Corrompa-me { Jotaro Kujo AU }

Vinte e nove

Jotaro

A ficha sobre tudo aquilo apenas caiu quando eu aspirei o perfume de baunilha de Louise, seu tronco com pouca roupa quase encostando ao meu. Ela era extremamente baixa em comparação à mim, tendo que praticamente ficar na ponta dos pés para passar os braços ao redor de minhas costas. Agarrei sua mão, envolvendo-a num lento passo de dança.

Meu Deus, eu odiava dançar. Mas era preciso se eu queria manter Yone longe.

O filho do Primeiro Ministro era o maior babaca que eu já havia conhecido - depois de Dio -, e eu sabia que os boatos sobre suas atitudes sádicas para com mulheres não eram apenas boatos. Drogas em bebidas e alimentos eram comuns naquele lugar, e várias das meninas acordavam no outro dia machucadas, sem ideia do que lhes havia acontecido.

- Você não disse que era seu aniversário - Louise falou baixinho, como se tivesse medo de que alguém nos ouvisse no meio daquela cacofonia.

Quase suspirei, mas estava exausto demais até para provocá-la naquele momento. Estar com a menina a tão poucos centímetros de mim também não ajudava. A guiei pelo salão num passo leve e simples, e Louise acompanhou a dança contida, tomando cuidado para não tropeçar em mim.

- Odeio aniversários - admiti, em contraparte.

Ela levantou uma sobrancelha, surpresa com a resposta direta. Quase revirei os olhos.

Girei-a em meus braços, seu corpo graciosamente deslizando no chão de mármore. Sentia-me ansioso, seu corpo parecendo tão frágil quanto porcelana. Qualquer movimento incerto dava a sensação de que eu a quebraria.

- Você odeia muita coisa - retrucou, mas não pareceu uma provocação, apenas uma observação.

O movimento de dança a seguir consistia em girá-la à frente de meu corpo, estendendo seus braços e encostando-a em meu peito. Percebi seus ombros seu retesarem ao executar tal movimento, principalmente quando passei as mãos por seus braços.

- Você ficaria surpresa - resmunguei, girando-a até que a menina voltasse à posição original, de frente para mim.

Novamente passou seu braço ao redor de meus ombros, estendendo para mim a mão que restava. Era nítido o contraste entre texturas - sua mão macia contra a minha calejada.

Louise semicerrou as pálpebras, olhando-me atentamente.

- Como alguém que odeia tudo acaba cursando Biologia Marinha? - questionou.

Meu coração gelou com a expectativa de uma gozação. Eu simplesmente odiava que menosprezassem as coisas que eu gostava... mesmo que essas coisas fossem ridículas.

Entretanto, sua expressão apenas demonstrava curiosidade - ela sequer precisara adivinhar, como eu sugeri. Acabou descobrindo sozinha.

- Por que não Biologia Marinha? - retruquei, tentando desconversar.

Louise, entretanto, era teimosa. Seus olhos turquesa estavam desconcertantemente focados em mim enquanto eu a girava em meus braços, a música ficando cada vez mais acelerada. Sua respiração parecia irregular, mas a mesma se recusava a se calar.

- Você não parece o tipo de pessoa que passa o dia estudando sobre o Verme-Marinho-Devora-Almas - continuou, parando um pouco como se ponderasse. - Direito é a mais a sua cara.

Me engasguei, olhando-a com confusão e diversão.

- Direito?

Ela riu, e eu senti seu corpo vibrar em meu toque. Apertei sua cintura com mais força, envolvendo-a num passo mais contido nesse momento de distração.