Capítulo 4 - A Caneta Dourada

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Acho que estou começando a me acostumar com minha nova vida, ter um novo amigo mudou muito minha visão desse lugar, mesmo tendo que aceitar a imperfeição de meu destino. Sinceramente estou gostando um pouco, aparentemente nenhuma dor é pra sempre.

Saindo de casa naquela quarta feira cinzenta e nublada, acompanhado de minhas irmãs, que na verdade nem sinto que estão do meu lado, faço sempre a mesma coisa, às acompanho até o ônibus escolar, elas sentam no canto delas e eu no meu. Pode ser incomum para uma criança da minha idade, mas a melhor coisa que faço no meu dia é ir para a escola, lá onde encontro o Wesley meu único amigo nessa cidade. Já falamos de muitas coisas nossas experiências, medos, alegrias, projetos futuros, de fato com ele as coisas melhoraram muito na minha vida.

Assim que ponho o primeiro pé na escola, ele aparece sorridente, com o andar desengonçado, às vezes parece que os braços dele são maiores que o normal, é bem estranho. Uma coisa é bem complicada Wesley é bem maior que eu, me sinto bem pequeno perto dele, não sei por que, mas acho isso bem estranho.

– E ai tudo bem? – Me pergunta Wesley. Ainda sorridente, não sei por que ele está sempre tão feliz.

– To sim – respondo também expondo um sorriso no rosto.

– Nosso primeiro tempo está vago.

– Ótimo detesto matemática... Por mim a professora não precisa voltar tão cedo – digo dando uma leve gargalhada.

Wesley também começa a rir do que eu havia dito, estava sempre parecendo muito feliz. Assim como eu, ele veio de outra cidade e não tinha amigos na sala, maioria dos meninos da minha sala são uns brutamontes, falam de futebol, brigas e às vezes de drogas, as meninas são fúteis e ficam babando as idéias dos meninos mais populares, sendo assim tanto eu quanto Wesley somos praticamente invisíveis na sala.

Sentamos-nos em um banco um pouco destacados dos outros alunos, o que não me incomoda nem um pouco, por mim se não tivesse os outros alunos seria melhor ainda.

– Ah! Trouxe uma coisa para te mostrar – diz Wesley parecendo bem empolgado.

– Coisa que coisa?

Wesley tira uma caneta de sua mochila, era dourada com um pequeno símbolo de um tigre em sua ponta, era bem grossa parecia ter sido detalhada a mão.

– Essa caneta meu pai ganhou de um japonês, quando chegou em casa, ele deu ela para mim – me disse Wesley parecendo bem contente.

– Nossa... Ela parece bem legal – me mostrei impressionado mesmo não estando muito. De fato a caneta era bonita, mas não me encheu os olhos.

Eu e Wesley éramos sempre assim, ficávamos falando de coisas aleatórias como o tempo, objetos, aulas tudo menos de meninas e esportes, obviamente era um assunto que não éramos muito bons.

De tarde tivemos uma aula muito chata de história, sinceramente não entendo porque devemos estudar revolução francesa, eu nem moro na frança e nem pretendo ir para lá, mesmo que fosse, porque ficar sabendo de um assunto que aconteceu há tanto tempo?

Finalmente o intervalo, já não estava aguentando mais. Como sempre muita correria, até parece que se perde tempo de vida a cada minuto de intervalo gasto, eu e Wesley saímos juntos como sempre e já planejando as aulas seguintes, bem quando não temos muito assunto ficamos planejando as aulas. No meio do caminho me lembro que não trouxe o caderno, costumamos brincar de forca no intervalo.

– Hei, eu vou voltar na sala, tenho que pegar o caderno, se não vamos ficar sem forca.

– Ta bom! Vou guardar um lugar pra nós.

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