04.꒷꒦₊˚ Evento de canto ⋆

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─ 𓏲࣪⊹ ⋆ Bruno ON ⋆

𝐄u tava bastante pensativo, não tinha feito nada, será que foi justamente por eu não ter feito nada? Mas o que eu poderia ter feito? Ou o que eu não deveria ter feito? Será que... Não.. é impossível que ele tenha escutado aquilo, né?

Eu já estava ficando bastante paranóico, ele passou vários dias estranho comigo, não almoçarmos mais juntos, não vamos juntos para o estacionamento, nem fazemos nosso planejamento juntos, e a cada dia que se passava mais distante ele se tornava.

Foi quando em um dia específico enquanto eu estava atordoado em meus próprios pensamentos sentado, apenas esperando o horário para liberar os alunos pro recreio, uma das minhas alunas me tira do meu transe me chamando ─ professor ─ virei meu rosto e olhar em sua direção curioso para saber do que se tratava ─ a gente teve uma aula com o professor Felipe agora pouco, e ele nos disse que você sabia tocar guitarra ─ estranhei um pouco, mas resolvi ignorar ─ toco sim, toco piano e guitarra, e as vezes também sei cantar, por que o interesse? ─ então, é que a nossa turma e mais outras turmas estamos planejando um evento de canto, só que eu não sei tocar nenhum instrumento, e gostaria de lhe pedir um pequeno favorzinho ─ ela fez cara de cachorro abandonado esperando eu complementar sua fala, dou um sorriso concordando ─ posso tentar te dar uma ajudinha nisso ─ ela me agradeceu e saiu de perto de mim pulando feliz indo contar a seus amigos.

eu não me importava tanto sobre isso, mas confesso que fiquei curioso para saber como o Felipe soube disso.. além do mais eu só tinha contato isso ao Erick.. enfim, seria uma boa distração para mim, não estava conseguindo me concentrar em outras coisas sem tirar Erick de minha cabeça.

Descobri mais tarde, um pouco mais sobre esse evento de canto, seria os 6°, 7°, 8° e 9° ano que iriam apresentar, alguns solos, algumas duplas, trios, quartetos e grupos em geral, confesso que estou ansioso para isso, embora faz bastante tempo em que não toco nada, muito menos canto.

A data prevista era para daqui a 6 dias, não era tanto mas também não era pouco, seria o suficiente para eu poder aprimorar um pouco, e saber se ainda sei tocar, embora na escola Erick nem na minha cara sequer olhava, mas resolvo ignorar isso por enquanto, quando já em casa, retiro minha guitarra do fundo do guarda roupa, com poeira e um pouco de teias de aranha, mostrando o tempo em que tinha ficado guardada e esquecida no fundo do guarda roupa, ela era azul marinho com alguns detalhes em dourado, com alguns adesivos que eu mesmo coloquei de algumas bandas de rock quando era mais novo, resolvo tentar tocar uma música que nunca tinha saído de minha cabeça, que seria uma das minhas músicas favoritas de uma banda de rock.

Só para testar, no silencioso quarto, e começo a lentamente tocar as cordas da guitarra "November Rain" da Gun's in Rose, enquanto tocava eu cantarolava baixo a letra da música, no fim dando um sorriso contente e orgulhoso percebendo que mesmo com o tempo, o que a gente se aprende, a gente nunca se esquece.

Sozinho e jogado no sofá da sala de formar desleixada, enquanto passava algo completamente aleatório na televisão apenas para ser o som de fundo, mexia no celular, stalkeando o perfil do Instagram de Bruno, vendo storys dele se divertindo com sua esposa, na academia, em sala de aula... o que parecia ser facas em meu coração, quando recebo uma notificação do direct do Instagram, era aquela mesma aluna que tinha me pedido ajuda para o evento de canto, a gente conversou um pouco para se organizar sobre qual música seria, e o que cada um faria, me ofereci para a ajudar na escolha da música, e tocar guitarra, ela recebeu toda ajuda de braços abertos.

Já era o dia do evento, mesmo já acostumado a falar na frente de tanta gente, estava bem nervoso por sinal, era minha primeira vez tocando guitarra em público, mas tentei me acalmar, no banheiro dos professores faltando poucos minutos para chegar nossa vez de apresentar, já podendo se escutar outros alunos cantando, molhei meu rosto e dei leves tapas para tentar "acordar", vejo pelo reflexo do espelho a porta se abrir e vejo Erick adentrando o local, na hora em que fizemos uma troca de olhares, ele deu meia volta prestes a sair e fechar a porta quando o segurei pelo pulso o fazendo me olhar ─ olha Erick, eu realmente não sei o que eu tenha feito ou não ter feito, mas por favor me fala o que é para eu poder tentar resolver as coisas, ou o que posso fazer para mudar as coisas, mas não para de falar comigo desse jeito ─ ele deu de ombros fazendo um movimento brusco com o braço para eu o largar, que na hora até me causou uma certa dor ─ eu já falei, são problemas pessoais meus, e quando eu me sentir bem em conversar contigo, eu volto, agora eu tenho que ir ─ ele me olhou com uma expressão de dar calafrios, naquela hora eu me senti um completo lixo, e tudo que eu queria era sumir pela humilhação que tinha acabado de passar.

