capítulo vinte

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Acordo com uma dor enorme no peito, me fazendo quase sufocar e acabo cuspindo sangue ao tossir forte contra o chão, aperto minhas mãos sobre a grama verde até o sangue parar de subir por minha garganta.

Uma dor descomunal me fazendo ficar tonto e enjoado e por um segundo, sinto todo meu corpo pesar, causando assim um grande impacto com a grama ao cair pra trás. Meus olhos trêmulos e turvos vagando pelo céu acima de mim tentando ao menos saber porque estou sentindo tudo isso.

E sem nem ao menos ter ideia de onde estou, um campo? Não há passarinhos muito menos vento, não há árvores mas há gramas. Engulo com dificuldade a saliva com gosto forte do sangue que minutos antes deixei sair de minha boca.

E por mais que eu tente mover meus pés ou dedos, não consigo, apenas meus olhos tem movimentos, consigo até ouvir os meus batimentos que pode até ser impressão minha, mas a cada batida vão ficando mais lento. Mas não sinto mais dor alguma, poderia até ter me esquecido dela assim que cai na grama.
Isso deve ser um sonho, que me parece tão real, mas ainda sei quem eu sou e oque eu fiz antes de acabar acordando aqui, ou só sonhando mesmo.

Tento visualizar meus pulsos e pela primeira vez vejo os cortes tão fundo quanto da primeira vez que os fiz, mas não há sangue saindo por eles, olho pro outro conseguindo mover minha cabeça pro lado e só assim podendo olhar pro campo além de meus pulso da mão esquerda.

Vazio.

Me assunto com alguém se abaixando do meu lado oposto me fazendo arrepiar assim que o cheiro de pêssego alcança minhas narinas, e em questão de segundos a ausência do vento nesse campo, não existia mais, pois os movimentos dos meus cabelos e o cheiro forte que o vento trazia pra mim de pêssego, fez meus olhos chover.

Até que um soluço abandonou minha garganta me fazendo tremer com a dor em meu peito, como o alívio a paz e uma sensação de lar em meu estômago.

Era mamãe.

Virei meu rosto em sua direção e finalmente pude ver, depois de anos e tanto sofrimento, angústias e escuridão, pesadelos e medos. O rosto em que eu sempre buscava todas as noites depois de um pesadelo, o sorriso que direcionava a mim agora, era esse sorriso em que eu mais desejei ver todas as vezes que eu conseguia algo a ser festejado. Os olhos castanhos e brilhantes que transbordava tanto amor e faz você se sentir a pessoa mais amada do mundo, que eu sempre busquei em rostos sem coração, rostos que nunca me olhariam como ela me olha.

Mamãe sorria pra mim. E eu nunca me senti tão triste em toda minha vida como agora. Porque seu sorriso me trouxe o dia em que eu a perdi.

Tentei tocá-la, eu juro que nunca tentei tocar tanto em algo como agora, tento mexer pelo menos meu dedinhou para tocar a pele da mulher que eu tanto amo.

Mais soluços e lágrimas transborda, quando a frustração e a tristeza de nem poder tocá-la me atinge.

– Ma...ma... – meu choro só aumentava a cada tentativa falha de querer  abraçá-la – Por favor... por favor eu imploro mamãe...

Ela parou de sorrir em estantes assim como o vento, e eu senti a ausência de seu cheiro. Me fazendo entrar em desespero maior.

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⏰ Última atualização: Nov 08, 2023 ⏰

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