Capítulo 24- Welcome to New York.

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Kyle Marckense

Jogo todas as minhas roupas na minha mala preta enquanto espero Louise fazer o mesmo, eu sabia, sabia mesmo, sabia que tudo isso ia acontecer. Desde a minha última lesão  meu pai começou a me pressionar, toda vez que me ligava era para gritar comigo por não me esforçar o bastante no futebol. Continuava insistindo que eu devia fazer testes mesmo estando no segundo ano ainda, o que adiantaria se eu fosse aceito.

Encontro Louise na porta dos fundos, pego sua mão e saímos juntos pelo gramado coberto de neve, pegamos um táxi e nos dirigimos até a estação de trem. Pegamos o primeiro trem para Denver, a capital do Colorado, e de Denver fomos para o aeroporto para decidir onde ir.

— Você quer mesmo ir para alguma cidade por aí e não falar com os seus pais? — Louise pergunta enquanto
eu olho o painel.

— Sim.

Ela me olha apreensiva, sei que não estava falando muito, mas eu sentia que precisava ficar em silêncio.

— Que tal Nova York? — Aponto para o voo na televisão.

Louise apenas concorda com a cabeça e abre um sorriso solidário.

Ela não sabia como me ajudar, eu sabia disso, mas no momento a única ajuda que ela poderia me dar era me acompanhando. No fundo do meu coração eu sempre soube que ir na minha casa iria ser desastroso mas eu fui mesmo assim, porque achei que meu pai não ia brigar comigo na frente da minha namorada, pera ela ainda não era minha namorada. Owen estava certo, eu era um covarde, nem mesmo tive coragem de pedir aquela mulher perfeita e maravilhosa em namoro, ela merecia mais e eu sabia disso.

Fui até a bilheteria e comprei duas passagens para Nova York no voo mais próximo, apesar disso ainda teríamos mais ou menos 50 minutos para nos encher de tédio. Fomos até uma das cafeterias do grande aeroporto e nos sentamos em uma das mesinhas redondas de madeira.

— Vai querer algum café? — Pergunto para a garota.

— Um café preto por favor.

Levanto da mesa e vou no balcão pedir nossos cafés, em poucos minutos pego as duas xícaras brancas e levo novamente para a mesinha. Bebemos nosso café em silêncio, Louise claramente estava me deixando ter o meu espaço, e eu a agradeci mentalmente por isso, era tudo o que eu precisava.

Quando eu era pequeno meu pai me acordava todas as manhãs bem cedo para me levar no jogo de futebol para crianças, sempre dizia como queria que eu fosse um jogador de sucesso, mas nunca foi tão rude em relação a isso, sempre deixou eu ter meu espaço e nunca me pressionou, até a minha lesão. No dia em que ele soube me ligou na hora, disse que pagaria os melhores médicos do mundo e que eu estaria bem em pouco tempo, no segundo dia disse que eu deveria começar a me esforçar assim que melhorar e que eu deveria estar em forma o mais rápido possível, e depois desse dia foi tudo pior.

De repente percebo que minha mão estava tremendo, muito. Era algum tipo de ataque de pânico, eu estava em pânico com uma situação familiar, era a primeira vez que eu ficava assim.

— Eu já volto — Aviso Louise antes de pular da minha cadeira e correr para o banheiro mais próximo.

Me encosto na pia e me olho no espelho, eu estava suando como um
porco perto da morte. Eu sabia o que fazer, ligar para Benedict era o mais óbvio, o garoto era um psicólogo nato, ele saberia me ajudar como da última vez que quase acabei de chorar por estar lesionado. Pego meu celular e ligo para ele pelos meus contatos.

— Fala macho — A voz dele soa do outro lado.

— Estou meio que em pânico aqui.

Um pequeno silêncio se estabelece.

ConfusoOnde histórias criam vida. Descubra agora