𝗜𝗠𝗔𝗚𝗜𝗡𝗘 - Weber e Zero

𝗽𝗿𝗼𝘃𝗮𝗱𝗼𝗿

Sair em busca de suprimentos com Zero já não era tão divertido depois do ocorrido da semana passada.

Naquele dia, fomos patrulhar fora dos muros da comunidade: eu, Raven e Zero, que, surpreendentemente, se voluntariou.

O breu da noite nos cercava, e apenas Zero carregava uma lanterna à frente. Eu e Raven andávamos lado a lado, tentando nos guiar pelo som e pelo pouco que nossos olhos conseguiam captar.

Tropecei em um tronco velho caído, a visão limitada me pregando uma peça. Antes que eu atingisse o chão, senti as mãos firmes me segurando pela cintura. Era Raven, me puxando para perto dele.

— Essa foi por pouco — ele disse, sua voz carregando um tom de alívio enquanto ainda me mantinha perto.

— Sim... Vou tomar mais cuidado da próxima vez. Obrigada, Raven. — Afastei-me de seus braços, e ele apenas sorriu, sussurrando um "De nada".

Foi então que percebi a luz da lanterna de Zero em meu rosto.

— Tudo bem aí? — ele perguntou, me encarando de forma inquisitiva.

— Tudo certo! — respondeu Raven antes que eu pudesse abrir a boca.

Zero, no entanto, virou a lanterna para o rosto de Raven e murmurou, quase irritado:

— Eu estava falando com ela.

Sem esperar resposta, ele deu as costas e seguiu à frente, deixando eu e Raven trocarmos um olhar confuso antes de continuarmos em silêncio.

Mais tarde, após a patrulha, Jacob convidou todos os soldados para beberem. Fazia tempo que eu não saía para me distrair, então decidi ir. Logo me vi animada e um pouco bêbada, conversando com Raven, que estava sentado ao meu lado. Entretanto, não demorou para perceber que alguém me observava de longe: Zero.

Me aproximei dele, tentando puxar assunto. Porém, fui rapidamente interrompida.

— O que está fazendo aqui? Deveria voltar para ficar com aquele cara. — Ele desviou o olhar, aparentemente desconfortável.

— O que é isso? — Ri, um pouco sem jeito, tentando entender sua reação. — Você está bravo?

Zero soltou uma risada seca antes de responder:

— Por que eu estaria bravo? Não somos nada, afinal.

Concordei com um aceno de cabeça, me retirando para aproveitar o resto da noite com os outros. A partir desse dia, todas as tentativas de me comunicar com ele foram ignoradas, e hoje não foi diferente.

— Zero, você e [Nome] vão averiguar a zona sul — ordenou Jacob. Reclamei mentalmente, mas segui as ordens sem questionar.

Chegamos a uma loja de roupas abandonada. Enquanto eu vasculhava de um lado, Zero revirava o outro. Foi então que o rádio chiou:

— [Nome], Zero, um grupo grande de rastejantes vai passar por aí. Sem tempo para fugir. Se escondam.

Meu coração disparou. Caminhei rapidamente até Zero, que já tinha ouvido o alerta. Juntos, bloqueamos a entrada da loja com varais de roupas e um sofá velho. Não demorou para o som dos mortos se aproximar, destruindo tudo em seu caminho.

O moreno me puxou pelo braço e nos escondeu em um provador apertado. Ele trancou a porta e ficamos ali, espremidos, enquanto o som dos rastejantes ecoava do lado de fora.

Apenas relances de luz atravessavam o pequeno espaço, iluminando partes do rosto de Zero. Eu podia sentir seus olhos me encarando fixamente, como se quisessem atravessar minha alma.