24' 𝗸𝗶𝘀𝘀

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                𝑨𝒏𝒂 𝑭𝒍𝒂𝒗𝒊𝒂 𝒑𝒐𝒊𝒏𝒕 𝒐𝒇 𝒗𝒊𝒆𝒘

22/05/2023 — 19:36

— Porque eu... gosto muito de Cecília, e estava pensando nela...

— Não — ele me cortou, o rosto sério e a voz rouca. — Sabemos que não foi por isso.

Seria fácil me desvencilhar e ir embora, deixá-lo ali e não precisar mais ter que encará-lo enquanto ele olhava para mim daquela maneira, como se desejasse algo.

Como se desejasse a mim.

Mas no momento em que o pensamento passou pela minha cabeça, um forte trovão cortou o céu, fazendo-me estremecer.

— Ops — eu o ouvi falar. — Parece que não você não pode ir embora ainda.

E havia algo em sua voz que me surpreendeu.
Algo como alegria?!

Quando os trovões se intensificaram, nós nos afastamos e fomos correndo até a janela do escritório dele, para ver qual era o grau da chuva.

— Você vai ter que passar a noite — Ele falou decidindo por mim.

O mundo estava desabando lá fora.
Uma tempestade violenta caiu sobre Milão inesperadamente, mas sem previsão de passar.

— Ela vai parar. A chuva vai parar.

Ele apontou para o celular em suas mãos, me contradizendo.

— A chuva não vai parar. E mesmo que parasse, não importa. Eles bloquearam as estradas.

Senti o coração acelerando.

- O quê?

Ele colocou o celular na minha mão e deixou que eu lesse a matéria.

Tudo tinha acontecido tão rápido.

Parecia que a chuva só estava aguardando eu chegar na casa dele para cair de verdade.

— Eu não posso ficar aqui, Gustavo.

Ele não parecia dar a mínima para a minha opinião.

— Não só pode, como vai.

Não tive chance de respondê-lo, porque meu celular começou a tocar loucamente.
O tirei do bolso traseiro e o nome de Ana Alice iluminou a tela. Atendi.

— Alô?

Ouvi um suspiro de alívio.

— Graças a Deus! Tive medo que estivesse voltando pra casa.

— Vou ter que passar a noite aqui— eu disse, cedendo.

Ele deu um sorrisinho vitorioso ao escutar.

— Faça isso — ela concordou. — Gabi e Giana chegaram aqui, então não se preocupe comigo.

Soltei todo o ar que estava prendendo.
Ana Alice tinha muito medo dos trovões, e eu me sentia menos culpada por não estar com ela sabendo que as meninas estariam com ela.

— Ainda bem. Me liguem se precisar de algo, ok?

Consegui ouvir a voz no seu sorriso enquanto ela dizia:

— Tá.

Já estava prestes a finalizar a ligação quando algo me ocorreu.

— Ana Alice! — Praticamente gritei.

Gustavo, que estava do outro lado da sala, ficou em alerta.

— Merda — Ana Alice resmungou — estava torcendo pra você esquecer.

 𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐘 x 𝗺𝗶𝗼𝘁𝗲𝗹𝗮.Onde histórias criam vida. Descubra agora