Capítulo 2 - Soluções

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A cabeça de Izuku ainda era um turbilhão de pensamentos que sempre atacava quando abaixava a guarda, e eventualmente tomou o habito de conversar com si mesmo para tentar chegar a uma conclusão.

Havia seu eu esperançoso, vez ou outra depreciativo, e o seu eu que dizia que o mundo é uma vadia e constantemente o chamava de estupido e patético por ter pensamentos tão ingênuos.

Aquilo se tornava cada vez mais comum em seu dia-a-dia, principalmente quando era intimidado por seus colegas.

-Midoriya. – O seu professor levantou a mão para que Izuku fosse até sua mesa.

Ah, e, quase toda a semana do último mês seus professores marcam reuniões com si para o tentar fazer mudar de ideia sobre seus planos para o futuro.

Algo que ele aprendeu a ignorar com respostas levemente vagas. Em sua opinião, era muito mais interessante repreender a si mesmo por ter pensamentos sobre como explodir a escola e dominar o mundo do que ouvir seu professor.

-Eu entendo professor. – Ele sorriu gentil ao ver o homem terminar com seus latidos. – Eu irei pensar sobre isso, prometo. – Ele se curvou levemente saindo dali.

Sinceramente ele já não se importava com nada, ainda tinha sua parte esperançosa que sempre irá querer ser um herói, mas agora a sua parte racional - não tão racional assim - o dizia para calar a boca e deixar de ser idiota.

E uma longa discussão sobre aquilo continuava internamente sem parar.

-Chega! – Ele disse com a voz elevada balançando sua cabeça de um lado ao outro, odiava seus pensamentos invasivos.

Ele respirou fundo ao ver seus colegas se aproximarem de si, Bakugou havia se tornado uma pessoa insuportável desde que descobriu que Izuku queria ir para a U.A., sua vida escolar era seu inferno pessoal.

Ajeitou sua mochila amarela nas costas indo em direção a sua casa, o seu dia não havia sido bom, mas poderia ter sido pior.

Dessa vez Kachan apenas disse palavras sobre ele não poder fazer a prova da U.A. e mais e mais ladainhas sobre como ele é perfeccionista e quer ser o único.

Izuku trilhou o mesmo caminho de todos os dias e se sentiu levemente nostálgico sobre o dia em que foi atacado e salvo.

E como de costume seus pensamentos invasivos debochou de si o chamando de idiota.

Ele respirou fundo.

-Mãe. – Chamou abrindo a porta de casa, logo viu a mulher correr em sua direção e o abraçar. – Tadaima. – Ele sorriu de leve acariciando seus cabelos.

Izuku era um péssimo filho.

Inko o mandou ir tomar banho e depois descer para almoçar, o garoto concordou levemente com a cabeça, ela fazia esse mesmo ritual sempre que ele chegava, as vezes Izuku a ignorava e outras vezes conseguia força o suficiente para se sentar à mesa com ela, em completo silêncio.

Sendo sincero, ele mesmo estava cansado e irritado com seu próprio comportamento, sentia pena de sua mãe por ser tão gentil com ele sendo um completo babaca.

Inko nunca havia levantado a voz para si ou mesmo o repreendido, mesmo quando suas notas começaram a cair, ela apenas lhe deu um sorriso compreensível e disse que ele conseguiria recuperar.

Sua mãe era incrível.

Ele se jogou a cama com a toalha enrolada na cintura enquanto descia seu feed de notícias.

No último mês o que mais era comentado era sobre a nova heroína em ascensão, Mont Lady. Em tão pouco tempo ela se envolveu em diversas polemicas com outros heróis.

Izuku se levantou da cama indo até sua estante de livros e de lá retirou seu caderno surrado número 13 sobre heróis. Se lembrava do dia da estreia da heroína gigante, mas estava evitando pegar aquele pedaço inútil de papel por ter marcas do grande herói número 1 e de seu querido amigo.

Ele se sentou na escrivaninha e começou a escrever sem parar. Deus, como ele havia sentido falta de ficar analisando qualquer coisa que visse pela frente, aquilo completava o que faltava em si.

-Izuku. – Ouviu a voz baixa de Inko ao chamar, de repente o garoto pareceu despertar e então notou o sorriso em seu rosto. – Filho...

-Já vou! – Disse divertido terminando de fazer algumas anotações.

Havia duas coisas que Izuku amava nesse mundo, sua mãe e suas análises de stalker, ele podia não conseguir ser um herói, mas nada o impedia de continuar com aquele hobby ridículo que ele tanto amava.

Mais alguns minutos se passou e ele finalmente fechou o caderno, ele queria mais informações, ele queria ver a heroína polemica lutar outra vez.

Ele se vestiu e logo desceu para a sala onde sua mãe o esperava na mesa.

E então a realidade voltou a atingir a si tão fortemente quanto antes, ele ainda não fazia ideia do que fazer após o fundamental e faltava pouco mais de 8 meses para se formar.

-Izuku. – A mulher sorriu radiante para si lhe servindo um pouco de Takoyaki.

Izuku olhava vago para sua comida enquanto brincava com seu hashi. Ele estava em um ponto que ele próprio se achava patético. Para onde havia ido aquele garoto esperançoso que sempre sorria para os quatros cantos do mundo mesmo que o mundo estivesse contra si?

Ele soltou um suspiro forte.

-Mãe. – Divagou recebendo a atenção quase de imediato. – Acho que irei me inscrever na escola em que você frequentou.

Os olhos da mulher brilharam quase instantaneamente e Izuku acabou sendo contagiado por sua alegria.

Ele havia se decidido, ele não queria continuar a magoar sua mãe, então iria vestir uma máscara e afundar todos os seus problemas no fundo de seu coração.

Se isso significasse que sua mãe voltaria a sorrir, que ele não teria que a escutar chorando em seu quarto durante a noite enquanto se culpa, que ele não verá ela ter indícios de crises de ansiedade, ele estava disposto ao que fosse preciso.

-Tem certeza, Izuku? – Ela franziu suas sobrancelhas como se questionasse algo com si mesmo.

-Eu estive pensando nisso por algum tempo. – Deu de ombros voltando a mexer em sua comida. – E pelas coisas que você me contou, parece ser uma boa escola.

-Sim, sim! – Ela concordou freneticamente com a cabeça. – Talvez tenha mudado as coisas, mas em meu tempo haviam diversos clubes em que você podia participar, e como não é uma escola de heroísmo ninguém está realmente ligando para coisas inúteis como a individualidade.

Izuku evitou olha-la por um segundo, antes de voltar a encara-la, quero dizer, sua escola de agora também não era uma de heroísmo, mas ainda sim isso importava.

Inko continuou a contar sobre como conheceu Masaru em seu tempo de escola e sobre como ela era membro do time de lacrosse e chegou a ir para os nacionais.

Izuku não queria pensar muito, mas realmente estava curioso para saber o motivo de sua mãe não ter seguido a profissão. Talvez por causa dele?

Talvez ele tenha a feito de desistir de seus sonhos?

O jantar passou ainda mais lentamente com aquelas duvidas estupidas em sua cabeça, sua mente estava a um turbilhão que não o deixava prestar atenção em qualquer coisa ao seu redor.

Quando voltou a si ele já estava jogado em sua cama encarando o teto.

Sua mãe havia se sacrificado tanto por ele, então por que ele continuava a ser um filho ruim?

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