Sentados em uma pequena mesa na cozinha, eles comeram juntos. Não houve um clima ruim entre eles, todas as pendências foram resolvidas, agora estavam apenas se conhecendo de novo.
Satoru contou sobre a sua vida, assim como Suguru mencionou o que ele fazia durante a semana.
Depois disso, eles estavam sentados confortavelmente no sofá da sala, com Suguru com um álbum de fotos em mãos. Ele guardou isso com muito amor durante todos esses anos. No passado, antes de partir, Suguru fez questão de colocar essas fotos dentro da mala, em busca de provar para si mesmo que tudo aquilo foi real. Quando sentia falta de Satoru, sempre o procurava nessas imagens. Satoru estava sorrindo para a câmera, isso fazia Suguru sorrir também.
Com os ombros se tocando em uma curta distância, Satoru continuou olhando aquelas fotos. Suguru gostava mais de usar a câmera do que de ser fotografado, então, na maioria das fotos ele tinha uma expressão ruim ou mostrava o dedo do meio. Shoko também fazia parte das fotos, quando a banda acabou, ela decidiu fazer faculdade e se tornou uma ótima médica.
— Sinto muita falta daqueles tempos — disse Satoru, pensativo — Você se lembra de quando comprou pantufas novas e tropeçou nelas enquanto segurava uma caneca cheia de café? Achei que você tinha desmaiado quando caiu no chão.
É claro que Suguru se lembrava daquele dia constrangedor.
— Infelizmente eu me lembro disso. Também me lembro de quando você comeu tantas batatas fritas no jantar que vomitou por dois dias. Achei que você não ia parar de comer, é claro que isso ia acabar mal.
Pensando nisso, Satoru ainda se lembrava do quanto vomitou, principalmente por ter misturado aquela quantidade exagerada de batata frita com muito sorvete. Ele era como uma criança aproveitando o fato de seus pais não estarem lá para repreendê-lo.
— Você se lembra de quando a Shoko viu a gente se beijando pela primeira vez? Ela gritou tão alto que o vizinho ouviu — Satoru riu disso — Ela apostou dinheiro com a Utahime, a namorada dela, de que você e eu acabaríamos juntos.
— Ah, sim. O meu ouvido doeu com o grito dela — Suguru tocou aquelas fotos com os dedos, como se pudesse senti-las — Foi uma boa época.
Satoru se virou para encará-lo.
— Mas isso não significa que os meus sentimentos por você morreram. Eu ainda te amo, Suguru, nunca deixei de te amar.
Então, Suguru fechou aquele álbum de fotos e o colocou de lado. Ouvir essas palavras fez com que Suguru sentisse uma emoção verdadeira em meio a tantos dias sombrios. Ele também amava esse homem, mas o medo o assombrava.
— Satoru, eu não sei... Não quero te causar mais problemas. Quer dizer, não sou fácil de lidar, sei que tenho muitos problemas internos para resolver, tem dias que estou me sentindo muito mal. Eu não quero que você tenha que lidar com os seus problemas e os meus.
O homem de cabelo branco estendeu a mão e tocou o rosto do outro, acariciando a pele gentilmente. Suguru poderia viver naquele toque, ele sentia falta do calor de Satoru.
— Você não me ouviu, Suguru? Eu gosto de você. Isso significa que mesmo nos seus dias ruins, ainda vou gostar de você. Eu também tenho os meus momentos difíceis e você terá que lidar com isso — Satoru sorriu — Mas se você tropeçar segurando aquela caneca de café de novo, eu vou rir e me sentir melhor. Pense em maneiras de me fazer rir.
Suguru o cutucou na barriga.
— Idiota, eu não vou cair de novo.
Quando pararam de rir daqueles comentários, sentiram novamente uma certa tensão entre eles. Era como se os seus lábios estivessem se chamando, eles não conseguiam nem mesmo desviar o olhar.
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Tear the heart
Roman d'amourSatoru era o vocalista de uma banda famosa, Suguru era o guitarrista. Eles estavam apaixonados, mas por causa de muitos problemas em suas vidas, eles acabaram se separando. Depois de dez anos, eles se reencontram e percebem que o amor que sentiam nu...