Capítulo 19- Residência Dallas

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Louise Dallas

Ônibus são os veículos mais desconfortáveis do mundo, mas hoje eu vejo que ter voltado para casa em um tranquilo e não vergonhoso ônibus teria sido melhor do que estar sentada no banco de trás de um carro ao lado de Kyle Marckense enquanto ele ouve histórias vergonhosas minhas contadas pela minha mãe, histórias como: o dia em que Lou colocou uma calcinha por cima da calça, o dia em que a pequena Lou achou que estava grávida porque deu a mão à um menino, não me julgue.

— Já chegamos? — Perguntava insistente ao meu pai.

— Não seja ansiosa — Ele responde acelerando mais o carro.

Meu pai era assim, sempre dizia coisas como essa, não seja ansiosa, mas no fim sempre fazia o que eu queria. Eu lembro que no sétimo ano eu pedi uma bicicleta de aniversário porque eu era a única criança do bairro que não tinha uma, ele me disse que eu não era todo mundo e que devia me contentar com o que eu tenho, dia 27 de maio, meu aniversário, eu ganhei um grande embrulho em formato de uma bicicleta.

— Chegamos — Minha mãe me tira dos meus pensamentos.

O carro estava parado em frente à casa azul a qual eu cresci. As portas eram de madeira branca e os batentes das janelas também, o quintal tinha grama, que agora estava coberta por uma camada de neve branca, e nos fundos uma piscina rodeada por flores rosas. Saio do carro com Kyle atrás de mim e tiro nossas malas do porta-malas.

— Essa é a minha casa — Aponto para o local.

Kyle apenas sorri e coloca as mãos no bolso de sua jaqueta.

Entramos na casa, minha mão sempre entrelaçadas com as de Kyle, ele estava mais tranquilo do que eu, não me leve a mal, meus avós eram críticos, até hoje meu avô não vai muito com a cara do meu pai, mas eu esperava que gostassem de Kyle, ele era um cara legal, me fazia feliz e teriam de aceitar. O lugar estava como eu me lembrava, na entrada o suporte para jaquetas, a sala de televisão toda bagunçada por causa do terrível Trevor.

— Lou! — Falando no diabo, Trevor corre para me abraçar.

Pego ele nos meus braços e o rodopio pelo ar, sem querer batendo suas pernas em Kyle que apenas ri.

Trevor era o filho da minha vizinha Gina, mas passava mais tempo na casa dos meus pais do que na sua própria casa. Gina é complicada e realmente não tem o dom materno, minha mãe o pegou com o apoio da própria e agora ele vive aqui indo à casa ao lado de vez enquanto.

— Meu mini diabinho! — Digo o colocando no chão.

Trevor olha para o garoto ao meu lado e fica perplexo.

— Eu achei que era mentira, até apostei com a vovó, agora vou ter que dar à ela 10 pratas — Trevor cruza os braços como se estivesse bravo.

— Desde quando vocês apostam sobre a minha vida? — Pergunto indignada.

— Desde que você começou a namorar um jogador de futebol — Diz a senhora de mais ou menos 75 anos com seu vestido bordô.

— Vovó — Solto minhas bolsas e corro para abraçá-la.

Ela me abraça por alguns segundos então me soltar e começar a caminhar até Kyle.

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