Capítulo 3 - Théo

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Já estou esperando aqui há 40 minutos e nada dela aparecer, estou começando a pensar que ela não vem hoje de novo.

- Sr. Leveaux, sua mãe pediu para avisar que ela está um pouco indisposta, vai tomar café da manhã em seu quarto. Ela também pediu para o senhor avisá-la quando a visita chegar.

- Certo, Marie, muito obrigada!

Mais uma refeição que como sozinho, a condição de saúde da minha mãe tem tirado meu sono, junto com as outras preocupações com reino. Os conselheiros não estão nada contentes com a demora em estabelecer a data da coroação, muito menos a população. Estou fazendo o possível para atrair investidores para a nossa jovem província, mas tem sido uma missão árdua, o cenário também não é nada favorável a minha situação. 

O embargo econômico que estamos sofrendo está afetando nossas conexões, como Bourdeaux é uma província muito influente, nenhum de nossos vizinhos aceitou aliar-se a nós, já que isso seria visto como uma afronta à família real de Bourdeaux. Tenho recorrido a todos os meus contatos, mas já estou ficando sem esperanças, a visita que receberemos hoje é uma de minhas últimas opções.

- Sr. Théo, os membros do conselho estão lhe aguardando na sala de reuniões.

- Obrigada Marie, já estou indo.

Levanto-me e caminho em direção à sala de reuniões, nem um pouco ansioso em encontrar com os membros do conselho. Ajeito minha postura, na ânsia de demonstrar confiança e, ao entrar no recinto, encontro sete pares de olhos em minha direção.

- Bom dia, senhores! Qual a pauta da reunião de hoje? - Cumprimento a todos.

- Théo, precisamos anunciar a data da coroação, estamos ficando sem tempo - anuncia um dos conselheiros.

- Cavalheiros, eu compreendo vossa preocupação, também não gosto da situação em que estamos, mas eu peço um pouco de tempo.

- Já lhe demos muito tempo, Théo! Não há mais motivos para adiar a cerimônia, estamos perdendo mais credibilidade a cada dia, a família real de Bourdeaux já conta com a nossa reintegração ao território deles! - afirma outro.

- Não precisam se preocupar, isso jamais irá acontecer! Estou esperando uma visita no dia de hoje que pode nos ajudar com essa situação, amanhã de manhã trarei uma data para a coroação, dou a minha palavra.

- Também temos outras preocupações, para além das questões econômicas - entrou na conversa Louis Leveaux, o mais antigo dos conselheiros e também meu tio - para que o reino possa ser visto como forte e estruturado, a família real precisa estar bem estabelecida. Por mais que seja coroado como Rei, sem uma esposa ou herdeiros, o povo não poderá confiar na prosperidade do nosso reino.

- Tio, acredito que no momento temos coisas mais importantes com que nos preocuparmos, o índice de pessoas desempregadas e em situação de miséria continua muito alto. Eu preciso garantir a sobrevivência do meu povo, a crise financeira é a prioridade no momento. Mas não se preocupe, acredito que muita coisa será decidida na tarde de hoje, então garanto que amanhã pela manhã eu posso trazer novidades quanto a esse assunto também. 

Encerro meu monólogo com um sorriso contido que não reflete em nada a frustração que eu sinto agora. Parece que eles não conseguem ter um pingo de esperança sobre a prosperidade de nosso Reino. Sinto como se eu estivesse tentando remar contra a corrente sozinho, com todos eles à margem do rio assistindo a minha tentativa, talvez até esperando que eu me afogue.

- Se os cavalheiros não tem outras questões urgentes a trazer, preciso me retirar agora. Tenham todos um ótimo dia!

Saio da sala ainda chateado, espero que meu encontro com o Sr. Antoine Berny renda bons frutos, para que possa trazer boas notícias amanhã e aliviar a tensão do conselho. Resolvo fazer uma visita a minha mãe, talvez ela possa me dar alguma claridade.

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