que estava vazio.

— Lauren?

Silêncio. Ele passou a mão pelo rosto, e balançou a cabeça.

— Estou perdendo a porra do juízo!

O toque dela foi tão real. O cheiro do perfume de Lauren... Ele até mesmo podia senti-lo, no ar!

— Deve estar impregnado nessa casa... — Ele olhou para a escada mas não teve coragem de subir.

"Uma porra de um covarde!", Ashton zombou, seguindo Adam para fora da casa. "Muito atrevimento seu querer comer a minha mulher aqui!"

— Ela nunca deveria ter sido sua!

"Mas era. Continua sendo", Ashton retrucou e continuou atrás de Adam, seguindo-o todo o caminho.

— Cheguei, mãe!

Nenhum barulho. Adam estalou a língua e foi para a cozinha, preparando mais uma xícara de chá. Depois de beber todo o conteúdo, ele tomou banho e deitou-se para dormir. Sábado era folga, então, Adam estava mais do que contente em não precisar sair de casa na manhã seguinte.

Pouco depois de adormecer, ele se sentiu sendo sacudido. 

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⏰ Última atualização: Nov 01, 2023 ⏰

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