Sentada na mesa do café, pedi a Joana que fizesse minha tapioca com doce de leite e colocasse em uma tupperware. Ela já sabia o jeito que eu gostava.
Meu pai já tinha conseguido me irritar logo pela manhã ao insistir que eu estivesse presente em mais uma inauguração da empresa.
Saco! Só o tempo em que gastei tendo de ouvir suas ladainhas daria para chegar até o Botafogo.
Ao ver meu lanche da manhã já alocado em uma vasilha, como pedi devido ao atraso desnecessário, agradeci Joana com um beijo no rosto e saí às pressas.
Não costumava ser imprudente no trânsito, mas na segunda-feira a primeira aula era da Ventura, e tudo o que eu menos queria era receber seu olhar de desprezo por ter chego atrasada.
Sai me deixando cantar os pneus apenas para irritar Alejandro, que eu sabia que nesse momento soltava um grito de fúria dentro de casa pelo meu ato, mesmo que eu não tivesse escutado. Isso foi o bastante para que um sorriso tomasse o meu rosto pela primeira vez no dia.
Segui pelas ruas impaciente. Percebi que não me dei o trabalho de colocar música no som do carro, então fiz isso ao parar no primeiro sinal. Cantarolei junto a música escolhida para espantar o mau humor à medida em que seguia e em breve, chegaria ao trânsito caótico de Copacabana.
Respirei fundo indignada que ainda não haviam feito rodízio nesse Rio de Janeiro como em São Paulo, e mesmo que eu tenha insistido pros Srs. Estrabão, os meus planos de morar sozinha e mais perto da faculdade foram negados com veemência.
Não sei a troco de quê, agora minha rotina consistia em todos os dias enfrentar esse caos.
Hoje até que não demorei a atravessar as margens de Copacabana, estranhando o fato, mas segui comemorando internamente por todos os abençoados que resolveram ficar em casa naquele dia.
Como me aproximava do Botafogo mais cedo do que o planejado, me deixei diminuir a velocidade e aproveitar o som que explodia dentro do veículo, eu não sabia dirigir com música ambiente e já tinha levado broncas por conta disso.
As ruas consideralvelmente vazias colaboraram para a melhora do meu humor. Continuava a acompanhar o ritmo da música, movendo o corpo despreocupada.
Ao adentrar uma das vias principais para a FGV, me deparo com uma santa placa de trânsito impedido.
- Ah... Puta que pariu! Não dá pra ser feliz UM dia se quer nessa cidadezinha. Que porra! - Exclamei para ninguém além de mim mesma. A raiva voltando com tudo ao meu corpo, incontrolável.
Tentei dar ré ao carro para manobrar, já pensando em que outro caminho seria possível pegar para chegar onde eu precisava. Buscando em minha memória um desvio alternativo para seguir. Devia ser mais uma daquelas corridas beneficentes, onde vários idiotas que não tinham o que fazer se reuniam em uma segunda-feira de manhã para correr na rua.
Sério, é segunda-feira!
Dei ré no carro e peguei a primeira saída que encontrei, apelei para o Waze, não sabia outros caminhos que dariam para chegar até onde eu gostaria. Abrindo o aplicativo, descobri que teria que dar uma volta enorme, quase voltando para perto de casa. Ou seja, chegaria mais do que atrasada!
- Que porra! - Bufei irritada. Fiquei alguns minutos estacionada olhando para os lados pensando no que eu faria. Desisti. Eu tentaria passar pelas ruas impedidas, nem que tivesse que implorar para os guardas abrirem só para que eu passe.
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REVOLUCIÓN
FanfictionKarla Camila Cabello Estrabão, nome de peso. 23 anos. Aluna do penúltimo ano de Ciências Administrativas na renomada universidade Fundação Getúlio Vargas, conhecida FGV. Com um futuro profissional promissor já traçado, só faltava à ela que pegasse o...