De volta em casa segui para meu quarto. Por sorte meus pais não estavam em casa para perguntarem o que tinha acontecido. Estava apenas na companhia de Joana, que me recebeu com um sorriso no rosto perguntando se eu tinha gostado do lanche. Concordei apesar de ainda não o ter comigo.Subi para o meu quarto rapidamente, ligando o ar condicionado. Coloquei uma roupa confortável e me joguei no colchão macio da cama já arrumada desde minha saída mais cedo.
Em meu celular, entrei rapidamente no Instagram e por um momento me deixei refletir em que maneiras eu poderia encontrá-la. A dona dos olhos verdes ocupava meus pensamentos desde o último segundo que pude observá-la seguir a multidão que acompanhava.
De início, tentei pelo Instagram da faculdade, ao ver o número de seguidores bufei frustrada. Nunca que a encontraria em meio a 170 mil pessoas... Não conseguia encontrar outra forma de localizar aquela mulher.
Pense, Camila...Se você fosse uma revolucionária encrenqueira, que tipo de conteúdo consumiria?
Após nada vir até meus pensamentos, joguei o celular na cama e deixei isso quieto. Afinal, eu não era de fato uma e não fazia ideia do que ela poderia se interessar. Desci para o almoço ao ser chamada pela senhora de meia idade que trabalhava em casa a séculos. Por sorte, meus queridos pais almoçariam fora naquele dia.
...
Pela tarde me preocupei em colocar dois trabalhos em dia. Já que não tinha conseguido ir à faculdade, pelo menos tentei otimizar minhas tarefas para tal. Por sorte na segunda-feira estava livre do estágio, adivinhem? Na empresa da poderosa família Estrabão.
Não podia reclamar das oportunidades que tinha, tendo um futuro garantido, as preocupações com minha carreira eram quase nulas apesar de ter meus próprios objetivos, me dando energia para me entregar somente em ser a melhor aluna da sala, como eu vinha fazendo.
Reconhecia que muitos ali precisavam se dividir em uma dupla jornada e trabalhar para se sustentarem ou ajudarem em casa. Ajudava como podia, conseguindo ótimos estágios para pessoas que se aproximavam de mim com esse interesse por saberem quem eu sou. Não era mesquinha ao ponto de negar algo assim, todos mereciam uma chance e quem eu coloquei em vínculo a empresa da qual meus pais eram sócios, vinham fazendo um excelente trabalho.
Abri a avaliação de logística para revisar e fazer os ajustes necessários, sendo interrompida por uma mensagem no Whatsapp que brilhava na tela. Peguei o aparelho para conferir de quem se tratava e na verdade era apenas algumas baboseiras de grupos de amigos. Poderia deixar para depois.
Me deixei visualizar por um momento minhas redes sociais, estava adiantada com os deveres relacionados aos estudos. Não ter ido pra aula até que me rendeu bons frutos. No aplicativo de fotos, vi que muitos curtiam meus stories postados ainda naquela manhã. Apesar das turbulências do dia, sempre tirava um tempo para servir meus seguidores com algum conteúdo, mesmo que supérfluo, sendo o do dia, uma simples foto do bando do meu carro.
Minhas redes eram, de fato, movimentadas. Carregar o meu nome também me trouxe isso como consequência. Todos gostariam de saber o que fazia no dia a dia a herdeira Estrabão. Sabemos o quanto o ser humano pode ser idiota as vezes. Eu me aproveitava disso.
Rolando a tela despreocupada, um patrocinado me chamou atenção.
"Roda de debate sobre a situação atual: Palestina x Israel. Às 18h da terça-feira. No anfiteatro do departamento social da UFRJ"
Dei risada do que tinha acabado de ler. Não é possível que só de chegar perto daquela manifestação e entrar na conta de uma Universidade pública, os algoritmos da estavam trabalhando com fervor. Você sabe que venceu Mark Zuckerberg!
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REVOLUCIÓN
FanfictionKarla Camila Cabello Estrabão, nome de peso. 23 anos. Aluna do penúltimo ano de Ciências Administrativas na renomada universidade Fundação Getúlio Vargas, conhecida FGV. Com um futuro profissional promissor já traçado, só faltava à ela que pegasse o...