O conforto nas sombras

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"Oh deus.." Eu estava em um ambiente sombrio e desconhecido, eu juro! Nunca havia visto esse local em toda minha vida, eu sinto uma sensação de opressão no ar. É tudo tão escuro, eu só vejo árvores ao meu redor e barulhos de galhos quebrando aos meus pés descalços, um local tão denso e sinistro, parece que as árvores se contorcem como mãos ameaçadoras. A escuridão ao meu redor parece se mover e se transformar em formas grotescas, criando uma atmosfera de medo e desespero. Eu sinto algo, alguém me encarar, olhando para trás não havia nada.. Nem ninguém, suspirando eu pensei ser apenas coisa da minha cabeça, olhando de volta para frente, uma machadinha voou em direção a minha cabeça, apenas para perfurar a casca moribunda de uma das árvores, a machadinha estava ensanguentada, coberta com musgos, velha e meio suja, ao tentar sair do local eu estava paralisada! Sem conseguir correr olhei para todos os lados apenas para outra machadinha voar em minha direção, indo acertar minha cabeça em cheio-

Um grito alto foi ouvido do andar de baixo, fazendo-me levantar em êxtase, eu suspirei assustada, passando a mão pelo meu rosto e cabelos, olhando ao meu redor meu despertador indicava que já era 07:38.. Eu ouvi novamente outro grito do andar novamente, reconhecendo ser minha mãe, eu estava atrasada, nós iríamos nos mudar, não muito longe, era apenas porque minha mãe é uma mulher.. muito paranoica. Ela acha que seria melhor irmos um pouco mais longe de uma floresta próxima em moramos que vem causando muita desconfiança a essa pequena cidade, felizmente eu havia tomado banho ontem de noite, eu gritei de volta. - "Espera só um minutinho!" - Eu estava usando apenas um sutiã e um short com estampa de donuts, eu peguei um suéter que meu melhor amigo Arthur havia me dado, me perguntei se eu colocaria outro short, mas o suéter o escondia, então não me importei, me sentei na cama antiga para colocar minhas duas meias com estampas de pinguim, e dois sapatos pretos casuais, peguei meus óculos graduados que estavam em cima da minha mesinha e os coloquei com cuidado em meus olhos, eu me levantei da cama e me olhei no espelho, eu suspirei com minha aparência desgastada, passei a mão pelos meus cabelos ondulados encaracolados, percebi que minha raiz já estava a mostra mostrando que a tinta ruiva já estava saindo, aproximei meu rosto do espelho passando os dedos pelas minhas bochechas levemente sardentas, e em seguida minhas olheiras, meus olhos castanhos obsidiana observando minha aparência, eu bati minha cabeça contra o espelho assustada ao ouvir outro grito da minha mãe, eu revirei meus olhos ao notar que minha testa agora estava avermelhada com a pancada, irritada eu fui até a porta apenas para voltar novamente e pegar minhas malas, consistia em duas malas médias e uma bolsa para meu notebook, caderno, bem.. coisas pessoais! Com dificuldade abri a porta com o cotovelo e comecei a descer as escadas, eu odiava essas escadas, eu tropeçava quase toda vez, orgulhosa ao notar que eu não havia tropeçado nem uma vez, sorri mostrando minha covinha, minha mãe estava encostada no balcão da cozinha me esperando, meu pai lá fora, meu pai irritado praticamente se coçava com minha demora. - "Meu Deus.. você sabe como seu pai é, eu mandei você colocar o despertador!" - Sua mãe reclamou pegando uma de suas malas e caminhando até a saída, eu suspirei. - "Eu fiz isso, eu juro! Eu até fiz pra ele me acordar 10 minutos antes!" - Eu tentei responder e justificar caminhando ao lado dela com minhas bagagens. - "Tem certeza que você não colocou 10 minutos a mais em vez de 10 minutos antes?" - Ela zombou com um suspiro colocando a mala dentro do caminhão com dificuldade, eu coloquei a minha mala junto a outra, mas eu deixei a minha bolsa ao meu lado por ter coisas mais pessoais, além de que eu tinha medo de deixar meu notebook sozinho e ele quebrar, eu não duvidaria se ele quebrasse de repente, eu não duvido de mais nada dessa cidade. - "Aí a senhora já tá me humilhando, eu não sou tão míope assim mãe.." - Falando dessa maneira eu ajeitei meus óculos com um suspiro. MInha mãe entrou dentro do carro, meu pai já estava no banco do motorista olhando irritado para o retrovisor, ele suspirou irritado e franziu a testa. - "Dá próxima vez eu deixo vocês duas" - Eu sabia que ele falava isso apenas porque ele estava irritado, mas eu ainda sentia um toque de verdade em suas palavras, eu ri fingindo considerar aquilo uma piada e me sentei no banco de trás, eu olhei para minha mãe, ela parecia estar lendo um livro, ela sorriu para mim e voltou seus olhos ao livro, interessado eu me inclinei para mais perto dela para ver o que era, era uma bíblia, minha mãe era muito focada nessas coisas religiosas, eu já não sabia de nada e nem planejava saber, mas ainda sentia uma certa curiosidade por tudo isso. Fiquei tanto tempo bisbilhotando que não percebi o nosso carro já se movendo seguindo o caminhão de mudança, eu suspirei, minha mãe finalmente me encarou pela visão periférica, ao notar meu tédio ela perguntou. - "Você.. quer ler?" - Eu forcei um sorriso e balancei a cabeça recusando, eu me rastejo até mais perto da janela e observei as casas passando com um olhar tedioso, virei meu olhar para o retrovisor, vendo meu pai, ele tinha uma pele mais escura, cabelos curtos e grisalhos, com olhos azuis meio esverdeados, com uma camisa social vermelha, e uma bermuda preta com tênis pretos, minha mãe já tinha cabelos castanhos antes cacheados agora alisados com luzes, olhos castanhos escuros e sardas adornando suas bochechas, usando uma camisa azul marinho e calças jeans e sapatos sociais. Talvez se eu.. fechar meu olhos por um tempinho.. o tempo passe mais rápido..

The Trail of BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora