Acordei um pouco mais cedo e decidi vir limpar as mesas e colocá-las no jardim da nossa casa, é um lugar pequeno, cabe apenas quatro mesas, mas é bastante aconchegante. Meu pai aparece na porta e pendura a placa onde está escrito "Restaurante Villeau - Prato do dia: Risoto de cogumelos".
- Filha, - diz ele olhando para mim - estou pensando em acrescentar um novo prato ao nosso cardápio, o que acha de ir comprar uns ingrediente na loja do Sr. Yost?
- Claro, pai, estou terminando aqui.
Pego a lista de sua mão e me dirijo à loja com alguns trocados no bolso. No caminho de volta, já com tudo à mão, encontro o mesmo homem do dia anterior, agora sentado no banco da praça e olhando ao redor, como se estivesse procurando algo. Seu jeito de se portar e de se vestir saltam aos meus olhos, decido ir até ele oferecer ajuda.
- Bom dia! Notei que o senhor está um pouco perdido, está precisando de algo?
- Bom dia, senhorita! Estou procurando algo, mas receio que não possa me ajudar - responde o cavalheiro com um sorriso gentil - a propósito, como posso chamá-la?
- Sophie, Sophie Villeau. Prazer em conhecê-lo Sr...
- Antoine Berny. Na verdade, Srta. Villeau, acho que pode me ajudar sim, por acaso conhece algum lugar que eu possa desfrutar de uma boa refeição?
- Perguntou a pessoa certa! Estou indo para o melhor restaurante da cidade, pode me acompanhar se quiser.
Antoine juntou-se a mim na caminhada em direção ao restaurante do meu pai. Ele tem um ar misterioso, algo me diz que não era exatamente um lugar para almoçar que ele estava procurando. Decido puxar conversa para conhecê-lo melhor.
- Então Sr. Berny, o senhor é daqui mesmo?
- Não, minha jovem, estou apenas de passagem, mas devo dizer que sua província é encantadora. Gosta de morar aqui?
- Gosto muito! A população local é bastante unida, mesmo nos momentos de dificuldade ajudamos uns aos outros, acredito que não deva existir muito disso por aí afora, além de que esse pedacinho de chão é muito charmoso.
- Devo concordar com você, para onde olhamos vemos uma paisagem bonita, não sabia que estar localizado no meio de um vale trazia tantos benefícios. - respondeu o homem - Mas devo perguntar também, Srta. Villeau, como estão os cidadãos da província depois da morte do patriarca da família Leveaux?
Senti que havia algo a mais nas entrelinhas da pergunta feita por ele, a identidade daquele sujeito estava cada vez mais misteriosa, sua pergunta não parecia apenas uma curiosidade inocente, mas resolvi respondê-lo com sinceridade.
- Veja, Sr. Berny, a população está um pouco dividida entre a insegurança de ter alguém tão jovem a frente de uma questão tão delicada e a esperança de que ele administre bem as terras e traga grandes mudanças para Leveaux, algo que possa nos colocar no cenário mundial.
- Entendo, tem apenas 3 anos que a Leveaux se tornou uma província independente, o sistema político da província ainda nem foi devidamente estabelecido, estou correto?
- Infelizmente sim, estávamos todos com uma grande expectativa sobre a coroação do patriarca da família Leveaux, o Sr. Charles, como Rei da nossa província, mas, apenas dois meses depois da independência, Charles foi acometido por uma doença grave e decidiu adiar a coroação até o momento em que "pudesse se apresentar como um soberano forte e saudável para seus súditos", foram as palavras lidas por seu secretário na praça central. No entanto, essa melhora nunca aconteceu, Charles morreu um mês atrás devido a uma complicação no seu estado de saúde e é de conhecimento geral que sua viúva também tem estado doente. Estamos esperando um pronunciamento oficial, após o período de luto, indicando a data da coroação de Théo como Rei.
- Uau, que situação peculiar essa, ein?
- Verdade, mas estamos lidando bem com a questão. E você Sr. Antoine, de onde vem? O que o traz a nossas terras?
- Eu venho de uma província vizinha, Cannes, você conhece?
- Já ouvi falar.
- Deveria visitar um dia, é lugar lindo. E, respondendo a sua pergunta, eu vim até Leveaux porque tenho a intenção de fazer negócios com sua província, mas preciso conhecê-la melhor primeiro. Devo agradecer a você, nossa conversa foi de grande ajuda.
- Não há de que agradecer, tenho muito orgulho de contar a história da minha cidade, espero que consiga perceber quão especial é este lugar.
Ao fim da nossa conversa, já tínhamos chegado em frente ao Restaurante Villeau, mais conhecido como minha casa, e logo encaminhei nosso cliente para sua mesa.
- Sr. Antoine, quero que conheça o Chef por trás dessa comida maravilhosa, meu pai, Benedito Villeau.
- É um prazer conhecê-lo Sr. Villeau, sua filha me deu ótimas recomendações sobre sua comida, estou ansioso para prová-la.
- O prazer é todo meu Sr. Antoine, mas pode me chamar de Benedito, e espero não desapontá-lo.
- Preciso ir ajudar meu pai na cozinha Sr. Antoine, daqui a 30 minutos trarei sua refeição, com licença.
Me retirei em direção à cozinha para ajudar meu pai com os pedidos absorta em meus pensamentos. Afinal de contas eu estava correta, Antoine Berny estava realmente escondendo algo, mas que negócios seriam esses? A curiosidade não abandonou minha mente enquanto eu procurava servir nossos clientes da melhor maneira possível. Espero que minhas palavras tenham o ajudado a perceber que deve investir em nossa província, mas eu preciso saber mais sobre ele e seus negócios.
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Escolha o amor
RomanceSophie é uma cidadã da jovem província de Leveaux. Junto ao pai, ela trabalha para prosperar financeiramente, diante da independência da província e de todas as consequências que vieram no pacote, entre elas a crise generalizada que o local enfrenta...