4 - Sem querer pressionar, mas...

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    A garota continuava pedindo para sua amiga abrir a porta, porém a que estava do outro lado queria que acontecesse alguma coisa antes para que a porta fosse aberta.

— Se resolvam. — Disse a voz do outro lado da porta.

— Eu nem conheço ela. — Disse.

— Pois tá esperando o que? Essa é a sua chance!

A garota do meu lado então desistiu de tentar abrir aquela porta. E quando percebeu que eu estava do lado dela, ela se escondeu atrás da mesa do professor.

— Ah qual é? Acha que eu vou fazer alguma coisa contra você? — Disse sem entender o motivo dela ter medo de mim.

— Você deve me achar uma idiota... — Disse a mesa do professor... digo.. a garota.

— Bom, eu realmente estou te achando uma idiota agora. Vocês duas.

Pensei novamente em dar um chute na porta e derrubar ela junto com a amiga da garota, mas pensei melhor e decidi tentar compreender a situação toda. Fui até aonde a garota estava escondida e me abaixei para falar com ela.

— Pode me explicar por que acha que eu acho você uma idiota?

—... As mensagens.

— Ta falando das mensagens do messenger?

— Sim.. Algumas mensagens foi eu quem mandei, outras foi a Catarina querendo me jogar pra cima de você.

— Acho que eu entendi. Então foi ela quem escreveu sobre eu estar mais indefeso sozinho?

A garota concordou balançando a cabeça.

— Entendi. Mas o que você queria falar comigo?

— Eu...

A garota foi interrompida com a porta se abrindo bruscamente. Os outros alunos da sala começaram a entrar se perguntando o motivo da porta estar travada e acabaram me vendo agachado conversando com a garota, ambos atrás da mesa do professor.

A garota vendo várias pessoas olhando para nós e se perguntando o motivo de nós dois estarmos trancados na sala, saiu correndo envergonhada me deixando sozinho alí naquela situação.

— Você é muito pervertido mesmo... — Disse Roberto com um sorriso sarcástico.

— Mas... eu..... — Eu estava tão confuso quanto qualquer um alí.

Todos da sala começaram a cochichar uns com os outros sobre mim e a garota. Eu só pude aceitar a situação estranha e os boatos que as pessoas começaram a criar sobre mim. Mas não deixaria tudo isso acontecer de graça.

Durante o intervalo eu cacei aquela garota durante todo o colégio. Já sabia como era a aparência dela, agora era só encontrar e fazer as perguntas.

Com alguns minutos de buscas eu achei a garota. Ela arregalou os olhos quando me viu e tentou tomar o caminho oposto o mais rápido possível. Estávamos próximos aos banheiros, ainda no corredor. Ela tentou entrar no banheiro feminino, mas eu a puxei pelo braço.

— Primeiro estavam sempre me observando, agora estão fugindo de mim?

— Eu não estou fugindo de você. — Ela disse sem olhar para a minha cara.

Uma garota saiu do banheiro feminino e se deparou comigo segurando o braço dela.

— Devo... denunciar isso pra diretoria...? — Ela perguntou meio confusa sobre o que estava acontecendo.

— Não, não precisa... — Respondeu a garota.

Ela então se retirou, deixando eu e a garota sozinhos. Eu soltei o braço dela para impedir maus pensamentos novamente.

— Por que esse jogo todo? Pode me explicar? Por que sua amiga fica te jogando pra cima de mim?

A garota pensou em falar alguma coisa mas acabou desistindo. Com a desistência, seu rosto ficou muito vermelho. Não consegui imaginar o conteúdo da fala dela que a fizesse corar.

A tal amiga dela acabou chegando nesse momento. Começou a bater palmas como se alguma coisa alí tivesse acontecido e fosse motivo de um parabéns.

— Já se beijaram?

— Porra.. — Virei o rosto sem saber como reagir.

A garota ficou totalmente vermelha com a fala absurda da amiga dela. Ficou um clima tão ruim que eu mesmo quis ir embora. Apenas virei as costas e fui saindo.

— Christian...

Virei para ver o que a garota tinha para dizer.

— Quer tomar um café comigo depois das aulas? Aqui perto da escola.

— Hmmm.. — Pensei um pouco. — Tudo bem. Mas só por que eu quero respostas para algumas das minhas perguntas.

— Gostei da atitude! — A amiga dela começou a rir.

Voltei para a sala e tive que encarar novamente a turma toda do terceiro ano olhando para mim de canto e comentando algo. Dessa vez ouvi algo sobre banheiro... não consegui entender.

Sentei na minha cadeira esperando a aula começar. Roberto estava do meu lado e ele esticou o corpo para chegar próximo ao meu ouvido.

— Por que não chama ela para a sua casa? Precisa ficar tentando transar com uma garota dentro da escola?

— Meu Deus... como assim?

— Primeiro trancados dentro da sala, e ainda a pouco querendo arrastar ela para dentro do banheiro? Você é um monstro cara.. — Ele disse dando dois toques no meu peito.


— Não é nada disso que você está pensando. Aquela era a Lunna que mandou mensagens para mim, eu só queria respostas.

— Dentro do banheiro? — Ele me olhou desconfiado.

— Não! Eu coincidentemente encontrei ela próximo aos banheiros.

— Entendi.. eu acho. Mas o que descubriu?

— Não muita coisa, ela me chamou pra tomar um café e falar sobre.

— Café tipo em GTA San Andreas, onde ela diz que é um café e rola o sexo mais pesado da sua carreira? — Ele continuava com aquele olhar malicioso.

— Claro que não..

Eu acho.

Guarde sempre as boas lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora