Eu deveria ter falado?

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          No elevador um silêncio incômodo se instalava.
Era estranho e inquietante a maneira que Ainosuke e Tadashi se sentiam, apesar de não se conhecerem a nem dois dias inteiros ambos se sentiam de uma forma estranha, como se depois de tanto tempo vivido tivessem encontrado o que sempre procuraram, era como se suas almas tivessem finalmente se acalmado depois de passar anos procurando por alguém e aparentemente esse alguém era aquele estava de pé ao seu lado.

       "Por que me sinto assim?" essa pergunta rondava a cabeça de ambos só que nenhum dos dois sabiam que o outro estava assim, em suas cabeças eram somente si mesmos que estavam dessa forma.

         Shindo olhava o reflexo de Kikuchi na porta do elevador, ele era alguns centímetros menor, mas tinha o corpo bem definido, seus cabelos escuros pareciam ser extremamente macios e lhe despertavam a vontade de tocá-los. Ele queria desesperadamente pegá-lo em um abraço apertado mas nem sequer sabia o por quê queria fazer tal ato impensado. Estranhamente ele não queria que aquele elevador chegasse nunca ao térreo e ele pudesse observar as feições de Tadashi pelo resto da vida e só isso seria suficiente para mantê-lo feliz. Mas como tudo de bom na vida dura pouco o "tiim" de "chegamos ao seu andar" soou e Ainosuke quase se sentiu traído por um elevador.

         Tadashi saiu a sua frente saindo primeiro, Ainosuke saiu em seguida olhando os ombros de Tadashi lutando contra a vontade de abraçá-lo. Ele cumprimentou o porteiro que lhe sorriu e Tadashi respondeu com lindo sorriso também, Ainosuke queria que aquele sorriso fosse para ele, mas infelizmente não era. Saíram do prédio indo em direção à loja de conveniência andando lado a lado, aproveitando o sol, já fazia muito tempo que Kikuchi não fazia isso e fechava os olhos com o queixo levemente arqueado aproveitando aquele calor confortável e a brisa. A única coisa que Shindo fazia era admirar tamanha beleza, o cabelo preto sendo balançado pelo vento, os olhos fechados, o sinal preto perto do olho, parecia até uma pintura renascentista, era belo, era perfeito.

    – É lindo. _ as palavras saíram sem que percebesse e agora lindos olhos verdes o encaravam um pouco vergonhosos.

    – Perdão? _Tadashi tinha ouvido mas quis dar a chance ao maior de fingir que foi tudo uma ilusão – Você disse algo?

    – Sim, que é lindo. _Ainosuke como sempre destemido e sem papas na língua, se queria falar algo apenas falava e ponto.

    – Ah! Obrigado. _Não era isso que Tadashi pensou que ouviria, talvez um "não é nada" ou um "desculpe, pensei alto", mas não foi nada disso e num leve surto soltou – Você também é bonito.

     Tadashi sentiu a sangue subir pelo rosto, mas não se deixaria parecer envergonhado por ter soltado tal frase sem pensar direito, por pouco não voltou atrás.

      – O mercado, vamos comprar nossa comida. _ disse e saiu andando como se nada tivesse acontecido.

      No entanto dentro de Ainosuke mil fogos explodiam, seu sangue corria mais rápido pelas veias, ele podia dizer com certeza que quase teve um mini infarto, mas isso não o derrubaria, Tadashi teria que fazer mais se quisesse vê-lo envergonhado. E assim ambos seguiram pelos corredores, pegando algumas coisas de limpeza, algumas comidas, carnes congeladas, legumes e tudo que Tadashi precisaria para seus próximos dias de pequenas férias. Ainosuke o ajudou a carregar tudo até em casa, ajudou a guardar tudo e Tadashi se repreendeu internamente por tê-lo feito ir consigo fazer compras, como recompensa faria um bom almoço.

    Lá estava ele sentado no sofá do vizinho que tanto quis conhecer, esperando que esse terminasse o preparo do almoço. Tinha um livro nas mãos que Tadashi o oferecerá para se distrair enquanto esperava, e agora estava realmente focado em terminar a história e saber que acontecia com todo mundo no livro. Depois de um tempo foi interrompido pelo som da voz de Tadashi o chamado.

     – Ainosuke, vamos comer. _ disse já indo em direção a mesa.

     – Estou indo. _falou já se levantando – Você vai me emprestar esse livro, preciso saber como termina _disse já sentado de frente pro outro.

     – Ah, claro. Sem problemas, também fiquei na mesma quando li, quase não consegui mais parar de ler.

     – Preciso ler mais, me interessei pelo gênero, são muito úteis.

     – Úteis? Como? _perguntou Tadashi meio confuso.

     – Coisa minha. Enfim, vamos comer.

     – Se não estiver bom pode dizer, faz tempo desde a última vez que cozinhei.

     Ainosuke não conseguiu falar, estava maravilhado, era tão saboroso quanto qualquer comida do restaurante mais caro que já tivesse ido, e parecia que ele já conhecia aquele sabor a eras, era até reconfortante. Mas não chegou a dizer nada, dessa vez guardou pra si, e apenas comeu e por fim disse que estava bom. Ajudou Tadashi a lavar a louça e em seguida se despediu indo para casa para que pudesse repassar em sua mente muitas e muitas vezes todas às vezes que Tadashi lhe olhou naquele dia e também aquele momento em que o outro lhe olhou nos olhos e lhe elogiou.

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Vou tentar atualizar todas que tem aqui com mais frequência e finalizar todas tbm. Essa e a de Ash e Eiji vão ser prioridade.

Reencarnando um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora