Escolha o amor

Capítulo 1 - Sophie

- Bom dia Sr. Yost!

- Bom dia Sophie! O que vai querer hoje? – Ele me responde com um sorriso no rosto.

- O mesmo de sempre. As pessoas estão amando a nova receita. Os ingredientes que eu vim comprar ontem já acabaram!

- Parabéns menina! – O Sr. Yost me lançou um sorriso sincero de felicidade e me contagiou com o seu entusiasmo. Agradeci, paguei as compras e saí alegre pelas ruas.

Nossa cidade há poucos anos se emancipou e fundou um reino próprio. Estávamos cansados de viver pagando os altos impostos que a província de Bourdeaux nos obrigava a pagar, sem receber nenhum retorno. Todos nós estamos nos adequando a nova realidade. Sofremos um embargo econômico de Bourdeaux e muitas pessoas perderam seus empregos, mas a cidade uniu-se ainda mais para apoiar os novos comerciantes e fazer o reino prosperar. A família que assumiu o comando batizou nossa cidade com o sobrenome deles, Leveaux, e desde então têm feito o possível para ajudar a população.

Mas as coisas não têm sido fáceis, como a cidade é muito nova, é nossa primeira geração de governantes e as outras províncias não põem muita credibilidade em nós, nem os bancos estão dispostos a nos conceder um empréstimo. A situação piorou drasticamente depois que o patriarca da família Leveaux morreu e, para completar, a matriarca ficou doente.

Alguns cidadãos de Leveaux não acreditam que o herdeiro, Théo Leveaux, tem a capacidade de conduzir nosso jovem reino, nem de conseguir o apoio de outras províncias, enquanto outros cidadãos confiam que a ajuda logo vai chegar. Eu me mantenho otimista, confiante que, com muito trabalho, nossos vizinhos verão nosso potencial. Já meu pai é um pouco cético, afirma que alguém de 22 anos não está apto para conduzir nossa província, e que ainda teremos um longo caminho para nos estabelecermos no cenário mundial.

Estou tão absorta em meus pensamentos que mal percebo a figura a minha frente. Felizmente consigo desviar do homem a tempo e sigo meu caminho pela praça central. Quando reparo melhor na figura em que eu quase esbarrei, percebo que ele parece perdido, como se estivesse procurando alguma coisa, faço menção de ir ajudá-lo, mas logo o perco de vista devido à multidão.

Ao chegar em casa, encontro meu pai com um olhar preocupado.

- O que aconteceu pai? – pergunto aflita.

- Nada demais filha, só estou testando uma nova receita, para aumentar nossos lucros.

- Eu te conheço Benedito Villeau, sei que não é só isso. Recebemos alguma notícia da mamãe?

- Sim, filha – diz ele com o olhar triste - recebemos um telegrama em que ela fala que não vai voltar para casa esta semana, surgiu outra exposição para ela apresentar suas invenções em Linux e ela seguiu viagem, só deve voltar para casa daqui a três semanas, isto se não surgir outra exposição até lá.

- Sinto muito pai, eu sei que as coisas andam apertadas, mas vamos dar um jeito, como sempre demos, vou trabalhar mais horas, não se preocupe, vamos dar conta. – Tratei de colocar um sorriso no rosto para tranquilizá-lo e não deixar que ele perceba minha decepção.

Eu entendo que minha mãe está perseguindo seus sonhos de patentear uma de suas invenções e que isso seria maravilhoso para todos nós, mas ela tinha mesmo que passar tanto tempo fora? As coisas têm sido difíceis depois que meu pai perdeu o emprego.

Meu pai é um cozinheiro de mão cheia e fez das suas receitas nosso ganha pão, o único problema é que só temos uma receita de sucesso, os clientes realmente a adoram e cada vez tem chegado mais pedidos, mas como nosso lucro é pequeno, já que precisamos baixar os preços para que as pessoas pudessem comprar, devemos fazer em grande quantidade se quisermos obter um valor razoável e só nós dois não estamos dando conta, uma mãozinha extra seria de grande ajuda.

Essa situação me deixa bem frustrada, mas o olhar esperançoso que meu pai me lança ajuda a esquecer os problemas e focar no trabalho que temos a fazer.