Parte 1 – Grupos Editoriais e Editoras Independentes
Há dois tipos de editoras que publicam livros físicos, fazem uma parte do marketing e distribuem em canais on-line e lojas físicas, ou seja, investem no autor. As que pertencem aos grupos editoriais que possuem ramificações, selos que cuidam cada um de um gênero ou linha editorial: auto ajuda, romances, técnicos. As independentes, que não pertencem a um grupo, têm distribuição limitada, mas tratam do autor e do original dentro de critérios muito similares aos dos selos.
Procurando Nemo
Você sabe a distância entre a Grande Barreira de Coral e Sydney na Austrália? Imagine que você é um peixinho que nunca saiu da sua toca de coral. Seu único sonho é dar o melhor para seu pequeno filho órfão de mãe. Ele quer se aventurar pelo mundo. É perigoso, você aconselha. Ele decide ir embora mesmo assim. Quais as chances de encontrar seu filho se ele acabar há dois mil quilômetros de distância, num pequeno aquário, num consultório de dentista em uma cidade de quatro milhões de habitantes?
As mesmas que você tem de encontrar uma editora que publique seus escritos. De cada mil escritores, um é publicado. De cada cem publicados, um vende mais de mil cópias.
Não desanime. Nemo foi encontrado! Foi uma jornada longa, difícil, mesmo porque tudo o que vem muito fácil não é tão legal quanto o que a gente conquista com muita ralação.
Primeiro, importante que seu livro não seja o único trabalho, como o pequeno Nemo, outros projetos devem estar prontos ou em desenvolvimento. Você tem que solidificar suas experiências como escritor. Participar de concursos, publicar contos em revistas e coletâneas, receber algumas menções positivas em blogs, ter seu grupo de escritores para te dar apoio. Estudar, estudar, estudar. É importante também ou ter formação acadêmica ou uma boa base de cultura/leitura. Ajuda ter um público formado, mas é só 20% do processo. Hoje em dia, é bom ter seu próprio blog, fazer resenhas e comentários sobre o trabalho dos colegas. Falar do que você gosta na sua profissão, serve também para mostrar sua habilidade com as palavras. A sua imagem começa a ser mostrada, portanto, ao fazer resenhas, seja cortês com seus colegas. Se não pode falar bem, não fale nada. Se acha que seu colega precisa de uns toques, faça com o lado mais educado da sua personalidade.
Segundo, você tem que se certificar que seu livro está pronto e finalizado. O conflito principal, a essência do livro e o fim do livro estão sólidos. Encontre amigos para te ajudar, amigos pagos também. Revisão, copidesque e talvez uma leitura crítica foram realizadas por profissionais. O feedback de amigos já foi recebido. Tudo isso foi anotado e checado, se necessário, aplicado.
Terceiro, precisa de foco, uma corrente marítima que o leve onde você deseja ir. Encontre uma editora ou braço editorial que trabalhe com o perfil do seu livro, não se perca nadando para todos os lados. Mostre que você tem propósito. Nunca mande originais sem checar se a editora está recebendo. Preparação de originais é assunto para outro capítulo.
Quarto, pensamento positivo, persistência, para que seu livro encontre um agente literário que o proteja e o faça sair do aquário para o mundo. A maioria dos livros é rejeitada...
Por quê?
1 – Porque o agente literário tem muito que ler, então ele não lê por completo o que recebe, avalia o autor e lê as primeiras páginas e se o livro interessar e for bem escrito, continua.
2 – Porque as editoras só publicam depois que o livro passou por mais de um agente e foi aprovado ou o autor foi indicado, recebeu prêmios ou teve um livro independente bem escrito e bem vendido.
3 - Os riscos são muito grandes em publicar um autor desconhecido, e o custo é alto, por isso a maioria das grandes editoras opta por traduzir títulos que foram bem sucedidos no mercado externo pagando o investimento inicial e que tem o marketing pronto.
3 – O seu livro é muito longo (+ 120.000 palavras).
4 – As primeiras páginas não empolgam. Da primeira até a décima segunda página um conflito já deve ser instalado ou a essência da história delineada. Se fizer um prólogo muito grande e descritivo, adapte-o ao longo do livro.
5 – Os personagens são rasos, não tem muito contraste, são muito perfeitos ou são muitos – um exército deles.
6 – As conversas na verdade são palestras, "filosofamentos". Seu livro só tem diálogo, ou seja, ele é um roteiro não um livro. Não tem nada a oferecer ao mundo, seja este mundo os consumidores ou a sociedade.
7 – Excesso de rebuscamento ou de advérbios – principalmente depois dos diálogos. Exemplo:
- Está chovendo. – Disse ele soturnamente, com o olhar fixo e envilecido na fímbria da obscura e bruxuleante tormenta que se achegava.
8 – O cenário ofusca a história ou o conflito demora a acontecer.
9 – Não é o tipo de livro que está vendendo no momento.
A espera para receber uma avaliação do seu original é de aproximadamente 6 meses, nada impede que você o envie novamente depois deste período. Nunca encha o saco do editor/agente literário/escritor com cópias do seu livro sem que lhe peçam com antecedência. Na verdade, nunca encha o saco, se confia no que escreve não precisa disso.
PS.: Nenhum destes conselhos supera um bom QI.
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Quero Ser Escritor
NonfiksiQuero ser escritor é uma compilação das dicas que publiquei numa rede social fechada, onde tive contato com alguns jovens decididos a seguir a carreira.. Embora o livro esteja completo, à medida que incluir artigos no meu blog (https://claudiadu.wor...