"E eu digo 'Olá, Satanás, eu
acredito que é hora de ir'
Eu e o Diabo
Caminhando lado a lado"
— SOAP&SKIN
Rhiannon
— Você não pode contar o que descobrimos hoje para ele. — Falei para Cedric com meus olhos fixos no caminho a nossa frente.
— E o que eu você quer que eu fale então? Porque chegar de mãos vazias não é uma boa ideia e você sabe disso.
— Podemos mentir dizendo que não encontramos nada lá dentro.
— Você sabe que isso não vai funcionar. Ele não vai acreditar em nós e isso só vai ser pior, ele vai nos acusar de estar mentindo e as consequências vão ser ainda piores.
— Eu sei. — Soltei um suspiro cansada.
Cedric estava certo, eu sabia disso, mas algo dentro de mim me dizia que eu não podia deixar Tristan obter a informações que havíamos conseguido hoje. Ele não podia botar as mãos num amuleto com o poder que esse tinha. Isso seria uma catástrofe.
— E se contarmos apenas meia verdades. — Sugeri começado a formular o plano.
— Hum. — Cedric murmurou me incentivando a prosseguir.
— E se dermos a ele só o suficiente para satisfazer a curiosidade dele, sem entregarmos o amuleto de bandeja? — continuei, sentindo o peso do plano se formar na minha mente.
Cedric olhou para mim com cautela.
— Como assim, "o suficiente"? O que você acha que ele aceitaria?
— Podemos dizer que havia uma criatura lá, que ela nos deu algumas pistas, mas nada conclusivo. Que o amuleto pode estar escondido em algum lugar ainda mais protegido... Algo que justifique porque voltamos sem ele e porque não podemos buscá-lo agora.
Cedric franziu a testa, ponderando a ideia.
— E se ele desconfiar? Tristan é esperto, você sabe disso.
— Ele pode desconfiar, mas não vai ter provas.
— Você sabe que ele não precisa de provas. A bussola moral dele é quebrada, esqueceu?
— Sei disso, mas eu estou disposta a aguentar a ira dele e suas consequências se isso significar que ele não descubra o verdadeiro poder do amuleto, nem onde ele realmente está.
Cedric assentiu lentamente. — E quando ele mandar outra pessoa para buscar?
— Até lá, estaremos preparados. E talvez, só talvez, possamos usar o amuleto a nosso favor. — O peso do que eu dizia me atingiu em cheio. Eu estava propondo enganar Tristan, o homem que nos controlava, o homem que nos usava como peões em seu jogo obscuro.
Cedric respirou fundo, lançando um último olhar de preocupação antes de finalmente concordar.
— Certo. Então é isso. Contamos só o que for necessário... nada mais.
A tensão entre nós não sumiu, mas ao menos tínhamos um plano agora.
Ficamos discutindo os detalhes do que contaríamos a Tristan enquanto caminhávamos em direção à Guarda da Fronteira, e, quando finalmente garantimos que nossas versões batiam, eu o avistei nos esperando. Ele estava sentado em um banco de parque, um senhor mais velho com feições duras e um olhar frio que parecia julgar cada passo que dávamos. Seu rosto se contorceu brevemente em surpresa ao me ver, como se não esperasse que eu voltasse dali com vida—um detalhe que deixou claro para mim que ele sabia muito bem o que havia no cemitério. A verdade era amarga: Tristan esperava que eu tivesse morrido lá dentro. Eu já desconfiava de suas intenções, mas ver a surpresa e o desapontamento em seu rosto me atingiu de um jeito que eu não esperava.
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Caminhando Em Direção Às Sombras
FantasyEm um reino antigo, onde clãs competem por território e poder, Rhiannon, filha de líderes de clãs distintos, vê sua vida virar ruínas quando sua família é brutalmente assassinada durante uma guerra que visava exterminar povos considerados uma ameaça...