Antes De Você

Capítulo 2.

Eduardo .

- Belo dia em que se resolve se mudar né espertalhão. - disse para mim mesmo enquanto andava em direção á ponte em plenas 6 e meia da tarde com o céu já gritando chuva que ia cair em qualquer momento.

Eu sempre fui de tomar decisões assim radicais de última hora, ficar pulando de galho em galho, nunca gostei de morar com os meus pais.

Mas agora é definitivo, vou morar com a tia.

Não que seja uma opção, já que praticamente me expulsaram de casa por levar aquela guria pra lá e dar mó rolo, mas o que posso fazer, aliás sempre gostei duma aventura.

Já era visto que meus pais só estavam esperando eu completar meus 18 anos pra me botar pra correr, até que nem foi uma grande surpresa.

...
Eu estava começando a cruzar a ponte da amizade quando então algo me chamou a atenção, ou melhor dito "alguém". Aparentemente estava encima das grades de segurança da ponte, e era evidente que estava prestes a se jogar.

Fui me aproximando devagar e então percebi que era uma garota, aparentava ter quase a mesma idade que eu, ela usava tênis claros, e uma calça e um casaco de moletom escuros, más só no momento em que notou minha presença pude ver seu rosto, e era... era... Incrível, a pesar da expressão de choro e angústia aquela garota tinha o olhar mais doce e lindo que já vi, os olhos cor de âmbar eram lindos com cílios enormes e o cabelo castanho chocolate com alguns fios soltos era simplemente perfeito.

Tudo nela era lindo e eu não podia simplesmente deixar ela se jogar daquela ponte, ela tinha uma expressão cansada e eu só queria pode conhecê-la melhor e saber qual o motivo de tanta tristeza.

Então fui me aproximando com delicadeza e deixei minhas malas ao lado das suas que estavam amontoadas no chão.

Me agarrei na grade e fui trepando até chegar á altura dela, e porra, isso é muito alto, comecei ficar meio tonto mas respirei fundo e me sentei na grade mantendo um pouco de distância dela.

Então quis dizer algo mas nunca me senti tão nervoso do lado de alguém assim.

Olhei pro horizonte sentindo a brisa e fingindo não perceber o estado da garota e enfim soltei algumas palavras  - linda noite não? - e nesse exato momento já me senti a pessoa mais patética do mundo, tipo a garota ali prestes a se matar e chega alguém idiota com eu e solta essas palavras???

E como eu imaginava ela deve ter realmente me achado um idiota, a garota levanta o olhar e me analiza por uns minutos, tempo suficiente para me deixar ainda mais curioso sobre essa menina, o olhar triste dela virou um olhar sério e duvidoso, daria tudo para saber o que se passa na cabeça dela nesse momento.

Então continuei a tentar puxar assunto.

- vem sempre aqui? - a garota me analiza mais uns segundos e não diz nada, estou ficando ansioso e não sei mais oquê fazer .

- você parece cansada- lanço pela terceira vez desde um tempo.

Ela abre levemente a boca para falar e a fecha novamente...

Alguns minutos se passam até que ela finalmente diz.

- oquê está querendo comigo? Porquê simplesmente não continuou seu caminho?

E eu me sinto confuso mas respondo sua pergunta óbvia - é o que qualquer pessoa faria se visse alguém prestes a se jogar de uma ponte , não poderia te deixar sozinha aqui, isso seria desumano.

- pra mim isso é normal, ninguém tem motivos para se importar comigo.

- pra mim não, eu me importo, me importo com você.

Ela joga o hombro pro lado como se fosse me acertar , porém estamos á uma certa distância um do outro, e diz - para de ser bobo garoto você nem me conhece.

- mas quero. - e de verdade eu queria muito conhecer aquela garota, ela despertou uma curiosidade imensa em mim.

- tarde de mais não acha? Não sei se você percebeu mas atrapalhou um momento importante pra mim .

Eita que eu já percebi que mesmo toda borocochó ela consegue se fazer de difícil.

- olha garota, não sei as coisas que você já passou, não sei o que te trouxe até aqui e muito menos o que se passa na sua cabeça nesse momento, a única coisa que eu sei é que você não pode desistir assim, sua vida não precisa acabar desse jeito.

- minha vida acabou á dois meses - engoliu em seco.

Eu fiquei sem palavras, e assim ficamos em silêncio por um bom tempo.