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A chuva caía pesada

A cada gota uma bala líquida, perfurando o véu da noite e esculpindo a face de Wooyoung com suas gélidas carícias. O céu chorava, mas não havia consolo na tempestade. Ele corria, seu coração, um tambor enlouquecido, marcando o ritmo da fuga desesperada. As árvores ao seu redor se tornavam gigantes sombrios, suas copas dançando em um balé sinistro, sussurrando segredos antigos enquanto ele passava.

O chão lamacento era um traidor sob seus pés, cada passo um combate contra a gravidade e o terror que o consumia. As poças d'água espirravam em protesto, como se a própria terra quisesse aprisioná-lo. Os punhos de Wooyoung estavam fechados com uma força que fazia suas unhas cravarem na palma, o medo um veneno que pulsava em suas veias.

Sua voz era um eco perdido, dissolvendo-se no sopro do vento e no lamento das árvores. Ele corria para escapar de algo que não conseguia nomear, um predador invisível que o caçava nas profundezas da noite. A escuridão era uma entidade viva, um manto opressor que cobria o mundo, mas paradoxalmente, não era ela que o amedrontava. As sombras à sua frente eram desconhecidas, sim, mas carregavam uma promessa de anonimato, um refúgio na sua escuridão envolvente.

A cada passo, o medo o impelia, um chicote invisível que forçava suas pernas a continuarem, a vencer o compasso traiçoeiro do solo escorregadio. Ele corria sem destino, o horizonte uma promessa vazia, um poço de trevas insondáveis. No entanto, em meio ao caos e ao pavor, uma estranha calma o acompanhava, uma aceitação sombria da escuridão que se erguia diante dele, como um abismo ansioso por engolir sua alma aflita.

Porque ele sabia que estava lá.

Wooyoung podia sentir em sua pele algo rastejando além do vento frio que a chuva e o clima de novembro traziam naquela noite. Era um calafrio familiar, um tremor que sacudia seus ossos e fazia sua carne vibrar, o mesmo que todas as presas sentem antes de serem capturadas pelo predador. Ele sabia que poderia correr, mas não bastava.

Em algum momento, seria alcançado.

Ele ergueu os olhos, vasculhando seu entorno mais uma vez. Não sabia onde estava, tampouco para onde iria. Corria há tanto tempo que havia perdido o senso de direção. Tudo que sabia era que estava nas profundezas da floresta, onde as árvores se erguiam como gigantes silenciosos, suas copas entrelaçadas formando um teto espesso que mal deixava a luz da lua penetrar. O chão era mais plano do que os campos irregulares perto da vila, mas não menos traiçoeiro.

Wooyoung olhou para cima, tentando perseguir a lua para encontrar sua direção. A chuva que cercava a floresta e cobria as árvores fazia as copas chorarem sobre ele, transformando a luz da lua em um espectro nebuloso. Ele sentia-se perdido, o medo apertando seu peito como um punho de ferro.

Por mais que estivesse assustado e desorientado, a natureza nunca o traía. As árvores sussurravam segredos antigos, seus ramos entrelaçados como braços protetores. A chuva era um véu, ocultando-o das garras do que quer que o perseguisse. Mas o calafrio persistia, um presságio sombrio de que a caça estava longe de terminar. O predador estava perto, sua presença um manto de escuridão que se aproximava cada vez mais.

Wooyoung correu, o desespero pulsando em suas veias, sabendo que o tempo estava contra ele. A floresta era um labirinto vivo, mas ele continuava movido pela esperança desesperada de escapar do destino que o aguardava.

Ele conseguiu, em sua fuga frenética, ouvir as folhas murmurando, o vento sussurrando-lhe a direção e a chuva apagando seus rastros, protegendo-o daquele que o caçava. No entanto, naquele momento, enquanto olhava desesperadamente em todas as direções, seu coração martelando em busca de uma resposta, mesmo com o céu desabando ao seu redor, a floresta mergulhou em um silêncio mortal.

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