Prólogo

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Ele está morto.

Seu corpo embalsamado, vestido com o terno azul-marinho e o pequeno símbolo da serpente no bolso, jaz em um caixão ônix aberto sobre o altar metálico no centro da sala funerária. Não há luz, não há sombras e, de repente, não parece existir mais ninguém porque ele está ali, imóvel, os olhos fechados para nunca mais abrir. Todos ao nosso redor estão calados rezando, agradecendo o quão bom ele foi para a família Jeon. Outros choram enquanto lamentam a perda do líder e eu os vejo desejar que aquele falecido encontre o paraíso, a esperada paz.

Meu pai está morto.

E não existe paraíso para pessoas como nós.

Não existe agora. Não existe antes. E não vai existir depois.

Porque tudo o que temos é crueldade nas nossas mãos. Sangue de vidas inocentes, dinheiro sujo, planos traçados em inescrupulosidade. Nós matamos, sempre. Às vezes para mostrar o quanto somos poderosos e, outras, apenas para punir. Mas este é quem somos: as pessoas que cresceram sem qualquer resquício de decência. Sem qualquer noção do certo ou errado, apenas com a certeza que conseguimos ter aquilo que queremos.

E, neste momento, enquanto vejo meu pai morto naquele chão, tudo o que quero é vingança. Cruel e fria, não importa o quanto insana soe. Eu a quero. Quero caçar aquele homem, quero vê-lo sofrer como ele fez meu pai e eu sofrermos, e quero...Quero que ele devolva o que é meu. Quero pegar a minha moeda de volta.

E vou fazer de tudo para ter isso.

Olho para meu pai, inerte e pálido. Penso que ela pode estar exatamente igual, jogada por aí.

Meu pai está morto. Ela pode estar morta.

Não existe paraíso para pessoas como nós.

A Moeda de Troca || Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora