"Minha vida é feita de camadas, umas rocha, outras nada, entre elas, gelatina" C. Dugim
Estudo recente aponta que nossa capacidade de relacionamento na internet é de no máximo 150 amigos, nosso neocortéx não tem capacidade de armazenar informações que sejam relevantes no sentido que a palavra "amigo" sugere (detalhes pessoais e de personalidade). Além deste número podemos chamar de conhecidos casuais ou grupais com os quais temos interação e não intimidade, com outros ainda, nem interagimos, pertencem ao campo das informações sociais adicionais.
Transporte esta amizade e interação para o conjunto dos personagens de um livro. De quantos personagens você consegue guardar informações ao ponto da identificação? Estes formam o conjunto principal.
Com quantos personagens há interação a ponto de inferir contexto? Estes formam o conjunto de interação.
Quantos dão suporte e fornecem corpo à trama? Estes são o grupo amalgama.
A quantidade destes personagens tem relação direta com o tamanho da história tanto físico (quantidade de páginas/capítulos) quanto espaço/temporal (duração da trama e cenário).
Quanto mais nuclear, mais informações necessitamos: características físicas e de personalidade, interesses, ambições, formação e passado. Você pode delinear seu personagem através de uma planilha antes de escrever, se isto não aconteceu - seu personagem já está vivendo - pense na personalidade que você deu a ele e releia seu texto veja se as falas e soluções das situações estão de acordo com o caráter do ator. Acrescente detalhes e refaça o que for necessário.
Por isso quando o leitor se depara com um texto onde um personagem, completamente figurativo, ganha cores demasiadas, perde a noção do conjunto e o foco na história, pois o cérebro entende que se este personagem ganhou projeção ele tem algo mais a oferecer à história; e se os personagens forem muitos e a história muito longa, o leitor substituirá a atenção que dedica a um personagem importante na história por este irrelevante e perde o caminho. A história parecerá confusa e desinteressante.
Não se trata de uma questão de estilo ou conteúdo, é puramente intelectual, está dentro da nossa capacidade cerebral e de como processamos informações. Personagens secundários e figurativos podem tanto tornar a história mais real e surpreendente quanto tomar o lugar dos principais. O núcleo passa a não existir mais e a história implode sobre si mesma.
Não há impedimentos para que transformemos um personagem secundário, ou mesmo um figurante em principal, mas este deve ser o objetivo, deve estar dentro do contexto da história e ser conduzido de forma a que o leitor entenda que esta mudança ocorreu de fato. Não foi um capricho temporário do escritor.
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Quero Ser Escritor
Non-FictionQuero ser escritor é uma compilação das dicas que publiquei numa rede social fechada, onde tive contato com alguns jovens decididos a seguir a carreira.. Embora o livro esteja completo, à medida que incluir artigos no meu blog (https://claudiadu.wor...