Antes De Você

Capítulo 6.

Laís.

Mal abro meus olhos e já vejo os raios de sol adentrando á janela de vidro com as cortinas meio abertas, que saudades dessa sensação de "casa".

O problema é que sei que ela vai acabar quando sair desse cuarto, e nunca vai voltar a ser como antes, não depois do que aconteceu.

Não quero sair daqui, não tenho a mínima vontade de ver ninguém hoje, porém acho que preciso tentar uma convivência com os meus pais.

Com muito esforço vou me arrastando da cama preguiçosamente até estar no chão, aproveito pra refletir mais um pouco olhando pro teto e logo enseguida me levanto.

Vou ao meu guarda-roupas pegar minha escova de cabelo e percebo que está tudo exatamente do mesmo jeito em que deixei quando saí daqui.

Destranco a porta e me dirijo ao banheiro, depois de toda a viagem e reviravolta preciso de um banho pra tirar tudo de ruim e relaxar um pouco.

Tiro a roupa e entro embaixo do chuveiro, a água gelada escorre pelo meu rosto.

Tomar banho sempre foi uma das minhas coisas preferidas mas depois que comecei usar esse tempo pra organizar meus pensamentos virou algo não muito agradável.

Cada vez que fecho os olhos me lembro dele naquele caixão, as memórias vem todas de uma vez, misturadas, me vejo chorando sobre o corpo dele, depois jogando pétalas de rosa vermelha sobre seu caixão branco dentro do buraco prestes a ser tampado, e logo enseguida vejo... Sangue.

O pior de tudo, pensar que eu já tive uma partezinha dele crescendo dentro de mim, e saber que ela se foi junto com ele, é terrível.

E como de costume, cá estou eu chorando novamente.

...
Acabei o banho e fui para a cozinha procurar algo para comer, corto um pão ao meio e faço um sanduíche, é aí então que percebo a presença da minha mãe, apoiada na parede, me observando com o pensamento distante.

Vejo seu olhar de desgosto e amargura.

- bom dia - disse á ela tornando sua atenção á mim.

- ah, oi - responde ela em um susto após perceber que estou falando com ela.

Pego meu sanduíche e me sento do lado de fora de casa no sol brilhante e ardente, confesso que tinha saudades disso.

Minha mãe vem logo enseguida e se encosta na porta olhando pro nada no horizonte da mesma forma que eu.

- pensa retomar os estudos? Já que jogou tudo pro alto seria uma ótima opção não acha? - jogou na minha cara.

- estou considerando - digo com um tom de indiferença.

- acho bom, e vai te fazer bem interatuar com pessoas novamente- diz ela , e enseguida sai calmamente.