Com o nó na garganta, saí do banheiro indo rapidamente ajeitar as minhas coisas, e já no palco, com muita gente em minha frente, sendo elas todas alunos e pouquíssimos professores, o início da música "Poker Face" da Lady Gaga começa, enquanto as garotas arrasavam em cantar inglês, eu começo a ter uma participação, com o público bastante eufórico, começo a tocar fazendo os alunos ficarem impressionados, e um pouco frustado e abalado com o que tinha acontecido no banheiro, eu começo a tocar com uma certa raiva e um pouco mais alto, causando consequências em meus dedos.

Quando finalmente tudo já tinha acabado, e outras pessoas foram apresentar, eu fui guardar minha guitarra na sala dos professores ─ você foi incrível ─ eu sei disso ─ respondi sem olhar quem era, julgando que seria Erick, pois não reconheci bem o tom da voz ─ parece que alguém aqui está irritado, posso saber o por que? ─ dou um soco na mesa me virando prestes a explodir de raiva quando me toquei que na verdade era Felipe ─ ah... Desculpa, achei que fosse o... ─ Erick? Tudo bem, muitos dizem que nossas vozes se parecem ─ ele se aproxima mais para perto de mim ─ sabe, eu gostaria que você tocasse assim uma vez para mim.. ─ ele fala alisando meu braço, o que me fez olhar por um momento, mas acabo ignorando ─ eu não sei, talvez eu até toque, é até bom que eu não perco a manha, por que faz bastante tempo que nem encosto nessa guitarra ─ a gente ficou alguns segundos se encarando quando percebo que na hora em que Felipe pretendia se aproximar mais, pude perceber seu olhar em meus lábios, o que me fez arrepiar, mas não recuar, vejo Erick entrando na sala, fazendo eu me distanciar de Felipe repentinamente e ele abaixar a cabeça, Erick olhou torto para nós dois, mas não falou nada e só pegou suas coisas um pouco apressado e saiu da sala.

─ olha... Tá rolando algo entre vocês dois não é? ─ ele pergunta me olhando nos olhos novamente ─ pior que eu não sei, literalmente da noite pro dia ele ficou estranho comigo ─ ...você gosta dele né? ─ Felipe me pergunta isso na cara de pau ─ o q-que?! ─ me assusto com a pergunta ─ eu vejo como você olha para ele, e mesmo com pouco tempo em que vocês se conhecem, parece que o fato dele não querer falar contigo, te afeta completamente ─ eu fico calado apenas o escutando ─ de gay para gay, seja franco consigo mesmo ─ .... bom.. talvez eu até sinta uma admiração por ele mais forte do que só colegas de trabalho ─ falo com vergonha ─ mas isso é normal ─ ele se senta na cadeira giratória da sala ─ eu já senti atração romântica pelo Marcos, mas ele é super hétero ─ sério? ─ pergunto incrédulo me sentando também ─ nos formos juntos a uma festa com a galera, quando eu estava um pouco bêbado, eu cheguei nele flertando, e acabei tentando o beijar, quando ele me recusou na hora ─ ele ri com a própria vergonha ─ e como vocês estão hoje em dia? ─ pergunto curioso ─ normais, o mundo continua girando, os dias continuam com 24 horas, e o sol se põe quando a lua sobe, embora que eu continuo vivo, então ─ ele deu de ombros, fiquei calado em perceber o que ele quis dizer, mas ainda fiquei um certo constrangido ─ por favor, não conta para ninguém ─ minha boca é um túmulo boneca ─ ele fala com sinal de silêncio.

Depois daquele dia eu comecei a pensar mais sobre o assunto, quando vejo que chegou mensagem no grupo dos professores, era ele, Felipe convidando todos os professores para uma festa que teria nesse fim de semana, era claro que eu iria.

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𝗔𝗺𝗼𝗿 𝗘𝗻𝘁𝗿𝗲 𝗡𝘂𝗺𝗲𝗿𝗼𝘀 | 𝐁𝐨𝐲𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞𝐫𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora