Na manhã seguinte na escola, encontrei Balthazar andando de um lado para o outro nervoso. Aquele seria o dia em que aconteceria o teste para o time de basquete. Não havia muitos motivos para ele ficar nervoso, era quase certeza que ele conseguiria uma vaga no time, poucas pessoas na escola jogavam basquete. O time necessitava de novos jogadores, Roberto e eu já havíamos sido chamados certa vez, porém negamos. Uma pessoa habilidosa como Balthazar não seria dispensada.
— Calma cara. Vai dar tudo certo. — Disse me aproximando do mais alto.
Era manhã cedo ainda, não havia começado as aulas. O teste seria logo depois que terminassem todas as aulas.
— Você não vai ter um teste de geografia hoje? — Perguntei.
— Que se dane a teste, eu tenho todas as respostas. Não tô nem um pouco preocupado.
— Assim como você tem as respostas para o teste de geografia, também tem habilidade o suficiente para não precisar ficar tão nervoso assim.
— Eu não consigo ficar parado.. — Balthazar pegou sua bola de basquete. — Eu vou treinar na quadra. Ainda tenho meia hora antes das aulas começarem.
Balthazar começou a caminhar até a quadra de basquete.
— E lá vamos nós.... — Respondi seguindo ele.
Saímos do colégio e, no caminho, passamos até a cafeteria. Lá acabei vendo Lunna e a amiga dela Catarina tomando café. Nos encaramos pos algum momento mas eu segui direto acompanhando Balthazar até a quadra.
Lunna então apareceu na porta da cafeteria rapidamente, como se tivesse vindo correndo ao meu encontro.
— Aonde você vai? — Ela perguntou
— To acompanhando esse cara. — Disse apontando para Balthazar.
— Eae. — Balthazar acenou quicando a bola de basquete no chão.
— Oi. — Ela respondeu acenando com um sorriso e em seguida virou para mim. — Vai estar livre no intervalo?
— Acho que sim, por que?
— Vamos lanchar juntos?
Balthazar começou a assobiar como se não estivesse escutando a nossa conversa.
— Claro. Eu te procuro no intervalo.
— Ta bom. — Ela disse me abraçando e depois correndo de mim com vergonha.
Balthazar e eu estranhamos esse abraço. Nos olhamos por alguns segundos sem saber o que responder um para o outro. Em seguida Balthazar se aproximou de mim.
— A transa foi boa ontem, amigão?
— Que? Não... — Eu virei o olhar com um pouco de vergonha.
— Não foi boa? Rapaz...
— Não é isso. Não rolou nada — Disse tomando a bola das mãos dele. — Vamos treinar!
Seguimos até a quadra de basquete para um treino final.
Algum tempo depois, novamente na escola, eu estava assistindo as aulas do professor de matemática falando várias coisas que não entravam na minha cabeça. Era uma confusão de números, letras e letras gregas que ele ousava chamar de cálculo. Era complicado aprender, e eu nem fazia questão disso.
O som do sinal tocando me despertou de um sono em que me fazia estar acordado mas ao mesmo tempo dormindo durante a aula.
— Até depois. — Disse me levantando da cadeira
— Aonde vai? — Perguntou Roberto.
— Vou lanchar com a Lunna, ela me chamou.
— Christian.. — Disse Roberto se levantando. — Não acha que está se apaixonando nessa garota?
— Que? Que porra de pergunta é essa?
Roberto começou a rir e deu dois tapas leves na minha costa.
— Eu estou brincando! Mas a sua reação foi boa.
Roberto se levantou e ambos saímos da sala indo em direção ao refeitório da escola. Chegando lá, Lunna e Catarina estavam sentadas em uma das mesas do lugar.
— Vai lá tigrão! — Disse Roberto me empurrando em direção à mesa.
Com o empurrão eu acabei sendo arremessado para frente e só consegui controlar a queda me apoiando na mesa onde as duas estavam sentadas. Aquela era uma maneira estranha de aparecer no lugar.
— Oi Christian — Disse Catarina, amiga de Lunna. — Vai querer ficar sozinha com a Lunna? Ela me disse que ontem vocês...
Lunna tapou a boca da amiga. Não entendi o que a garota iria falar já que Lunna interrompeu ela. Espero que ela não tenha dito sobre as coisas que eu disse ontem.
— Senta ai. — Disse Lunna.
Eu sentei na frente das duas. Estava com uma maçã apenas, não sentia muita fome para pegar algo na escola ou comprar para comer.
— Prazer eu sou Catarina, amiga da Lunna. Posso dizer que sou cupido também. — Ela estendeu a mão com um sorrisinho malicioso.
— O que...? — Perguntei.
Lunna deu uma pequena cutuvelada na amiga.
— Nada, nada.. ela só é meio maluca. — Lunna respondeu pela amiga.
— Prazer, cunhada. — Disse Roberto sentando na mesma mesa e estendendo a mão para Lunna.
— O que? — Questionei olhando sério para Roberto.
— Então já é oficial o namoro? — Perguntou Catarina rindo.
Lunna e eu ficamos envergonhados ouvindo nossos amigos falarem aquelas coisas. A garota estava com o rosto tão vermelho que era difícil saber a real cor da sua pele.
— Vocês não tem aonde sentar não? — Perguntei tentando defender Lunna da sua vermelhidão.
— Querem ficar sozinhos? — Catarina disse novamente com aquele olhar malicioso. — Ei, você.. vaza. — Ela apontou para Roberto.
— Eu não, quero assistir o desenrolar dessa obra. — Respondeu Roberto.
Eu, não curtindo aquela situação, segurei na mão de Lunna e tirei ela dalí. A garota ficou ainda mais vermelha assim que eu segurei sua mão. Os nossos amigos ficaram sem palavras, apenas observando a cena.
— Vem comigo. — Eu disse sussurrando.
A garota concordou balançando a cabeça.
Levei ela até a parte de trás do colégio onde, naquele momento, poucas pessoas estavam alí. Soltei a mão dela e sentei no chão. Aquela parte da escola era confortável por ser um lugar mais calmo com visão para várias árvores, um campo mais natural e um caminho que levava até o ginásio onde tínhamos aulas de educação física.
— Eu odeio me sentir pressionado. — Disse.
Lunna sentou do meu lado, agora se recuperando da vermelhidão e suspirando.
— Eu também. — Ela começou a olhar para as árvores e viu uma borboleta voando. — Você pensou em me trazer aqui por ser a parte mais cheia de árvores da nossa escola?
— Não.. eu só achei aqui seria um lugar mais calmo.
Eu realmente não pensei naquilo.
Ela pousou sua cabeça em meu ombro e abraçou meu braço. Eu não sabia como reagir. O que eu deveria fazer agora?
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Guarde sempre as boas lembranças
RomanceEm seu último ano no ensino médio e com a chegada da vida adulta, as cobranças na vida de Christian começam. Sendo um garoto irresponsável ele não se importa com seu futuro, até o dia em que viu sua vida e seus pensamentos mudarem por conta de uma p...