Capítulo 18

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POV JJ

- JJ - escutei Helena gritar e me virei rapidamente encontrando-a correndo em minha direção. Porém, no segundo seguinte, toda a estrutura caiu e uma poeira enorme nos encobriu.

O som havia sido tão ensurdecedor, que meus ouvidos ainda zumbiam, minha visão estava turva pela fumaça e nervosismo de não a ver mais. Helena. Onde estava? procurava rapidamente pelos escombros, encontrando corpos se rastejando na tentativa de sair dos buracos e pedras. Ouvi ao longe John B chamar por Helena em um grito sofrido. Meu coração havia parado e meu corpo queimava de dor e desespero. Foi quando a vi. Estava desacordada e com sangue escorrendo pela testa.

- HELENA - gritei, forçando a garganta que estava seca.

Me ajoelhei perto de seu corpo caído e coloquei meus dois dedos em seu pulso, torcendo para que houvesse batimentos. Fraco. Ela estava morrendo.

- CHAMA A AMBULÂNCIA - escutei Kie gritar para Pope.

- Fica comigo, meu amor - eu sussurrava em meio às lágrimas.




- Familiares de Helena Routledge - escutamos o médico dizer e todos nós nos levantamos rapidamente.

- Sou o irmão- John B se pronunciou.

- Sua irmã saiu de uma cirurgia delicada, mas bem sucedida. Sofreu algumas fraturas, mas o agravante foi a pancada na cabeça de algum dos escombros. Ela está em coma. Não conseguimos dizer quando vai acordar ou se ao menos irá acordar. Sinto muito. - ele disse friamente.

O silêncio era desesperador. Era isso? Perdemos ela?

- Quais são as chances? - perguntei reunindo toda minha coragem.

- 50% - respondeu o médico.

- Ela tem 50% de chance de acordar? - perguntou Pope.

- Sim. Já é mais do que a maioria que entra em coma. Chamaremos a psicóloga para conversar com vocês.

Assim que o médico saiu, minha cabeça parecia explodir. Não saberia o que fazer agora. Culpa, dor, medo, solidão... eram tantos sentimentos e emoções que eu nem sabia distinguir. Nem reparei quando uma moça de aproximadamente 30 anos sentou perto de nós.

- Com licença. Meu nome é Julie, sou psicóloga do hospital. Sinto muito pelo ocorrido. Não consigo imaginar como estão se sentindo, mas posso garantir que estarei aqui para ouvi-los e ajudá-los a encarar a situação. Quero que me procurem se tiverem alguma dúvida sobre o quadro da paciente e se houver alguma coisa que eu possa fazer para que se sintam confortáveis ou abraçados. Se me permitem, eu recomendo que os familiares que passam por situações semelhantes conversem com os entes queridos que estão em coma. Muitos podem acordar do coma por desejo de voltar a ver e responder seus familiares. - dito isso, a moça deixou seu número com John B e saiu para atender um chamado.

Não havia nada que pudessem fazer por mim. Só o que eu precisava era que ela acordasse.



Dois meses depois...


Nossa vida estava cinza. Não havia ânimo, não havia festa... nada na vida de nós pogues fazia sentido. Uma parte nossa parecia ter morrido e mal nos encontrávamos. Eu nem dormia direito na casa de John B. Apesar de me sentir muito culpado por deixá-lo sozinho naquela casa cheia de memórias, eu mesmo não conseguia passar muito tempo revivendo cada uma delas. A culpa de ter deixado que minha princesa entrasse naquele lugar me corria. Maior ainda era a dor de ter perdido tantos anos ao lado dela, sendo que poderíamos estar juntos e felizes. O amor da minha vida poderia não acordar mais e isso me perturbava imensamente... eu queria ela.

Eu a visitava no hospital todos os dias no mesmo horário. Conversava com ela até o meu tempo acabar e John B trocar de lugar comigo. Contei histórias do meu dia, li livros e mais livros de romances que ela gostava, por mais ridículos que fossem, chorei e implorei para que a mesma acordasse, mas nada. Nem um suspiro mais fundo, nem um dedo mexendo... nada. Parecia que estava dormindo. Seu rosto havia cicatrizado, assim como a maioria de suas fraturas. O fisioterapeuta passava no quarto todos os dias e realizava exercícios para musculatura, caso Helena acordasse. Eu tentava não perder as esperanças. Tentava me manter firme, para continuar vivendo e mantendo meus planos de futuro. Porém, cada dia que passava, eu sentia mais e mais dor e a sensação de que nunca mais olharia em seus olhos crescia, me matando aos poucos.


Um mês depois...

- JJ, você precisa acordar agora - escutei John B me sacudir. Sua voz era alta e agitada. Eu estava muito sonolento, então não entendia bem o que estava acontecendo.

- Você pode parar de gritar? - falei coçando os olhos e tentando me ajusta à claridade que adentrava o quarto. Noite passada, eu decidi dormir na casa dos Routledge. Eu e John conversamos a noite toda, quase como fazíamos antigamente. Quase. Rimos de algumas lembranças da Helena, choramos com medo de nunca mais vê-la e, no fim, dormimos bêbados.

- Ela acordou -isso foi tudo o que John B me disse. Eu não precisava ouvir mais nada. Senti minhas pernas fraquejarem, um calor subir em meu peito junto a uma martelada sucedida de batimentos acelerados. Helena Routledge havia voltado.

Meu felizes para sempre - JJ MaybankOnde histórias criam vida. Descubra agora