Eu mal tinha processado o que acabei de ler, e já estava enlouquecendo novamente com o barulho vindo da porta. Alguém batia freneticamente, e eu não precisava nem abrir pra já saber quem era. Catarina.
— O que tá acontecendo? — Ana Flávia questionou, sonolenta abrindo os olhos.
Dei um beijo na testa dela e levantei da cama.
— Nada. Durma um pouco mais, eu volto já.
Ela murmurou uma confirmação e eu fui até a porta, abrindo apenas o suficiente para conseguir passar, sem permitir que Catarina visse dentro do quarto.
— Já viu as notícias, não viu? — Ela questionou, antes mesmo de eu conseguir fechar a porta.
Assenti.
— Felipe acabou de me ligar para falar sobre isso.
Ela levou as mãos para suas têmporas e massageou devagar.
— Isso está me dando dor de cabeça.
Catarina tinha acabado de voltar para a Italia e estava determinada a se dedicar totalmente a empresa, principalmente depois de comprar mais ações. Ela continuava sendo uma acionista minoritária, mas estava buscando um cargo na diretoria.
— Vou resolver isso — informei — então não precisa se preocupar.
Ela riu, parecendo irritada.
— Só há uma maneira de resolver isso, e eu tenho dúvidas se você teria coragem de fazer isso.
Arqueei uma sobrancelha.
— Fazer o quê?
Ela apontou para atrás de mim e disse: — Se afastar dela.
Quando me virei para trás, Ana nos encarava com um olhar confuso.
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𝑨𝒏𝒂 𝑭𝒍𝒂𝒗𝒊𝒂 𝒑𝒐𝒊𝒏𝒕 𝒐𝒇 𝒗𝒊𝒆𝒘
— Sobre o que é que vocês estão falando? — questionei, aérea.
Eu tinha acabado de acordar e tudo o que eu havia escutado tinha sido Catarina mandando Gustavo se afastar de mim.
Essa mulher... essa mocréia. O que mais me intriga é a maneira como ela fala com ele, como se tivesse algum direito de opinar sobre sua vida pessoal.
E o que me incomoda mais ainda é o silêncio dele, que nada respondeu desde que cheguei até aqui. Ele continua me encarando, calado, enquanto Ela me metralha com o mesmo olhar de julgamento que tinha da primeira vez que nos vimos.
A diferença é que agora eu não uso o seu pijama, mas sim uma camisa de Gustavo, e ela não pode me mandar tirar.
— Você não tem suas próprias roupas não garota? — ela perguntou com um ar de deboche.
